21.2.15

o melhor chá é italiano

Eu sei, é estranho. Estando em Itália esperava-se que eu me rendesse às pizzas, ao risotto, à pasta e à lasanha, mas a verdade é que foi o chá que me seduziu. Todos os chás da Blend Tea são fabulosos, mas o de amêndoa é uma espécie de néctar dos deuses. Parece que a sede da empresa fica a poucos quilómetros da minha casa, mas ainda não consegui dar com ela. Vou fazendo encomendas online, depois de, por mero acaso, há já mais de um ano, ter bebido um chá desta marca num café cá do sítio. Em Portugal fiquei surpreendida por os ver à venda na El Corte Inglès, já que em Itália não os encontro em lado nenhum. Felizmente existe a loja online, o que me deixa feliz agora e me continuará a deixar a deixar de sorriso nos lábios depois de ir de Itália sabe-se lá para onde.


mudanças

Nunca eu pensei dizer isto antes, mas se pudesse não voltava ao trabalho tão cedo. Sempre imaginei que depois de alguns meses muito me agradaria voltar ao trabalho, mas a verdade é que por mim ficava com o bebé a tempo inteiro (um emprego a tempo parcial também seria uma óptima opção) durante os primeiros anos. Dou comigo a pensar mas quem sou eu e em quem me transformei? Sim, esta fase é dura: acorda, chora, quer comer, já não quer, adormece enquanto come, não adormece quando devia, noite passada em branco, aerossóis, nariz entupido, respiração atabalhoada, arrota, não arrota, bolça e suja a roupa toda pela terceira vez em duas horas, lava roupa, passa roupa, veste, despe, come a correr e à vez, vai à casa de banho menos vezes que o habitual, fica em clausura em casa semanas seguidas, toma banho em velocidade record, vestir enquanto se abana a espreguiçadeira, pôr rímel com o bebé ao colo, dores nas costas... muitas, e, no entanto, prolongava estes dias do demo se pudesse.

20.2.15

um ano depois

Há um ano estava grávida e deixaria de estar poucas semanas depois. Estive grávida três vezes. Tenho um filho. Cada um lida com a sua dor da forma que melhor sabe e pode. Há quem diga que tem estrelinhas no céu. Isso nada me diz, talvez por não acreditar nesse tipo de céu. Este tempo todo depois, e também depois do sonho concretizado, continuo a achar que lidei com tudo isto da melhor forma. Não fui abaixo, não desisti, corri atrás do que queria e, à terceira, fruto do acaso ou de uma biologia mais feliz, a coisa deu-se.

Nunca pensei em desistir, mas a dada altura tive receio que aqueles poucos meses de desilusões fossem apenas o início de uma caminhada dolorosa e sem fim. Não escrevo longa propositadamente porque a minha idade já não permitia que o fosse, mas poderia ser um percurso penoso sem que o objectivo fosse atingido. Nunca houve um plano para o que faria se a terceira gravidez não fosse avante. Em todo este processo fui vivendo os dias, saboreando as pequenas vitórias feitas de corações a bater e poucos milímetros de gente e respirando fundo quando a derrota se dava. 

Não há uma fórmula para lidar com os abortos, e muito menos para lidar com os abortos de repetição. Encontrei a minha forma de lidar com eles, de seguir em frente e continuar a viver feliz, mas cada uma de nós é diferente. Contei a quem me rodeava o que se ia passando, conheço outras mulheres que guardaram para si a realidade e a dor. Não me revejo nessa forma de estar (preciso que a dor expluda em palavras para me libertar), mas aceito que essa seja a melhor maneira de superar a dor para outras pessoas.

Sorrio quando penso em tudo o que aconteceu de há um ano para cá: uma segunda desilusão, maior que a primeira, e um filho perfeito deitado agora, aqui, à minha frente. É o maior cliché de todos, mas o tempo faz efectivamente milagres.

consegui!

O capítulo foi submetido, apesar das últimas noites terem sido das mais curtas dos últimos dois meses. 

14.2.15

vai mesmo haver livro!

Agora estou para ver como é que preparo tudo o que é necessário para que haja livro em breve quando nem tempo tenho para o básico do dia-a-dia. Bom, na verdade tenho que admitir que já consigo tomar o pequeno-almoço com algum sossego (ainda que de vez em quando só tenha uma mão livre), consigo tomar banho sem grandes preocupações, consigo fazer o almoço (embora de vez em quando comece a pôr a mesa às 10 da manhã para aproveitar a paz enquanto o rebento dorme e me dá liberdade de movimentos) e vou conseguindo fazer outras tarefas. O miúdo ainda nem dois meses tem, acho que não vamos no mau caminho.

Bom, voltando ao livro: ele aparecerá por aí algures daqui a uns meses, quando não se sabe que este é um parto sem tempo-limite.

1 mês e 20 e tal dias de pequeno panda

Já temos mais de 5 quilos de gente a viver connosco, e os meus braços e as minhas costas confirmam-no ainda mais do que a balança. O olhar do Miguel está mais atento e mais focado e começa a emitir uns sons diferentes. Dorme mais tempo seguido (azar dos azares: especialmente durante o dia) e já é capaz de ficar acordado, deitado na espreguiçadeira, a olhar para algures (os tectos, quer tenham luzes quer não tenham, exercem sobre ele um estranho fascínio) sem chorar nem reclamar. Quer tenha fome quer não tenha, é rara a refeição em que não decida chorar, o que nos obriga a comer à vez (raio do miúdo que é arrevesado como os pais, estamos tramados). Desconhecidos, quer aqui quer em Portugal, metem-se connosco por causa dele, de modo que começo a acreditar que o miúdo é mesmo giro aos olhos de todos, e não apenas aos meus. Até ele nascer achava que os recém-nascidos eram todos basicamente iguais e pouco bonitos (achava que eram mesmo feiinhos, vá, e que alguns com o tempo melhoravam, outros nem por isso, e se mantinham naquele estado de fealdade até à idade adulta). Sou agora obrigada a dar o braço a torcer e a admitir que há recém-nascidos sem aquele ar vermelhusco, enrugado e frágil e tive a sorte de me sair um desses na rifa.

do lado de dentro


(tirada da janela de casa, que para já não dá para mais)

Estou numa espécie de cativeiro. Os dias são ainda demasiado frios (há já uns bons dias nevou a sério e a neve continua presente) e incompatíveis com um bebé de poucas semanas. Ora, se o rebento não pode sair de casa eu também não tenho como. Estamos os dois fechados em casa desde que ele nasceu, excepção feita às saídas para ir às consultas e à ida a Portugal (onde também tivemos um azar desgraçado com o tempo e também não tivemos grandes oportunidades para arejar). Seria totalmente diferente se fosse Primavera e pudéssemos sair de vez em quando, nem que fossem só 15 minutos para irmos ali ao lado ver o lago. Pensamento positivo: quando o tempo alegrar já o bebé será mais crescido e poderá também ele desfrutar do lado de fora da casa.

Mas, por agora, este afastamento do mundo custa um bocadinho. Já estaria afastada do meu mundo por estar noutro país, mas neste momento estou afastada de quase tudo (valha-me a internet).

meio caminho (na verdade é o caminho todo) para deixar de ler um blog

Ter apenas um post visível na página inicial. Estas estratégias para ter mais pageviews levam-me todo o interesse para um sítio bem distante.

momentos

O melhor dos meus dias é aquela meia hora de manhã em dormimos abraçados. Tu choramingas sem convicção e eu sei que não é fome. Trago-te para junto de mim, abraço-te e ficamos ali, só os dois, num momento só nosso.

10.2.15

nem tudo é sorridente na maternidade

Preciso seriamente de voltar a fazer exercício. Não, não é por causa do meu peso (menos 4 quilos do que quando engravidei), mas a barriga precisa de ser tonificada e eu preciso de me esticar. Sinto-me entrevadinha e tenho dores nas costas (nunca tal tinha tido). Parece que os 60 anos baixaram sobre mim de um mês para o outro: o lado B da maternidade. 

aleluia! aleluia!

Finalmente, às 6 semanas, o mini-panda começou a dormir mais de 10 ou 15 minutos seguidos! Uma hora seguida a dormir durante o dia, o que significa que tive uma hora inteira para as minhas tarefas, que é como quem diz lavar a loiça, pôr roupa a lavar, estender roupa e ainda deu para fazer a cama e passar a ferro 2 ou 3 coisas. No dia em que o rebento dormir duas horas de seguida quem sabe não consigo actualizar decentemente o blog!

5.2.15

e se o blog se transformar em livro?



Quando vi este caderno não resisti a comprá-lo por uma razão muito simples: o livro a partir do blog anda a ser pensado há uns meses. Avanço?

4.2.15

dicas sobre as cólicas

- andámos à cata de água com um valor baixo de sódio. Acabámos por encontrar uma água toda selecta. Comprámos a dita cuja. Um destes dias peguei numa garrafa de água do Carrefour que andava lá por casa e analisei o rótulo: é a água com valor de sódio mais baixo que encontrámos até agora! Passámos a fazer os biberões com água do Carrefour;
- mudámos para um leite anti-cólicas. O leite fica mais espesso do que os leites normais, tivemos que mudar as tetinas porque as normais entupiam;
- comecei a dar chá da Nutribén ao pequenote duas vezes por dia, diluído no leite.

Parece que as cólicas diminuiram consideravelmente e deixou de ser necessário estimular o rebento com o cotonete.

notas de Aveiro

Itália, aquele país civilizado onde no controlo de segurança no aeroporto de Malpensa, em Milão, não há uma fila especial para pessoas com bebés e crianças. Sítio para trocar fraldas também é coisa rara. Cada vez gosto menos da forma como este país machista trata as mulheres e as famílias. Tirando estes pormenores (que são reveladores de uma forma de pensar e estar vincada) a viagem correu bem. Devíamos ter ido directamente de Milão para o Porto, mas fomos obrigados a fazer uma paragem em Toulouse (já não me recordo do último voo da TAP que correu como o esperado). Quando soube disto stressei ao pensar no bebé, mas a verdade é que ele se deve ter sentido embalado pelo movimento e pelo som do avião e dormiu o tempo todo. As cólicas não o atacaram e a viagem foi mesmo um sossego.

Ainda me estou a habituar ao novo ritmo da vida. Faz-me confusão que agora tudo demore o dobro do que demorava antes. Talvez isto com mais algum tempo e mais alguns ajustes melhore. A ver vamos.

Andava mortinha por trincar um pão da avó, mas a verdade é que estou na minha cozinha (de quase sempre) a olhar para o chão molhado e agora banhado pelo sol enquanto como uma espécie de bolo de aveia acabado de fazer no microondas. Se calhar não tinha saudades do pão da avó, mas antes do seu significado - estar em casa.

No Sábado almoçámos no sítio onde almoçamos sempre pela primeira vez quando voltamos. Os crepes souberam-nos a casa e sossego. O pequeno Miguel colaborou e dormiu de barriga cheia enquanto nós saboreávamos os nossos crepes preferidos e enquanto eu bebia lentamente, e muitos meses depois, champanhada. Achava eu que um só gole me faria ficar alcoolicamente alegre, mas parece que sou mais resistente do que imaginava.

Os avós não se cansam de olhar e pegar no neto e há um misto de alegria e tristeza no ar: todos sabemos que esta felicidade desmesurada termina daqui a uns dias. Estando aqui agora já dei comigo a pensar se o melhor não seria tentarmos voltar para não ceifarmos o contacto avós-neto. Talvez seja um pensamento passageiro, talvez me passe assim que entrar no avião de novo ou assim que entrar na casa italiana. É esperar para ver.