Sempre que me lembro do parto recordo-me do momento animal que é. Durante a gravidez houve fases em que achei que o corpo da mulher apenas tolerava a gravidez, em que senti que o corpo não estava totalmente adaptado às exigências da criação de um novo ser. Depois de ter passado pelo parto tenho que admitir que agora a minha opinião é outra. O nosso corpo está realmente preparado para lidar com o desenvolvimento e nascimento de um outro ser. A forma como as contracções se dão para que o bebé seja expulso do seu casulo e seja libertado tem tanto de bem concebido e maravilhoso como de doloroso. Apesar da dor pontual continuo a achar que o meu parto dificilmente poderia ter corrido melhor e guardo óptimos recordações daquela sala com vista para o castelo onde o Miguel viu pela primeira vez a luz do dia.
1 mês depois os lóquios já se foram e eu tenho dificuldade em aceitar que há pouco mais de 1 mês estava barriguda e com o ventre a ondular. Parece uma realidade distante. Depois de terminada a gravidez tenho que admitir que estar grávida é efectivamente maravilhoso, embora os meus receios (bem fundamentados) não me tenham permitido desfrutar do processo como devia (e merecia). Comecei a gostar de estar grávida já no 3º trimestre, até aí foi uma sucessão de acontecimentos que me deixou sempre alerta e de pé atrás. Mas o que realmente interessa é que à terceira foi de vez e agora temos cá em casa um bebé lindo e espevitado que nos preenche os dias e a vida.
Às vezes dou comigo a perguntar ao pai do rebento se o miúdo será realmente bonito como nós achamos ou se estamos tomados pelo amor de pais e isso nos condiciona a avaliação. Ele ri-se e diz que o puto é realmente bonito e eu sorrio e fico na mesma!
1 mês depois dou comigo a pensar que não me quero separar do pequeno panda tão cedo e começo a ponderar as hipóteses para poder ficar em casa com ele o máximo tempo possível, ainda que isso implique um corte razoável no vencimento. Por esta altura queria também já ter começado a procurar novo emprego de forma sistemática. Já o comecei a fazer, mas de forma muito pontual. Estar dedicada 24 horas por dia ao pequeno não me facilita a vida a este nível. A ver vamos se as próximas semanas me deixam mais tempo para esta tarefa essencial. Quero muito sair do sítio onde trabalho e quero muito sair de Itália. Itália é um país fantástico para se passarem uns dias de férias, mas não é um bom sítio para viver (pelo menos na zona norte do país). Para onde queres ir agora?, perguntam-me alguns. Não tenho resposta. Sei apenas que quero sair daqui o quanto antes e há todo um mundo onde posso procurar emprego.
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