Já temos mais de 5 quilos de gente a viver connosco, e os meus braços e as minhas costas confirmam-no ainda mais do que a balança. O olhar do Miguel está mais atento e mais focado e começa a emitir uns sons diferentes. Dorme mais tempo seguido (azar dos azares: especialmente durante o dia) e já é capaz de ficar acordado, deitado na espreguiçadeira, a olhar para algures (os tectos, quer tenham luzes quer não tenham, exercem sobre ele um estranho fascínio) sem chorar nem reclamar. Quer tenha fome quer não tenha, é rara a refeição em que não decida chorar, o que nos obriga a comer à vez (raio do miúdo que é arrevesado como os pais, estamos tramados). Desconhecidos, quer aqui quer em Portugal, metem-se connosco por causa dele, de modo que começo a acreditar que o miúdo é mesmo giro aos olhos de todos, e não apenas aos meus. Até ele nascer achava que os recém-nascidos eram todos basicamente iguais e pouco bonitos (achava que eram mesmo feiinhos, vá, e que alguns com o tempo melhoravam, outros nem por isso, e se mantinham naquele estado de fealdade até à idade adulta). Sou agora obrigada a dar o braço a torcer e a admitir que há recém-nascidos sem aquele ar vermelhusco, enrugado e frágil e tive a sorte de me sair um desses na rifa.
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