7.12.16

ainda aqui venho de vez em quando

Os dias são feitos de cansaço, correria e algum desnorte. Depois ouço o Miguel a bater palmas deitado na cama, quando supostamente estaria a dormir a sesta há um bom tempo, e tenho que me rir. O cansaço desaparece com estes pequenos nadas: uma palavra nova, uma atitude inesperada, um sorriso que nos desarma. Quase de certeza que este é o melhor tempo da minha vida: estou em casa com os dois pequenos seres que me preencheram a vida enquanto eles próprios transbordam de vida e espanto. Esta é uma fase sem viagens, quase sem liberdade, sem tempo para mim, sem tempo para nada para além de cuidar deles. É uma fase dura, dolorosa mesmo. Eu era feita de trabalho, escrita, viagens, fotografias e compras. Sobra tão pouco dessa pessoa. Não sei se algum dia voltarei ao ponto de partida. Aliás, sei que não voltarei, sei que continuarei a vibrar com viagens, com a fotografia e com a escrita. Não sei de que forma encaixarei tudo nesta nova vida com dois filhos.

Hoje sou uma pessoa melhor do que era há três anos. Sou melhor mãe agora do que quando era só mãe do Miguel. A maternidade amaciou-me, mostrou-me perspectivas da vida e das pessoas que desconhecia. A maternidade, e o meu afastamento do mundo das pessoas "normais", fez-me ver o mundo com outros olhos. Há dias difíceis, em que há mais birras, em que não dormem, em que o maior não quer comer, em que o mais novo faz cocó até às orelhas vezes sem conta. Nesses dias anseio por aquele bocadinho de noite a seguir ao jantar em que o tempo é apenas meu e sinto que cada dia deviam ser dois: um para cuidar deles, o outro para (cuidar de) mim. Noutros dias dou comigo a pensar que não fossem os constrangimentos financeiros e era louca o suficiente para ter um terceiro filho. Detestei estar grávida do Miguel e agora tenho saudades e dói-me saber que é algo irrepetível. 

Vou acabar de aproveitar este bocadinho de dia só meu :)

9.11.16

reflexos da vida no carro

Tinha um carro de 3 portas. O Miguel nasceu e eu fui teimosa, continuei com um carro de 3 portas. O João nasceu e o carro não mudou. Fiquei uma semana sozinha com os 2 bebés e um carro de 3 portas. Era um tal de me torcer e retorcer para pôr o ovo e o Miguel-quase-sempre-endiabrado no banco de trás que assumi a derrota. Hoje foi o dia em que passei a ter um carro familiar.

7.11.16

a minha vida é isto 2

Houve um tempo em que gostava tanto de colares e pulseiras que criei uma loja de bijuteria artesanal. Hoje não uso colares nem pulseiras e tenho uma loja de roupa de bebé.

a minha vida é isto 1

Houve uma fase na minha vida em que circulava pelo mundo e mudava de hemisfério com total liberdade. Hoje tenho dificuldade em conseguir ir à casa de banho.

2.11.16

estamos vivos e de boa saúde!

Ontem comecei a escrever um post. Depois já não me recordo do que aconteceu, mas o João deve ter ficado com fome ou o Miguel decidiu fazer uma birra e o post ficou a meio e nunca mais me lembrei dele. Hoje tinha um comentário a perguntar por nós e achei que era hora de dar sinal de vida :)

Estamos bem. Ou melhor, os bebés estão bem, eu estou cansada (assim a roçar o exausta) e o pai acabou de se mudar para outro país. Em breve vamos nós também.

O Miguel é uma pequena peste adorável. Testa os nossos limites a cada minuto do dia. Tem um sorriso maroto delicioso, diz "não" a toda a hora, adora o escorrega e adora brincar na rua. Faz birras minuto sim minuto não, raramente come decentemente, detesta tomar banho, detesta trocar a fralda e adora brincar com os gatos da avó. Ainda não fala muito, mas faz-se entender sem dificuldade e compreende tudo.

O João já fez 4 meses, está comprido e rechonchudo. Desta vez a amamentação está a correr bem e vamos até aos 6 meses em exclusivo. Adora mamar e dormir ao colo. Gosta de brincar e já agarra alguns brinquedos. Faz arrrr a toda a hora e tem um sorriso doce e maroto.

Eu estou exausta. Ter dois bebés em casa tem tanto de maravilhoso com de esgotante. Acredito que em poucos meses irá melhorar, que me irei sentir menos cansada e poderei gozar mais os meus bebés. Para já é maravilhoso, mas a sensação de que não consigo dar aos dois a atenção que ambos merecem está sempre presente.

Vou tentar dar notícias mais frequentemente. Entre os bebés e a loja não sobra grande tempo e o cansaço, para já, é imenso, mas tenho saudades de escrever!

22.8.16

3 anos

20 meses de um, 2 meses do outro e daqui a uma semana estaremos por aí, algures, a caminho de Portugal. Desta vez o carro que temos que levar de volta para Portugal substituirá o avião. Uma longa viagem a 4, que sabemos que será dura, mas não conseguimos imaginar até que ponto. Havemos de sobreviver. Sobrevivemos a (quase) tudo, essa é a verdade.

Por estes dias empacotam-se 3 anos de vida em caixas e mais caixas e ainda assim o mais importante fica de fora. Um dia dizemos que sim a um mail que nos propõe um emprego noutro país, uns meses depois entra-se num avião com 2 malas na mão e seria impossível imaginar que 3 anos depois sairia de Itália casada e com dois filhos. O propósito que me trouxe a Itália, o trabalho, deixou de ser relevante e o meu mundo já não é o de há 3 anos. Voltamos por umas semanas para Portugal, para a casa que era só minha e que agora terá 4 habitantes. O que fazem 3 anos...

3.8.16

contagem decrescente e falta de paciência

Estou a menos de 1 mês de ir embora e estou mortinha por virar costas a Itália. Já estamos na fase das despedidas, de sabermos que nada de relevante irá acontecer entretanto, e eu não tenho grande paciência para tempos mortos. Por mim ia embora já hoje. Estou cansada. E mais cansada fico com o calor que nos derrete mais um bocadinho a cada dia que passa, com as burocracias italianas e com todas as outras italianices a que não me consegui habituar nestes 3 anos e tal. Apetece-me um bocadinho de colo da família (dou tanto, também tenho direito a receber um bocadinho, não?), apetecem-me os pasteis de nata da Costa Nova, apetece-me polvo, cozido à portuguesa, apetecem-me praias à séria com areais a perder de vista (estas praias de relva não me convencem), apetece-me o mar que deixa o sal em cima de mim depois de secar (nadar em água doce não é a minha praia!), apetece-me voltar ao ninho por mais de meia dúzia de dias que passam a correr.

pensamento recorrente dos últimos dias

Mas como é que me podia sentir cansada quando tinha só uma mini-criatura em casa?

(sim, eu sei que quem tem 3, 4 ou mais se está a rir de mim neste momento)

29.7.16

sobre o peso

Nem tudo o que se relaciona com gravidez poderia ser difícil pelos meus lados: uma semana depois do João nascer tinha voltado ao meu peso pré-gravidez, embora ainda com uma barriguita flácida a dar de si. Um mês depois nem peso nem barriga. Não durmo decentemente, não descanso, lido com as birras constantes do Miguel enquanto o João mama, falta-me tempo para quase tudo, mas vá lá... não tenho razão de queixa quando me vejo ao espelho. É algo insignificante, mas nesta fase não é: há algo em que eu continuo a ser eu.

28.7.16

nova vida

Dormem os dois. Silêncio pouco habitual em casa, só entrecortado pelo barulho da ventoinha (o verão aqui é a sério).

Hoje encaixotei os primeiros pertences. É estranha esta sensação de embalar 3 anos de vida em meia dúzia de caixotes e partir de novo rumo ao desconhecido. Vim para Itália com 2 malas cheias de roupa, livros e máquinas fotográficas. Vou embora com 2 filhos, o resto é irrelevante. Está quase a terminar o tempo da pior experiência profissional que já tive e estou também a dizer adeus ao país que viu nascer os meus 2 filhos. Itália não me deixa saudades. Continuo a achar que é um país excelente para férias e um péssimo país para viver. Tive más experiências pessoais e profissionais com italianos, mas também as tive por cá com portugueses filhos da mãe e a quem desejo tudo o que merecem. O que interessa agora é que daqui a um mês e pouco estarei de férias em Portugal, poderei levar o Miguel à praia, poderei comer o cozido à portuguesa que bem me apetecer (existem desejos pós-gravidez?), poderei recarregar baterias de paciência e sossego, para daí a mais umas semanas rumar a novo destino, nova cultura, nova língua. Nova vida.

25.7.16

1 mês já passou e faltam 5 semanas

Não sei como é que isto aconteceu, mas já passou 1 mês. O João já fez 1 mês! Parece que nasceu há 2 ou 3 dias e afinal um mês já se foi. 

Daqui a 5 semanas estaremos a caminho de Portugal, depois do adeus definitivo a Itália. Estamos em contagem decrescente e ainda há tanto para fazer: formalidades a tratar, tralhas que não queremos levar para vender, embalar tudo o que será enviado para Portugal ou para o nosso novo destino, e tanto tanto mais.

A viagem vai ser uma verdadeira loucura. Temos o carro português para levar, de modo que desta vez o carro substituirá o avião. Itália-Portugal de carro, 2 dias de viagem, 2 bebés, 2 adultos, quase sem bagagem (os bebés ocupam tanto espaço que não deixam margem para malas). We will survive... espero eu! :D

22.7.16

3 anos

A 22 de Julho de 2013 estava internada para fazer a primeira curetagem.
A 22 de Julho de 2014 estava grávida do Miguel.
A 22 de Julho de 2015 estava grávida, mas ainda não sabia. Deixaria de estar poucas semanas depois.
22 de Julho de 2016: o João faz 1 mês, o Miguel faz 19 meses. 

17.7.16

amamentação - é desta!

Amamentei o Miguel durante muito pouco tempo. Estava preparada para ter dores ao amamentar. Estava preparada para uma subida do leite dolorosa. Não estava preparada para que o meu filho não aumentasse de peso e a amamentação ficasse pelo caminho. Sempre me senti "eu" durante toda a gravidez do Miguel e no pós-parto também, não senti que as hormonas tivessem tomado conta de mim, excepto no dia em que tive que abrir uma lata de suplemento e preparar um biberão. Nesse dia chorei baba e ranho. Estava a fazer o que me era possível na altura, mas a sensação de estar a falhar  e de não estar a dar ao meu filho o que ele merecia tomou conta de mim. Depois, quando vi o ponteiro da balança a subir, confirmei que dada a situação estava a fazer o que era correcto e até encontrei vantagens em lhe dar leite adaptado (não ter que ser sempre eu a dar-lhe o biberão era uma delas), mas fiquei sempre com um travo amargo na boca. Senti que se estivesse em Portugal saberia onde me dirigir para procurar ajuda, e que estando longe estava um pouco perdida nesse aspecto. Para além disso, tudo era novidade, estávamos só os três e penso que isso condicionou a minha capacidade de me mexer e dar luta ao suplemento.

Quase não preparei nada para o nascimento do João. Não li nada, não me preparei para o parto. Ainda estava tudo muito fresco de toda a experiência com o Miguel e a verdade é que tudo o que se relaciona com o parto e com o cuidar de um recém-nascido me parece muito intuitivo. Tudo me parece intuitivo, menos a amamentação. Sobre amamentação li, informei-me, pesquisei onde poderia procurar ajuda se tivesse dificuldades mais uma vez. O João mamou pela primeira vez na sala de partos e não me magoou, como aconteceu com o Miguel. Achei que seria um bom augúrio. Mas a verdade é que o João não parecia ficar saciado depois de mamar quando ainda estava no hospital. Por três ou quatro vezes bebeu suplemento (e como o bebeu rapidamente!) e eu não chorei nem me senti mal. Desta vez sabia que estava a fazer tudo, mesmo tudo, o que podia: pedi a várias enfermeiras que verificassem a pega (tudo OK), fizemos o que não é indicado (pesar o bebé antes e depois de mamar), mas que nos ajudou a perceber o que se passava: o peso não aumentava e vimos que naquela altura eu basicamente não tinha leite. Para além disso o João debatia-se imenso para pegar na mama (o que não acontecia com o biberão do suplemento), o que não ajudava nada. Saímos do hospital e, apesar de ter comprado uma lata de leite adaptado, decidi não lhe dar suplemento até à pesagem seguinte, passados dois dias. Depois de o pôr na mama dava-lhe leite meu no biberão, tirado com a bomba. Bebia bem esse leite e a verdade é que o peso aumentou. Senti-me mais confiante: o problema não estava no meu leite. Mas o João continuava a lutar com a mama. Tirar leite com a bomba resolvia o problema, mas por quanto tempo? Até quando conseguiria  eu tirar leite várias vezes por dia tendo outro bebé em casa? Falei com duas CAM (conselheiras de apoio à amamentação) portuguesas. Uma aconselhou-me a deixar o biberão gradualmente, a outra a cortar com o biberão de forma radical. Eu já sabia que era esse o caminho, mas tinha medo que o peso baixasse de novo. Enchi-me de coragem e fui pela abordagem radical. Arrumei a bomba e o biberão. O João continuou a aumentar o seu peso. Não lhe tornei a dar leite meu pelo biberão. A confiança ajuda muito nestas situações e eu sentia-me bem mais confiante do que na altura do Miguel. 

13.7.16

o que mais me custou

O João nasceu na quarta. Na quinta o H. viajou para fora do país e o Miguel teve que ficar esse dia e a noite de quinta para sexta em casa de amigos nossos. Pedimos-lhes que ficassem com o Miguel porque têm uma filha exactamente da mesma idade. Assim o Miguel estaria entretido com a menina e sabíamos que quem ficaria a tomar conta dele daria conta do recado sem grandes problemas. 

Tendo o João nascido ao meio-dia e meio assumimos que na sexta por essa hora teríamos alta, eu iria buscar o Miguel e iríamos os três para casa. O H. chegaria ao início da noite. 

Mas nem tudo correu como o esperado. Como o João nasceu algumas semanas antes do tempo, por uma questão de precaução, não nos deixaram sair do hospital na sexta, apenas no sábado. Comecei a ficar preocupada por o Miguel ter que ficar também o dia inteiro na sexta com pessoas que ele não conhecia. Pior fiquei quando soubemos que o H. corria o risco de não conseguir voltar a Itália na sexta porque a companhia pela qual viajava estava em greve. Isto implicaria que o Miguel teria que passar mais uma noite fora de casa e sem pai nem mãe.

O que mais me custou no parto do João foi toda esta situação com o Miguel. Não foram as contracções, não foram as dores na hora H. Foi saber que o Miguel estava sem nós e sem perceber porquê. Quando a pediatra me disse que não teríamos alta na sexta eu já sabia que corríamos o risco do H. não conseguir voltar na sexta. Tive que respirar fundo várias vezes para não desatar num pranto ao pensar nesta possibilidade.

No final, o pior cenário acabou por não se verificar. Nós só tivemos alta no sábado à hora de almoço, mas o H. chegou na sexta à noite. O voo atrasou que se fartou, mas houve voo. O Miguel já passou a noite de sexta para sábado em casa com o pai.

Estar noutro país sem o suporte da família tem destas coisas.

12.7.16

o parto - para minha memória futura

Tive consulta no dia 18 de Junho e foi aí que confirmei que o que andava a sentir eram contracções e a dilatação já ia nos 4 centímetros. O H. ia viajar na quinta seguinte e o regresso seria na sexta. Comentei o nosso calendário com a obstetra e para ela era claro que o João iria nascer durante a semana, muito provavelmente antes de sábado. Fiquei de ir ao hospital na terça, caso não houvesse novidades antes, e a médica veria a evolução da coisa. No sábado, muito provavelmente resultado de fazer a mala de maternidade (que ainda não estava feita!) e limpar a casa toda, tive contracções atrás de contracções (sem dor, mas a sensação era familiar e não havia margem para dúvida - eram mesmo contracções!). A dada altura achei que da noite de sábado para domingo não passaria. Mas passou. Domingo foi um dia sereno, sem contracções. Na segunda as contracções regressaram. Achei de novo que durante a noite poderia haver novidades, mas a verdade é que nada aconteceu.

Terça de manhã fui ter com a médica. Estava a torcer para que a dilatação não tivesse aumentado, mas a verdade é que já ia a meio do caminho: 5 centímetros de dilatação e eu feliz da vida e sem dores. A obstetra, que me acompanha desde o meu primeiro mês em Itália, que é o mesmo que dizer que me acompanha desde a primeira gravidez, teve receio por mim e decidiu fazer papel de mãe. Teve medo que o João decidisse querer nascer durante a noite quando o H. não estivesse e eu estivesse sozinha com o Miguel. Segundo ela, dado que seria o segundo parto e que já estava com 5 centímetros de dilatação, seria tudo muito rápido e desconfio que teve medo que eu não chegasse ao hospital a tempo. Foi pragmática e perguntou-nos se não preferíamos que o João nascesse antes do H. viajar. Acrescentou que ela ficaria mais descansada, que no hospital "tomariam conta de mim" e que assim poderíamos deixar o Miguel com os nossos amigos, sem pressas nem contratempos. Concordámos que era a opção mais racional. Mandou-me estar no hospital na quarta, dia 22 às 8 da manhã, caso não entrasse em trabalho de parto antes. Não havia motivos para induzir o parto, de modo que a obstetra me sugeriu uma forma alternativa de acelerar o parto. Mandou-me tomar óleo de rícino às 6 e depois às 7 da manhã de quarta. 

Nunca tinha ouvido falar do óleo de rícino como indutor do parto, mas a verdade é que uma pesquisa breve não deixou margem para dúvidas. Na verdade, o óleo de rícino provoca contracções no intestino e, nesta situação, acaba por provocar também contracções uterinas. Se alguém me tivesse recomendado tomar óleo de rícino com este fim não iria na conversa. Tendo sido a minha obstetra, em quem confio plenamente, não duvidei nem da intenção nem da eficácia. Às 6 da manhã primeira colherada de óleo, às 7 mais uma e às 8 estava no hospital já com 6 centímetros de dilatação, sem dor e sem contracções.

Senti-me uma ave rara quando vinham ter comigo ao quarto e me perguntavam se sentia dor e eu respondia que não. Estive ligada ao CTG: algumas contracções ainda muito espaçadas e sem dor.  Entretanto levaram o CTG e lá fiquei eu no quarto, sentadinha na cama, agarrada ao telemóvel para me entreter e ver se o tempo passava. Grande parte do tempo estive sozinha. O H. estava com o Miguel. O Miguel esteve no quarto connosco algumas vezes, mas quem segura um pequeno mafarrico de 18 meses num espaço tão pequeno sem destruir o que o rodeia? E também nos parecia que o João iria demorar bastante tempo a nascer, de modo que não havia necessidade de deixar o Miguel com ninguém tão cedo.

Ora bem, o H. saiu para almoçar com o Miguel quando faltava um quarto de hora para o meio-dia. Nessa altura já tinha algumas contracções com dor, mas achei que o caminho ainda seria longo. Entretanto ligaram-me de novo ao CTG. Estava sentadinha no cadeirão. Se no primeiro parto estar sentada parece ter acelerado a coisa, decidi repetir a posição.

Faltavam 2 ou 3 minutos para o meio-dia e meio e as contracções eram mais fortes e mais prolongadas. Eram muito diferentes das contracções que tinha sentido no parto do Miguel, que eram verdadeiramente dolorosas e faziam o CTG ir até aos 100%, mas ainda assim achei que se calhar tinha chegado o momento de fazer força e conhecer o rebento. Pedi à rapariga que estava comigo no quarto que tocasse a campainha para chamar uma enfermeira (eu ligada ao CTG não chegava à minha campainha!). Veio uma enfermeira, expliquei o que sentia com toda a calma do mundo. Esta enfermeira foi chamar uma outra que me disse "vamos para a sala de partos!, traga a roupa do bebé". Peguei no saquinho com a fatiota e enviei SMS telegráfica ao H: "sala partos!" Comi o "de" porque naquela altura percebi que o tempo escasseava verdadeiramente. Lá vou eu com a enfermeira, o saquinho da roupa e o telemóvel e a enfermeira pergunta-me: "Escadas ou elevador?" Respondi "elevador" enquanto me ria, porque acredito que se fosse pelas escadas o João não teria nascido no bloco de partos! Entrámos no bloco de  partos e o João começou verdadeiramente a nascer quando ainda não tinha chegado à marquesa. Sentia a cabeça dele. Deitar-me na marquesa não foi tarefa fácil. Deitei-me e o João nasceu naquele momento. Eram 12:35. Não senti a sensação de explosão que senti no parto do Miguel. Não precisei que ninguém me dissesse para fazer força. Não pensei, como tinha acontecido da primeira vez, que tinha que fazer força de forma contínua porque havia muitas barreiras a transpor e que só assim o bebé nasceria. Desta vez foi completamente intuitivo: senti que o João ia nascer, fiz força durante 2 ou 3 segundos et voilà "habemus João!". Desta vez não houve episiotomia, nem houve tempo para nada. Entre enviar SMS a dizer que ia para a sala de partos e o João nascer passaram-se 4 minutos. Fiquei a perceber porque é que há grávidas que têm os bebés a caminho do hospital, é que não há como controlar mesmo!

O H. chegou poucos minutos depois do João nascer, ainda a tempo de lhe vestir a primeira fatiota.

Sobre as contracções, percebi finalmente porque é que me diziam que as contracções eram como dores de período mais fortes. O meu primeiro parto foi induzido com oxitocina e as contracções são completamente diferentes! Contracções com oxitocina são mesmo muito dolorosas, nada que se assemelhe a dores de período. Já no segundo parto foram muito mais brandas e, sim, confirmo que são como dores de período mas mais intensas (só na fase final é que não!, mas mesmo estas não têm comparação com as contracções que se têm com oxitocina).

Logo a seguir ao parto dei mama ao João ainda na sala de partos e uns minutitos depois descemos para o quarto, desta vez pelas escadas!

(Sim, mais uma vez foi um parto sem epidural. Em Itália a epidural não é administrada de forma comum, como em Portugal. Apesar de ter tido partos rápidos, claro que preferiria não ter sentido dor, o que podia muito bem ter acontecido já que tanto de uma vez como de outra cheguei ao hospital já com dilatação suficiente para me darem epidural.)

quase a dizer adeus a Itália

Estou a menos de 2 meses de sair de Itália de vez. Por um lado estou feliz. Enquanto estava a trabalhar gostava realmente de morar aqui, mas depois de ficar em casa com o(s) bebé(s) a minha opinião mudou. Moro perto e na verdade tão longe de Milão. Por uma série de condicionantes, desde que fiquei em casa que me sinto "presa". Sair daqui será uma espécie de libertação. Viver no campo foi uma experiência interessante, mas agora apetece-me voltar a ser uma pessoa de cidade, com tudo à mão, mesmo que na outra mão vá um carrinho duplo de bebé.

Depois há o outro lado. Sair de Itália agora é como encerrar a fase mais dura e mais doce da minha vida. Cheguei grávida a Itália, engravidei mais 4 vezes. Saio de cá com 2 filhos. Sair daqui agora é o encerrar de uma etapa que naturalmente teria um fim, mas é vincar esse fim de uma forma impossível de ignorar. Nunca o imaginei antes, mas sei agora que vou sair daqui de lágrima no canto do olho.

9.7.16

a Melancia apaixonou-se pela Raspberry!


Descobri esta marca quase por acaso. Cruzamo-nos por aí, neste mundo quase infinito das redes  sociais e houve uma empatia da Melancia pela Raspberry Republic e vice-versa. Foi um acaso muito feliz. Adoro as peças da Raspberry por todos os motivos e mais alguns: os padrões alternativos e divertidos, o conceito da marca (todas as peças são feitas com algodão orgânico alternativo e a sua produção respeita os trabalhadores) e a qualidade dos materiais.

Espreitem que vale a pena! Vão por mim! :)

Ah, e com tamanhos, desta vez, até aos 3 anos ;)

1.7.16

novidades em jeito de telegrama

Juro que quero vir cá contar as novidades, mas o tempo parece ter encolhido um bocadito mais e entre os miúdos, a casa, o marido e a loja não sobra grande tempo. Enquanto não vos conto mais nada adianto apenas que aquele receio de não gostar de um como gostava do outro se desvaneceu assim que me puseram o pequeno João em cima do peito, ainda deitada na marquesa onde ele acabou de nascer (começou a nascer ainda eu estava em pé a entrar no bloco de partos!). Fui atingida por uma espécie de relâmpago de amor pelo pequenote. Confirmo o chavão do coração de mãe alargar e onde cabia apenas um, caberem agora dois sem o espaço ter diminuído para o primeiro. Ainda passou tão pouco tempo e já me tinha esquecido de como são doces os sons produzidos por um recém-nascido e de como nos enche a alma ter aqueles nem 3 quilos de gente ao colo.

27.6.16

e o pai não assistiu mesmo

Nasceu antes do pai viajar, mas foi tudo tão rápido que quando o pai chegou já tinha nascido. Se o meu primeiro parto foi rápido, este nem se fala! Posso ter dificuldade em manter uma gravidez, mas quando ultrapassamos as fatídicas 7 semanas chegamos ao fim a uma velocidade sem igual! 

e agora somos 4!

20.6.16

filho, é ficar na piscina quentinha mais 5 dias, ok?

Sábado --> contracções + contracções + contracções, a dada altura a meio da noite achei mesmo que ainda íamos ter que interromper o sono e rumar ao hospital. Depois adormeci e tudo acalmou.

Domingo --> nada de contracções!

Se até amanhã não houver novidades, amanhã lá vou eu ter com a médica para vermos como está a dilatação.

J., sê obediente e espera até Sábado, quando o pai já estiver de volta. Pode ser? Sim? Sim? Sim?

19.6.16

a coisa está presa por dias!

Dadas as evidências e depois de explicar à obstetra que o meu marido vai viajar e regressa no final da semana, exclamo em tom de desabafo "Só precisávamos de mais uma semana...". Pela expressão dela percebi que é tempo que muito dificilmente teremos. O J. é um apressado e o mais certo é nascer esta semana (glup!). Ontem, depois da consulta, entrei em casa, fiz a mala para a maternidade (sim, ainda não estava feita) e limpei a casa toda. O marido montou o berço e trouxe a espreguiçadeira de novo para as luzes da ribalta. O Miguel anda encantado com as novidades que apareceram de um momento para o outro cá em casa. Empurra o berço como se fosse um carrinho e tenta sentar-se na espreguiçadeira!

Estou estranhamente calma. Se foi coisa que aprendi é que tudo se resolve e há tanta, mas tanta coisa que não depende de nós e que não há como controlar. O mais certo é o J. nascer quando o pai não estiver, ou mesmo antes da partida dele. Aqui somos só os dois e o miúdo (quase a tornar-se plural). Assim, colocámos em alerta vermelho (era alerta amarelo, mas ontem teve que mudar de cor) duas amigas e agora é esperar. Se me apetecia estar sozinha na sala de partos? Obviamente que não. Mas há alternativa? Não, a viagem não pode mesmo ser adiada. Portanto, espero apenas que corra tudo pelo melhor. A minha maior preocupação é mesmo que alguém responsável fique com o Miguel enquanto eu não puder.

Desde que soube da viagem que disse que com a minha apetência para situações incomuns o mais certo era o J. nascer nessa altura. Tudo se encaminha nesse sentido. A tradição parece que ainda é o que era.

17.6.16

flash sale!

Só até amanhã 25% de desconto em todos os vestidos, macacões e fatinhos de bebé!

outra novidade desta gravidez

Na gravidez do Miguel só soube o que eram contracções no momento do parto (oxitocina + contracções --> forma radical de entrar em contacto com as contracções!). Desta vez começaram a aparecer de mansinho, eu nem sabia bem se eram contracções ou não. Agora já não restam dúvidas. Olá contracções, sejam bem-vindas!

16.6.16

diabetes - a saga

Continuo apenas com a dieta, embora o endocrinologista me tenha dito para começar com a insulina. Não estou a ser irresponsável nem teimosa, afinal na gravidez do Miguel tomei mesmo insulina, e agora faria o mesmo... se fizesse sentido. Os valores andam bons, há vários dias que não saem dos valores de referência. Tive azar: nos dois dias antes da consulta tive dois valores em jejum ligeiramente acima do que é suposto. Primeiro o médico nem reparou nesses valores e mandou-me continuar com a dieta. Depois viu esses valores e foi um "Deus me acuda". Toma lá uma receita para a insulina e vemo-nos antes do parto. E eu fiquei a olhar para o que ele escreveu e a olhar para os valores da glicemia e achei que o bom senso devia prevalecer. A consulta foi no início da semana e cá em casa concordámos em esperar até final da semana para decidir se se avançava com a insulina ou não. Depois do dia da consulta não houve um único valor acima do suposto. Também fiz análises no laboratório, não fosse o aparelho que uso para medir a glicemia estar desorientado, e os valores foram ainda melhores. De modo que, para já, nada de insulina porque honestamente não vejo motivos para isso. Não sou médica, mas sei ler os valores e se estão dentro dos valores de referência, insulina para quê?

15.6.16

36 semanas já passaram!

Já entrei na 37ª semana! Diz-me a app que uso para não me perder na contagem das semanas que se já não for o primeiro filho é muito provável que o bebé nasça esta semana. Por um lado estou cansada, com dores no fundo da barriga (novidade para mim, na gravidez do Miguel não senti nada disto), faço alguma ginástica para apertar as sandálias, e virar-me na cama exige alguma calma e cuidado, o que poderia indiciar que estou mortinha para me livrar da barriga e passar à fase seguinte. Mas, por outro lado, parece-me que o Miguel merece mais uns dias de filho único e agora acho que o tempo passou num abrir e fechar de olhos e estou naquela fase em que acho que ainda não estou preparada para dividir o meu tempo entre dois bebés (um bocadinho tarde para pensar nisto, não?). Bom, na verdade desconfio que tudo se resume a algum receio do desconhecido e do medo legítimo de não conseguir dar ao Miguel a atenção que ele merece. Escrevo isto e penso "mas que raio... devia ter escrito que tinha receio de não conseguir dar a atenção que cada um dos dois merece". Pois devia, mas, e isto não vai soar bem, aviso já, mas é a verdade, eu morro de amores pelo Miguel, mas ainda não morro de amores pelo J. Sei bem que há mães que borbulham corações cor de rosa assim que sabem que estão grávidas, mas eu preciso de tempo para que o sentimento cresça e, pior mais que isso, sou um bocadinho como S. Tomé: preciso de ver para crer. Pode soar frio, distante, mas é o que se passa por estes lados, preciso de tempo antes e depois do nascimento para que os meus sentimentos pelos pequenotes cresçam. Para além de tudo isto, que já senti com o Miguel, ainda estou naquela fase pré-nascimento do segundo filho, em que duvido conseguir amar o segundo como amo o primeiro. Acredito piamente no que todas as mães de mais do que um dizem, que há espaço para amar igualmente quantos filhos tivermos, mas ainda não o sinto na pele e, por isso, ainda ando aqui meia abananada com tudo isto.

E é isto, no fim da semana há nova consulta e com sorte o colo do útero ainda não está a dar de si, e o bebé vai ser paciente e nascer só depois do pai voltar de viagem. Se bem que com a apetência que tenho para as situações surreais já me estou a ver no hospital a ter a criança sozinha. Completamente sozinha, sem pai e sem epidural, que pelo que percebi por estes lados continua a ser coisa pouco apreciada pelos profissionais de saúde. Oh Deus, quem me mandou ter filhos em Itália?

9.6.16

1 mês de Melancia e um giveaway!

A Melancia for babies completa hoje 1 mês!

Ultimamente o tempo por estes lados parece voar a todos os níveis. Ainda ontem estava em Portugal a abrir a Melancia e agora já estou de novo em Itália a comemorar o primeiro mês de loja e mini-roupas (sim, os envios são sempre feitos a partir de Portugal, ou vocês acham que depois de todas as minhas aventuras e desventuras com os correios italianos lhes ia pôr as vossas encomendas nas mãos?).

Por falar em tempo a voar, já entrei no 9º mês! Mas isto fica para outro post, onde me lamentarei até à exaustão do cansaço e das dores quase permanentes na pança cada vez mais proeminente.


Voltemos à Melancia, vamos celebrar! Claro que sim! Como? Com um giveaway!
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🍉 🍀 Boa sorte! Bo🍀🍉


6.6.16

desconfio que não chego às 40 semanas

As minhas memórias dizem-me que estava fresca como uma alface no final da gravidez do Miguel. Lembro-me de me sentir esmagada se me deitasse de barriga para cima (algo que comecei a sentir muito antes do final da gravidez), mas tirando isso estava óptima. Claro que me cansava mais facilmente do que o habitual, mas estava bem. Desta vez sinto-me muito mais cansada e sinto mais o peso da barriga, além de me parecer que nesta fase já tenho uma barriga maior do que tinha quando o Miguel nasceu. Não estou mais pesada nem engordei mais (na verdade engordei menos), mas é a sensação que tenho. Tenho o feeling de que desta vez não vai haver indução e não vou chegar ao final do tempo. Esperar para ver!

3.6.16

e se o pai tiver que viajar na altura em que o parto já não será uma surpresa total?

Na última semana a barriga agigantou-se! Daqui a pouco pareço um ovo com bracitos e pernitas! Estou mais magra, o que ainda acentua mais a barriga mais que proeminente. E hoje soubemos que o marido vai ter que viajar daqui a 3 semanas. Ora, dada a altura e a nossa pontaria, o J. ainda nasce com o pai ausente, o que tendo em conta que estamos sozinhos fora do nosso núcleo é capaz de não ser um acontecimento brilhante. Oh puto, tu nasce antes ou depois, mas exactamente daqui a 3 semanas é que não!

1.6.16

será?

Não quero lançar foguetes antes da festa, mas pelo menos para já diria que os diabetes estão controlados. Será que desta vez me escapo à insulina? A barriga cresce, mas a balança pouco mexe, o que é bom sinal. De vez em quando lá aparece um valor fora dos limites em jejum ou ao jantar porque passei demasiado tempo sem comer, mas de resto tudo normal. Não passo fome, ao contrário do que muitos pensam. Mostro-vos já que ando bem alimentada: por exemplo, o almoço de hoje foram queijos grelhados, espargos com presunto enrolado e salada. Haja imaginação e poucos hidratos de carbono! 

quase a dizer adeus ao 8º mês

Entrei na 35ª semana. Passou tão depressa e ao mesmo tempo o dia em que desconfiei que poderia estar grávida parece-me agora tão distante. Estávamos na Eslovénia, numa livraria. Eu estava a embalar o Miguel no carrinho, porque o moço achou que o ambiente da livraria era demasiado sossegado para ele e decidiu mostrar o potencial dos seus pulmões. Enquanto estava naquele empurra o carrinho para a frente e puxa o carrinho para trás senti-me ligeiramente enjoada. Não sou pessoa de enjoar por dá cá aquela palha, de modo que houve ali um centésimo de segundo em que pensei "Será?...". Seguiu-se um "Não pode ser..." e depois um "Bom, na verdade até pode". Mas "Não, não pode ser...". Fiquei a pensar naquilo mas, ao contrário do que teria feito noutras alturas, não fui a correr a uma farmácia comprar um teste. Aproveitei Liubliana e Bled, comi a melhor sopa de cogumelos de todos os tempos, aproveitei o mar e de regresso a Itália acabei por comprar o tal teste, que fiz sem grande convicção nem esperança. E, claro, é sempre nestas alturas de descrença ou "estou-me nas tintas" que somos surpreendidos! Risca clara, muito clara, mas visível. E o meu mundo mudou mais um bocadinho naquele dia. Estou agora na última semana do 8º mês. E a vida está prestes a mudar mais um bocadão!

o cabelo e a gravidez

Na gravidez do Miguel devem-me ter caído para aí uns 5 cabelos durante toda a gravidez. O cabelo simplesmente não caía. Tenho o cabelo encaracolado que cai que se farta quando me penteio, mas durante aqueles meses a escova ficava sem nenhum cabelo agarrado. Quatro meses depois do Miguel nascer começou a debandada do cabelo, meu e do Miguel. O pequeno mafarrico tinha nascido cheio de cabelo e aos 4 meses o cabelo dele decidiu dizer adeus. Não caiu todo, mas quase. O meu também achou que era tempo de se despedir de mim. Não me caía cabelo apenas quando me penteava, caía a toda a hora. O chão cá de casa ficou revestido a cabelo. 

Desta vez não me cai cabelo como normalmente, mas a diferença é muito pequena. Espero que depois do nascimento do J. não se repita o que aconteceu depois do nascimento do Miguel, ou o mais certo é ficar quase careca!

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30.5.16

é quase como se estivesse a cozinhar: chá de camomila e maisena

Até aqui nada de rabinho vermelhusco ou assado. Até que chegámos aos 17 meses e a coisa se dá. De um momento para o outro o Miguel ficou com o rabito (o corrector insiste em escrever rabino!) vermelho e com algumas zonas em muito mau estado. Normalmente nem creme de mudar a fralda uso. Uso, desde que nasceu, compressas tecido não tecido e água morna, muito esporadicamente uso o creme da Mustela. Mas agora eram precisas medidas mais radicais. Lá fui eu comprar um creme de que tinha ouvido maravilhas. A pele pior não ficou, mas também não melhorou. Hora de pôr em acção soluções caseiras: em vez de água usei chá de camomila para limpar o rabiosque do pequenote, e depois polvilhei-o com maisena, e ainda lhe pus mais umas colheres de maisena na água do banho. Tiro e queda. Deixámos de ter um rabino rabito pele vermelha cá em casa!

29.5.16

trovoada de ontem

Gosto de trovoada. Gosto de estar sossegada em casa e ouvir a fúria do tempo lá fora. Mas ontem à noite foi medonho. Por estes lados é comum haver trovoadas fortes nesta altura do ano, mas nunca nada como ontem. Estava a adormecer o Miguel quando ouvi o trovão mais sonoro de sempre e a casa estremeceu. Estranhamente o Miguel sossegou com aquele barulho e adormeceu em três tempos. Voltei à sala e pouco depois víamos fogo aqui perto. Alguma coisa ardia. Estava escuro, não conseguimos perceber se era vegetação ou alguma casa. Ouvimos os bombeiros a circular nas redondezas durante bastante tempo. Imagino que aquela situação não tenha sido única. Continuei os meus afazeres de fim de dia e não pude deixar de pensar no fim de dia das pessoas afectadas. Assusta sempre e assusta muito mais quando bate à porta quase ao lado da nossa.

28.5.16

a questão que já se me coloca há umas semanas

Por aqui já está calor. Daqui a mais umas semanas estará um calor abrasador e será altura de dormir com as janelas abertas (a única forma de conseguir dormir!). Os invernos por estes lados são gélidos, os verões muito quentes e húmidos. Como é que vou sobreviver a estas temperaturas com dois bebés colados a mim, e com um a ser amamentado? (Eu sei, eu sei, há mães a passar pelo mesmo, e bem pior, em todo o mundo, e vivem alegres e felizes; eu não serei excepção! mas que vai custar, ai isso vai!)

27.5.16

grávida há 3 anos

Sinto-me grávida há mais de 3 anos. Descobri que estava grávida em Junho de 2013. Deixei de estar grávida em Julho. Comecei a tentar engravidar logo de seguida. Descobri que estava grávida em Fevereiro de 2014. Em Março a gravidez chegou ao fim. Em Abril tornei a engravidar. O Miguel nasceu em Dezembro. Em Julho de 2015 descobri que estava grávida. Em Agosto deixei de estar. Em Novembro engravidei de novo. Se tudo correr bem o J. nasce em Julho.

Acho que estou tão feliz quanto cansada. Mudei de país em Maio de 2013 e desde aí a vida tem sido um corrupio, uma sucessão de picos e vales sem igual (a muitos níveis, não apenas no que se relaciona com gravidez/maternidade). Nunca tive uma vida serena ou aborrecida, mas nestes últimos três anos consegui bater todos os records. Preciso de coisas simples como voltar a vestir a minha roupa, não ter consultas a toda a hora, não fazer análises constantemente, poder fazer planos sem pensar "nessa altura não posso porque estou grávida e coincide com a fase em que a gravidez costuma correr mal", "nessa altura não posso porque é quando nasce o bebé" (tive que dizer tantos "nãos" nestes anos, a causa foi a melhor, mas não deixou de custar virar costas a projectos que tanto queria). Preciso de voltar a ter algum tempo para mim, coisa mailinda de se escrever a meia dúzia de semanas de ter o segundo filho! Posso ser mal entendida, mas o que quero dizer é que me apetece ter vida sem pensar em testes de ovulação ou gravidez, ou "será que é desta?". Nem sequer estou ansiosa para que esta gravidez chegue ao fim, nada disso, cada momento a ser saboreado como deve ser, mas preciso de ultrapassar esta fase. Tanto "estou grávida", "já não estou grávida", "vamos tentar de novo", "será que é desta?" deixou-me cansada e agora preciso de viver os meus dois filhos e viver as outras facetas da minha vida que andam meio esquecidas na confusão destes dias.