Completam-se hoje as 30 semanas e só me ocorre perguntar Já? ao mesmo tempo que penso que ainda faltam mais 10. Estas 30 semanas foram um misto de um lento saborear de momentos e de uma corrida desenfreada. Sei bem que isto dá um certo ar de esquizofrenia, mas é mesmo o que sinto.
Hong Kong parece ter sido há já tanto tempo, mas foi lá que há mais ou menos três mãos cheias de semanas o milagre se deu. Brinco e digo-Lhe que vamos ter um M. de olhos em bico. ElE abre muito os olhos e rosna. Rio-me enquanto lhe digo que assim que tiver idade suficiente temos que levar o rebento a conhecer Hong Kong e o meu lado preferido do mundo. ElE concorda, mas tenho para mim que tem receio que a criança saia a mim no que diz respeito à paixão pelo Oriente.
Não foi verdadeiramente no mesmo mês, mas segundo as contas retorcidas da gravidez foi, que abortei e engravidei. Parece impossível, mas é a minha verdade. Num momento estava a correr do pátio ensolarado para a casa de banho para libertar os vestígios de mais uma gravidez mal sucedida e no momento seguinte tinha a impressão que estava grávida. O feeling revelou-se verdadeiro e aqui estamos 30 semanas depois.
30 semanas é muito, e mais ainda para quem estava habituada a que o fim chegasse às 7. Mas 30 semanas é ainda pouco, se pensarmos em hipóteses de sobrevivência sem sequelas do lado de fora do canto que agora o acolhe. 30 semanas é pouco de manhã, mas se me perguntarem ao fim do dia direi que 30 semanas é muito e que ainda faltam outras longas 10.
Estou feliz, sem grandes efeitos colaterais da gravidez, a não ser o cansaço que de vez em quando toma conta de mim sem avisar e do inchaço ocasional das extremidades. Viro-me na cama sem dificuldade, não tenho dores de tipo nenhum, não tenho contracções, não tenho fome como se não houvesse amanhã, continuo a apertar os sapatos, a conseguir cortar as unhas e a pôr a depilação em dia sem ajuda. As outras grávidas com quem tenho contacto já desesperam com tudo isto. Ainda faltam 10 semanas, mas para já nada a assinalar.
Ultrapassei o impacto inicial provocado pela diabetes. Faço o melhor que posso em termos de alimentação e mantenho-me activa para tentar manter os valores de glicose o melhor possível. Mais que isto não posso fazer. Ainda que inconscientemente, o primeiro pensamento que tive quando a diabetes foi diagnosticada foi A culpa é minha. Mas a culpa não é minha, eu não tenho mão nas hormonas produzidas pela minha placenta, que desregulam completamente a produção de insulina. Na próxima consulta com o endocrinologista veremos qual o próximo passo. Estou muito mais serena quanto a este assunto e esta postura pode não ajudar a resolver o problema dos diabetes, mas será com toda a certeza uma atitude positiva face à gravidez.
Também sosseguei relativamente à pré-eclâmpsia. Para já a tensão continua perfeitamente normal, não aumentei de peso e o inchaço que noto de vez em quando é o normal para esta fase. Claro que posso vir a ser apanhada de surpresa por uma novidade menos feliz, mas para já quase não penso nisso.
Os trâmites legais já foram todos tratados e finalmente a minha licença de maternidade foi aprovada. No fim de mês arrumo as tralhas no gabinete, deixo a secretária limpa, levo meia dúzia de coisas que me podem fazer falta em casa e Adeus, até daqui a 6 meses. Daqui a uma semana e pouco estarei com licença de maternidade, ainda não me parece real de tão real que tudo se começa a tornar.
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