25.6.15

a parede

Antes, quando morava na minha casa (aonde agora vou de visita e vou sentindo cada vez menos minha) sentia falta de uma varanda. Na verdade essa minha casa tem uma varanda minúscula onde devo ter estado uma meia dúzia de vezes, porque é mais um devaneio de arquitecto do que uma verdadeira varanda. Agora, em Itália, tenho uma varanda a sério (tive uma em cada uma das quatro casas onde já vivi desde que mudei de país), e sinto falta de algo que tenho e não tenho (sim, sim, isto anda bonito!). Queria uma parede para poder furar à vontade e pôr fotos das viagens e do mini-urso. Sim, tenho aqui duas paredes a piscar-me o olho e tenho umas molduras que comprei antes do bebé nascer e outras que se mudaram cá para casa já depois do nascimento. Tenho tudo, até berbequim, mas estas paredes não são minhas. Daqui a uns meses arrumamos as tralhas, pegamos em nós e vamos sabe-se lá para onde. Não me apetece furar as paredes todas para daqui a pouco tempo termos o trabalhão de tapar os buracos todos, tentar deixar tudo bonitinho, não acertar com o tom de branco e deixar as paredes às bolinhas brancas amareladas. Ainda antes do pequenote nascer agarrei-me ao berbequim e foi um fartote de furos: o quarto do mini-urso está furado tipo passador e ainda tem um vinil gigante. Meti na cabeça que o miúdo havia de ter um quarto mais ou menos normal, ainda que numa casa temporária. Nessa altura parece-me que ainda não tinha bem noção que o tempo por estes lados tem os dias meses contados. Ou então nessa altura não tinha tanta vontade de sair daqui, também é possível que seja isso. De modo que tenho ali fotografias e molduras à espera de serem penduradas, mas falta-me uma parede mais permanente.

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