Quando saí do país imaginei que iria perder algumas pessoas pelo caminho. Parece-me natural. Laços que não são propriamente fortes não resistem à distância e o afastamento geográfico estende-se a outros níveis.
Fui surpreendida. A maior parte das pessoas que não me era próxima foi-se perdendo pelo caminho, mas para além disso, uma das pessoas que me era mais chegada praticamente sumiu de circulação. Não sei se foi efeito da distância, se foi efeito de todas as voltas e reviravoltas que a minha deu neste ano e meio, se foi efeito das mudanças na vida dela, ou se foi uma mistura de todos os factores, mas a verdade é que fui negativamente apanhada de surpresa.
Em ano e meio descobri que estava grávida mal tinha acabado de chegar a um país novo, quando ainda não conhecia praticamente ninguém, abortei, engravidei, abortei de novo, voltei a engravidar, casei-me. Aconteceu tanta coisa que eu gostaria de ter partilhado de forma próxima, mas ela não estava nem disponível nem interessada. Fui a Portugal vezes sem conta, combinei lanches e jantares, estive com outras pessoas que antes de partir me diziam menos, e ela nem noção tem das vezes em que não esteve presente, porque simplesmente não estava para aí virada.
Acredito que esta fase que vivo agora pouco ou nada lhe diga. Neste momento o meu cerne não é o trabalho, é um pequeno ser que ainda não viu a luz do dia. Do que conheço dela (ou do que acho conhecer) este é assunto para um ou dois minutos de conversa e depois é altura de mudar para outros temas, comummente relacionados com trabalho e afins. Sempre fomos muito diferentes, mas agora desconfio que estamos muito mais. Talvez este afastamento não seja tão inesperado assim. Desconfio que vai ver o bebé M. pela primeira vez quando o puto já andar na escola.
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