31.1.11

altos & baixos

Não me venham cá com histórias, isto é uma reacção em cadeia, para o bem e para o mal. Se ando pelas ruas da amargura o meu estômago só me pede festins de calorias e gordura, a casa tende para uma desarrumação sem volta a dar, a vontade para correr, saltar e nadar ronda o zero, e a vontade de me colar à tv aumenta. Se os dias são sorridentes não há garrafa de água que resista à minha sede voraz (podem estar 0ºC lá fora que eu morro de sede na mesma) e a fruta faz-me crescer água na boca, não tenho a menor vontade de ligar a televisão (excepção feita para ver um filme ou outro - ainda estou a recuperar do Black Swan que me deixou assim para o KO), lamento que a ginástica seja só duas vezes por semana e a vontade de cozinhar reaparece do nada.

26.1.11

digam-me que já vos aconteceu o mesmo, p'ra eu não me sentir uma ave rara (p'ra não dizer uma Barbie)

Manhã. Saio de casa, entro no carro. Depois de conduzir meia dúzia de metros, vejo-me no espelho retrovisor e "Oh diabo, esqueci-me do rímel!". Sinto-me despida, assim como se tivesse saído de casa sem calças. Penso de mim para mim que devo ter um na mala, não tinha. Sem pensar duas vezes vou até à próxima rotunda, faço meia volta e regresso a casa. Rímel posto, saio de casa e entro no carro.

mais coincidências não

É falar num filme daquela altura e, logo a seguir, tocar no rádio do carro a canção do tal filme. É pegar no telemóvel e ele dar sinal de mensagem nesse exacto momento. É reencontrar alguém daquele tempo por mero acaso.

Se isto não pára eu vou começar a acreditar que o destino me está a querer dizer qualquer coisa.

21.1.11

o meu desejo ficou em Macau

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(templo de A-Ma, Macau)

Deixei o meu desejo em Macau, na esperança de que os deuses orientais fossem mais meus amigos que os ocidentais. Na verdade, fiquei assustada com a velocidade a que o desejo se concretizou. Mas devia ter sido muito mais específica, porque na verdade o desejo que escrevi realizou-se, mas aquele que tinha verdadeiramente em mente era ligeiramente diferente.

o fim do silêncio

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(ilha de Lantau, Hong Kong)

Há palavras que vivem anos e anos nas entrelinhas. Sabemos que estão lá, mas ninguém se atreve a trazê-las para a luz da ribalta. Sobrevivem num tom de cinzento muito claro, quase transparente. Se não fixarmos muito os olhos conseguimos fazer de conta que não estão lá. Sabemos que estão, mas é mais fácil assim. E o mais fácil nem significa que seja mais feliz, mas muitas vezes preferimos não pensar e deixar o tempo correr e esquecer. Ou fazer de conta que esquecemos. Depois há um dia em que um pormenor sem importância faz alguém dizer o que já se sabia, mas que nunca tinha sido verbalizado, e tudo toma outra dimensão. Já não se pode (não há vontade de?) ignorar, já não se pode (não há vontade de?) desconversar.

o efeito do oriente

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Hoje tinha uma prova de fogo ao meu estado de felicidade e serenidade. Ou me aguentava à bronca e saía de lá ilesa e tranquila, ou lá se ia o estado zen por água abaixo e saía da reunião completamente abespinhada e a afiar as unhas na parede mais próxima. Parece que o efeito oriental se mantém. Não consegui controlar meia dúzia de sorrisos irónicos (mas se assim não fosse não era eu, era um vegetal), mas saí ilesa do confronto, e deixei a pressão do outro lado. Contentinha comigo própria.

uma amostra de Macau

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19.1.11

já estou por cá, que alegria, que felicidade

Antes apitava em todos os controlos nos aeroportos. Vá lá saber-se porquê agora já não apito, mas arranjam-me sempre alternativas ao estar ali tipo Cristo na cruz a ser revistada. Há uns tempos embirraram com o portátil. De toda a gente que estava na fila decidiram-me pegar em mim, levar-me para uma sala escondida (levaram-me prós calabouços, minha gente!) e passar o meu portátil a pente fino. Hoje, em Frankfurt, embirraram com a mochila. Resultado: revistadinha, não fosse eu estar a tentar passar droga ou coisas que o valham. Já no Porto, mortinha por sair do aeroporto, e perguntam-me:
- Vem de onde?
Oh que diabo, esta ainda não me tinha acontecido, mas que raio é que me querem agora? Estou há 16 horas metida em aviões, tenham clemência e deixem-me ir embora.
- Hong Kong.
- Faça favor de ir ao controlo alfandegário.
Claro, bem se vê que eu estou a traficar pérolas ou diamantes ou então que comprei mundos e fundos em Hong Kong.
A senhora começa a mexer na mala e só me sai um "Estava tudo tão arrumadinho!". Ela, que devia estar com tanta vontade de ali estar como eu ri-se.
- Comprou alguma coisa?
- Nada de especial... três carteiras.
Olha para o saco plástico que trazia na mão:
- E isso é o quê?
- Outra carteira.
- Quatro carteiras???
- Mulheres...
Riu-se e mandou-me embora. Menos mal.

17.1.11

:-)

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snif snif

Parece que amanhã já é dia de regressar e eu tão sem vontade.

Hong Kong é uma confusão, mas estranhamente é uma confusão onde me sinto muito bem e sossegada. Volto com as pernas e os pés feitos num oito, mas com o espírito leve. Macau trouxe-me tranquilidade (continuo a achar que sou muito mais Macau que Hong Kong) e boas recordações sem saudosismos tristes. Macau também me vai ficar na memória por ter sido o sítio onde, inesperadamente, me fizeram a declaração de amor mais bonita e mais sincera de sempre (nada a ver com a viagem, mas era aqui que estava), me esqueci do cansaço e fiquei de sorriso parvo na cara.

E agora vou ali aproveitar as últimas horinhas. Não me apetece ir embora.

11.1.11

ora então até daqui a pouco, em Hong Kong

máquina digital - check
polaroid - check
filmes para a polaroid - check
olho de peixe para o telemóvel - check
impressora polaroid - check
portátil - check
disco externo - check

Ok, mala feita.

9.1.11

sem net em casa desde ontem

Suores frios e garganta seca. As tremuras devem estar a aparecer. Vale-me o telemovel para atenuar a ressaca. humpffff

6.1.11

vocês são tão bons a opinar que eu não resisto: help! help!

A dois dias do fim do ano, no café do costume, vêem um conhecido (um conhecido giro, informação adicional e relevante!). Lançam o olhar na direcção do moço, na tentativa de que os olhares se cruzem e lhe possam desejar um bom ano. Ele nem repara que vocês lá estão.

Cinco minutos depois, recebem um mail em que o moço deseja bom ano e diz que vos queria ter dado um beijo e desejado bom ano no café, mas que como estavam acompanhadas e ele é tímido (no mail o "tímido" vinha seguido de reticências; informação importante, que nós somos mulheres e sabemos que há diferenças abismais entre um ponto e três pontos!), optou pelo mail e pelo beijo virtual.

Preciso de explicações sobre as atitudes do sexo oposto. Mas custa muito dar dois passos e dizer "Bom ano"?

oh yeah!

Que um blog também serve para se darem pulinhos de alegria, e não apenas para carpir as mágoas de cada vez que uma desgraça nos faz esfolar os joelhos na gravilha.

tururu turururu tururu

Ah, que bela notícia antes de ir espairecer para longe!

2011, toma lá um beijinho repenicado: schuack! Agora é continuares a portar-te bem, aninho fofinho ainda só com 6 diazinhos!

help! help!

Digam-me de vossa justiça (sim, vocês os 3 que aqui passam de vez em quando!):

Menino aparecia como casado no FB e entretanto a condição de casado desaparece. Não aparece outra informação sobre o estado civil a substituir a anterior.

O que quererá isto dizer?

o meu sexto sentido nunca falha

Se há coisa que não me falha é a intuição. Eu é que teimo em ignorá-la.

Vamos lá ver se é este ano que cumpro a resolução de ano novo de lhe dar ouvidos.

4.1.11

10 anos

Caíram-me agora em cima com o peso que têm. Andava demasiado distraída com viagens, templos e caracteres que não entendo, para me lembrar que este ano faz 10 anos. E agora, sem mais nem menos, reparei que passaram 10 anos. Estes números redondos caem-nos em cima como pedregulhos. 10 anos. Não me lembro do que comi hoje ao almoço, mas lembro-me da saia que vestia naquele dia, do colar, das sandálias e de tudo o resto. Costumo ter feelings certeiros sobre os outros e sobre mim nada de nada. É como se a bola de cristal ficasse nublada assim que me tento ver nela. Mas desta vez ando com uma sensação forte de que os próximos tempos vão ser decisivos. Não sei se para o bem se para o mal, mas que há algo ali ao virar de uma esquina qualquer, há.

em contrapartida,

para onde foram os meus caracolinhos?

snif, snif

oh meu deus!

Mas por que raio de razão me havia de dar para pegar nos álbuns de Hong Kong? Mas que calças horrorosas eram aquelas?* Mas como é que a minha mãe me deixou sair de casa com aquilo nas perninhas? Oh meu Deus, oh meu Deus! Como é que hoje podia ser uma pessoa normal depois de ter andado em público com umas calças que parecem feitas de pano de colchão?

*a verdade é que a minha mãe me dizia que as calças eram assustadoras, mas eu insistia. Quem consegue demover uma adolescente teimosa de andar na moda? God...

3.1.11

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O ano não começou com gargalhadas, nem com mais sorrisos que o normal. Não sei se é por Hong Kong estar a uma semana de distância, ou se as razões são outras, mas anda uma certa nostalgia no meu ar. Não acredito que certas coisas acontecem por uma razão. Mas acredito que podemos valorizar mais ou menos certos acontecimentos e dar-lhes mais ou menos significado. Voltar a Hong Kong nesta fase foi um acaso, mas foi um acaso que vou aproveitar o mais que puder. As memórias das duas viagens a Hong Kong são memórias felizes e divertidas do fim da adolescência. São memórias de amizades, de muitas noites sem dormir, de madrugadas inesquecíveis, de uma paixão inconsequente e de um amor platónico para a vida. Hong Kong naquela altura foi mais as pessoas que foram comigo do que a cidade. Mas Hong Kong também é a memória de uma pessoa que já não sou há muito tempo. E, embora neste momento esteja mais do que bem comigo, não sei que estragos ou que surpresas agradáveis me trará voltar a um lugar em que fui tão feliz e em que fui quem já não sou.