Faz amanhã um ano que soube que o Miguel existia. Na verdade já tinha feito um teste no dia anterior, mas a risca era tão ténue que me escapou. Só no dia 25 quando vi uma espécie de sombra no teste voltei a olhar para o de dia 24 e vi o que no dia anterior me tinha passado ao lado. Ainda morava na casa junto ao lago. Subi as escadas e disse-lhe que parecia uma loucura, que a risca era muito muito clara, mas que estava lá. Tinha abortado no mês anterior. Ele ainda adormecido achou que era maluquice minha, que isto de ter passado por dois abortos em poucos meses me deveria estar a afectar. Não me disse nada disto, mas eu vi-o bem nos seus olhos. Tenho jeito para ler pessoas, nada a fazer. Virou-se para o lado e continuou a dormir. Não me lembro se continuei na cama se me levantei (se soubesse o que sei hoje teria ficado na cama a aproveitar cada segundo de sorna a que me podia permitir na altura). Sei que rebentei de felicidade por haver uma segunda risca cor-de-rosa e senti-me descansada por estar realmente grávida. Sentia-me grávida há já alguns dias. É estranho, não comentei com ninguém, não fossem achar que estava doida varrida, mas sentia-me grávida. E foi essa sensação de ter outra vida dentro de mim que me fez fazer o teste de gravidez uns dias antes do que era suposto. Um ano depois tenho um bebé de 4 meses em casa, noutra casa. Falta-me tempo e sobra-me felicidade e cansaço.
Onde estarei daqui a um ano?
espero que onde desejes...
ResponderEliminare até lá partilhando desta forma nua e crua a tua realidade, que se torna inspiradora.
"Tenho jeito para ler pessoas, nada a fazer" revejo-me neste jeito, e esta declaração tocou-me pela simplicidade de uma coisa que descobri que me podia trazer alguns dissabores se não aprendesse a gerir isto...ainda estou a aprender.