8.4.16

o segundo filho

Tudo se começa a tornar verdadeiramente real. Fui à caixa da roupa de 0-3 meses do Miguel e seleccionei aquilo que é possível usar quando o J. nascer. O Miguel nasceu no pico do Inverno, o J. nascerá (se tudo correr como o esperado) no pico do Verão, mas ainda assim há uma série de peças que é possível reutilizar. O pai acha que o J. tem necessidade de ter muita roupa nova, que não pode ser um infeliz que só usará roupa em segunda mão. Eu sou bem mais prática. Para já tudo o que puder usar do irmão, usará. Deixemos esse tipo de preocupações para mais tarde, para quando o próprio J. tiver noção do que veste.

5.4.16

adeus segundo trimestre!

No último dia do segundo trimestre ultrapassou já as 800 gramas e mede mais de 30 centímetros. Todas as medidas estão na média e tudo o que era suposto ver-se está lá. Eu estou óptima, a gostar de estar grávida, o que é quase uma novidade para mim. Sinto-o constantemente e essa é mesmo uma das melhores sensações que é possível ter. Peso mais 4 quilos do que quando engravidei e daqui a uns dias irei repetir a análise para despistagem dos diabetes. A torcer para que não dêem sinal de si, mas se isso acontecer já não será tudo novidade e sinto-me mais informada para o que se segue.

há 2 anos

Ispra, Itália

Há dois anos, neste mesmo dia, tirei esta foto. Fazíamos caminhadas de fim de tarde junto ao lago, porque ficarmos fechados em casa não era opção. Estava no rescaldo do segundo aborto, com a certeza de que queria fazer tudo o que me fosse possível para que ter um filho não se ficasse pelo sonho, mas o receio de que à terceira não fosse de vez estava presente. Nem sequer sabia se chegaria a haver uma terceira gravidez. Tinha levado meio ano a engravidar pela segunda vez e tudo estava no campo das incógnitas. Não podia saber que nesse mesmo mês voltaria grávida de Hong Kong e que dois anos depois este seria o meu último dia do segundo trimestre da minha quinta gravidez.


4.4.16

eu e as lojas

Bebé a dormir a sesta (finalmente faz sestas que duram mais de uma hora!) e eu a editar fotos e a colocá-las no site da loja.

Esta não é a minha primeira loja online. Há mais ou menos 10 anos, aventurei-me, quase sem dar conta, pela primeira vez. Não tive a primeira loja a nascer num blog, mas não terei andado muito longe disso. Nessa altura foi tudo muito amador, muito feito sem pensar no que estava realmente a acontecer e sem ambição. O "Vento na Praia" ficou-me na memória e no coração. Foram muitos meses sem tempo para quase mais nada. Fazia as peças de bijuteria à noite. Madrugava para as fotografar com aquela luz clara que só as manhãs têm. Editava as fotografias e publicava-as no blog-loja. Saía de casa e ia trabalhar. Durante o dia ia respondendo aos mails de dúvidas e encomendas, enquanto roubava uns minutos ao trabalho a sério. Ao fim do dia voltava a casa, embalava as encomendas e corria até aos correios que fechavam às 19. À noite recomeçava o ciclo e fazia peças novas. Combinava as contas nas palmas das mãos. Na maior parte das vezes perdia mais tempo a experimentar combinações de cores e materiais do que a fazer as peças propriamente ditas. Gastava muito tempo a pesquisar materiais novos e era obrigatório fazer uma pesquisa de "bead shops" onde quer que fosse. A loja, que começou como brincadeira, cresceu e dei comigo a enviar peças para todos os continentes e a ter peças minhas à venda em lojas da Coreia e do Japão. Apareci na TV, em jornais e revistas. Uns meses depois não resisti a abrir uma loja real (a Lollipop), em sociedade, e experimentei a outra dimensão de ter uma loja. Foram meses sem tempo para respirar, sem fins-de-semana, sem jantares prolongados, a entrar em casa sempre depois da meia-noite (sim, a minha loja real tinha um horário bastante alternativo) e foram meses dos quais guardo excelentes recordações. Depois, dada a dimensão do "Vento na Praia", vi-me obrigada a ter que optar entre a minha vida profissional a sério e a bijuteria, pela qual me tinha apaixonado verdadeiramente. Escolhi o meu primeiro amor e como não sei fazer nada assim-assim, achei que era tempo de o "Vento na Praia" desaparecer. Ficaram as recordações e o bichinho, que agora volta a dar sinal de si, ainda que de forma completamente diferente.

2.4.16

25 semanas e uma loja :D

Tanta coisa que podia escrever por aqui, mas o tempo (ou a falta dele) não me me deixam. Há umas semanas voltei a sentir-me eu. Eu, a pessoa que existia antes de ser mãe com uma série de ajustes feitos após a maternidade. Não voltei ao ponto de partida (não sei se alguma mulher mãe volta), mas voltei a sentir-me eu, bem comigo própria, com o meu novo ritmo e a minha nova noção de como gerir o tempo. Não há tempo para tudo o que gostaria, nem há tempo para tudo o que havia antes, mas há tempo bem gerido e muito bem passado. Precisei de mais de um ano até atingir o meu novo ponto de equilíbrio, que na verdade daqui a umas semanas voltará de novo ao tapete!

Continuo a ser mãe a tempo inteiro (quem diria há não muito tempo que me sentiria bem nesta pele?), decidi que este tempo era meu - nosso - e que o deveria ocupar da forma que me  - nos - fizer sentir melhor. Afinal esta é uma fase que não sei quando terminará e que dificilmente se tornará a repetir. 

Já ultrapassei as 25 semanas de J., mais uns dias e entro no 3º trimestre (glup! O que aconteceu desta vez? O tempo acelerou e eu não me apercebi?). Estamos bem: ele crescido, eu pançuda. Ainda não preparei nem comprei mais nada para o rebento (OK, confirmam-se as teorias sobre o segundo filho!). Ando numa descontracção sem igual, a achar que ainda falta muito para o nascimento e que há tempo para tudo e mais alguma coisa. Na verdade, e apesar da barriga de 6 meses, continua a parecer-me algo irreal estar grávida de novo, de modo que ainda mais irreal me parece que um destes dias tenha de novo um recém-nascido em casa. A não ser que algo saia do fio condutor definido quero repetir a receita anterior: bebé nasce em Itália, vimos para casa e a vida continua como será a partir daí - a quatro. Não quero cá mais ninguém, não quero visitas nem ajudas vindas de Portugal. É loucura? Talvez seja, mas a verdade é que vamos ter que nos desenrascar a quatro daí para a frente, por que não começar logo do dia um do nosso novo mundo? Ter cá alguém estranho (ao ambiente, ainda que próximo) causaria, do meu ponto de vista, mais entropia do que outra coisa qualquer, de maneira que vou ser louca pela segunda vez (já que da primeira correu bem) e acreditar que daremos conta do recado sozinhos.

Na verdade, a minha descontracção é tanta que decidi pôr em marcha uma ideia com mais de um ano. Descobri algum tempo depois de engravidar, e confirmei depois de ser mãe, que a maior parte da roupa para recém-nascidos que se vê por aí não me cativa. Não a acho prática, nem bonita, nem particularmente interessante em termos de design nem de materiais. Daí a ter vontade de dar a conhecer aos outros, e a vender, o que realmente me agrada foram meia dúzia de passos. Depois decidi ter juízo e ficar quieta. Pois que assim que me comecei a sentir bem comigo esta ideia me começou de novo a povoar os pensamentos. E, como eu ainda sou quem era, dada a decisões tomadas num abrir e fechar de olhos, de um dia para o outro decidi que haveria mesmo loja online a vender roupa de bebé prática, bonita, de qualidade, e sem estilo rococó. Ando nisto há umas semanas, a tratar completamente sozinha das várias frentes da coisa. Habemus formalidades tratadas, site a avançar, encomendas feitas e mini-roupas já a chegar. Mais umas semanitas e eis que nasce a loja, ainda antes do J.!