Na primeira fase da gravidez tive vontade de pegar em nós e nas nossas coisas e rumar à minha zona de conforto. Não me parece um sentimento estranho, confrontada com uma completa novidade e uma enorme responsabilidade o mais fácil seria refugiar-me junto aos meus. Quase oito meses depois do início desta viagem esta sensação desvaneceu-se. Claro que idealmente teria a família e os amigos por perto a toda a hora, mas idealmente faria muitas outras coisas que a vida real não me permite. Não quero necessariamente regressar a Portugal, mas sei que quero sair do lugar onde estou agora. Mudar-me para Itália trouxe-me o que eu não imaginava ser possível, mas trouxe-me também um lado negro que eu não quero prolongar. Dou comigo a achar que era capaz de ter uma vida nómada, dois ou três anos aqui, dois ou três anos ali, e que isso me faria feliz. Viajar é uma das minhas paixões, e viajar no sentido de se conhecer por dentro o sítio onde se está não se consegue em meia dúzia de dias, por muitas voltas que se dêem e por muitos museus que se visitem. Viver por períodos de tempo relativamente curtos aqui e ali é uma forma diferente de viajar e isso agrada-me. Não tenho limites geográficos, gosto da diferença e, por mim, mudava-me para outro continente. É certo que as minhas decisões agora são as nossas decisões e temos visões um pouco diferentes da nossa vida ideal, mas ambos concordamos que sair daqui é prioritário neste momento, seja para perto ou para longe.
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