28.7.14

a parte boa da viagem a Riga



stop

Gostava de dizer que a viagem a Riga foi fabulosa, mas não foi. Ainda não tinha chegado ao hotel e começavam as confusões profissionais. Um mail que me deixou furiosa, e que foi apenas o primeiro a virar-me do avesso. Tentei resguardar-me, propus tratar o assunto em questão assim que voltasse. As pessoas cujo carácter é escasso em qualidades não entendem que uma mulher grávida não deve ser exposta a stress de forma gratuita. Tentei respirar fundo e ignorar, o que foi impossível, já que cada vez que abria o mail tinha uma nova mensagem a lembrar-me do que se passava a quilómetros de distância. 

Resultado:

No dia do regresso, de manhã, no aeroporto em Riga, mesmo antes do voo, fui à casa de banho e estava a perder sangue vivo. Fiquei aflita, obviamente. Sozinha, num aeroporto na Letónia, a minutos de embarcar, esta surpresa alarmante. O voo atrasou imenso. Em Frankfurt perdi a ligação para Milão. Arranjam-me novo voo com a porta de embarque nos confins. Corri que me fartei, mas perdi este também. Eu só queria chegar rapidamente a Milão para ir ao hospital  O voo seguinte era às 10 da noite. O sangue deixou de ser vermelho vivo e passou a castanho. Eu estava mesmo a acreditar que à terceira era de vez, mas naquele momento comecei a ter dúvidas  Respirei fundo, engoli as lágrimas, e esperei pelo raio do voo. Todos os dias seriam maus para acontecer isto, mas o dia em que aconteceu foi o pior de todos.

Mal cheguei fui directa do aeroporto em Milão para o hospital. Assim que vi o mini-coração a palpitar sosseguei. O bebé estava bem e eu preciso de descansar, nada que uns dias em casa não resolvam. Como disse a médica que muito bem me atendeu nas urgências "Isto foi um sinal de STOP."

22.7.14

de Viena, a caminho da Letónia

O bebé M está crescido. Quem diria que aqueles parcos milímetros há poucas semanas chegariam às 165 gramas? Contaram-se 20 dedos, viu-se o estômago, a bexiga e os rins. O coração tem quatro cavidades e continua a bater cheio de energia. 

É provável que ainda mudemos de casa este mês e iniciemos Agosto num novo apartamento, cheio de luz e com um quarto vazio à espera de um novo habitante. 

E eu comecei hoje a minha última viagem solitária, e a única solitária, mas a dois. Nunca viajei com tão pouca coisa. Trouxe a máquina fotográfica, o telemóvel, o computador, um livro, um caderno por estrear e meia dúzia de peças de roupa. E trouxe uma amálgama de pensamentos e sentimentos e expectativas em desordem. Ainda não cheguei sequer a meio do caminho, mas acho mesmo que estes 9 meses de espera são essenciais para que tudo e todos (especialmente eu!) se organizem antes da desorganização se instalar a 1 de Janeiro.

21.7.14

hoje há nova eco, a torcer para que a fase serena se mantenha

O M. tem as suas primeiras luvas, o seu primeiro gorro e a sua primeira camisola de inverno. Mas admito que de vez em quando me pergunto "E se algo corre mal?". Logo a seguir acalmo-me, lembrando-me que viver com medo não é viver* e que estes são meses únicos que merecem ser saboreados. O que aí vem, bom ou mau, acontecerá independentemente da minha vontade, pelo que, para já, há que aproveitar a fase serena e descontraída.

*neste caso como em tantos outros. Todos nós já passámos por amores menos felizes que nos marcaram. Deixámos de acreditar que um dia iríamos ser felizes ao lado de outro alguém por isso? Deixámos de agir como gostaríamos por esse motivo? Ser cauteloso q.b. é uma vantagem e, quanto a mim, um sinal de inteligência. Ser medroso é limitarmo-nos e deixarmos de saborear a vida.

18.7.14

e ainda a procura de casa

Tenho sido agradavelmente surpreendida. Achava que ia ver dezenas de apartamentos até encontrar um que me agradasse, mas a verdade é que, com excepção de um, todos os outros poderiam ser opções a considerar. Das vezes anteriores foi bem mais complicado encontrar algo que me agradasse. É provável que nesta altura do ano a oferta seja maior e, por outro lado, começo a saber melhor o que é relevante um apartamento por estes lados ter ou não ter. 

Apartamento 1: enorme, três quartos e duas casas-de-banho (uma banheira, yeah!), sala e cozinha separadas; ar rústico que muito me agrada; mobília OK e TV grandona; classe energética miserável e gás não canalizado (vulgo, muito caro e nunca saberei quando ficarei a tomar banho de água fria, o que num inverno com temperaturas negativas é coisa que se deseje a muito pouca gente); garagem não há; afastado do mundo e arredores, mas próximo do lago.

Apartamento 2: muita luz, 2 quartos, nada de banheira (snif snif), sala e cozinha juntas, rés-do-chão, nada de garagem; classe energética assim assim; não é propriamente central, mas consigo sair de casa a pé.

Apartamento 3: oh meu deus! Por que raio de razões viemos ver este? Não, não e não!

Apartamento 4: muitas janelas e muita luz, 2 quartos, casa-de-banho com banheira (rebolo de contentamento), piso aquecido, classe energética que me faz bater palminhas; sala e cozinha juntas, mobília interessante e com muita arrumação; arrumos; garagem (yeah!); perto da civilização (posso ir a pé!).

Hoje vou ver os últimos dois, mas acho que habemus apartamento!

17.7.14

a despedida das viagens solitárias

Viajei muito sozinha até há bem pouco tempo, tanto por razões profissionais como em passeio. De há um ano para cá tive companhia em todas as viagens, quer de colegas de trabalho, quer delE. Na próxima semana vou conhecer um destino novo sozinha e desconfio que me vai saber e fazer muito bem.

Daqui a umas semanas iremos de férias, juntos, claro. Depois disso, nos últimos meses do ano, tentarei escapar a viagens profissionais desnecessárias. De modo que me parece que as minhas viagens solitárias têm os seus dias contados. É por esta razão que esta pequena viagem na próxima semana terá um sabor especial. Será a minha derradeira viagem solitária pré-maternidade. Vão ser poucos dias, mas serão dias só meus, ocupados a fazer o que bem me apetecer, a divagar por aí de máquina fotográfica na mão, sem obrigações nem horários. Serão também dias para organizar as ideias e tomar consciência da nova fase que se aproxima. Sempre fui muito metida comigo, preciso de momentos de isolamento e solidão para estar bem comigo e com os outros. Nesta fase de mudança estes momentos são ainda mais importantes. Esta viagem será uma espécie de despedida dos meus anos de liberdade total, sem qualquer saudosismo ou arrependimento, quer do que vivi, quer do que me espera.

começou! :D

Vocês não me deviam ter dado ideias, e eu não devia ter andado a pesquisar roupas de bebé sem coelhinhos, ursinhos e afins. Estas vêm a caminho para se juntar à fatiota solitária que mora cá por casa.




Fotos rapinadas daqui (é favor não demorarem muito tempo a fazer a entrega, que eu estou mortinha por me apanhar com estas miniaturas nas mãos!)

16 semanas

Ontem estava eu toda entusiasmada com a ideia de tornar a ver o rebento, quando me informam que a consulta foi adiada. Fiquei ainda mais irritada por não me proporem logo uma data alternativa. Depois de vários telefonemas cá continuo eu à espera que se dignem remarcar o raio da consulta. Estaria muito mais preocupada se na semana passada, nos dias portugueses, não tivesse tido direito a uma passagem pelas urgências (nada de grave, só um susto) e não tivesse feito uma ecografia. Assim sei que, há menos de uma semana, o bebé M. estava muito bem alojado no seu T0 e cheio de actividade.

Hoje saí de casa com um top justo e não há como não reparar na minha ausência de cintura. Foi-se, sumiu, mas eu tenho esperança que daqui a uns tempos volte a dar sinal de si. 16 semanas! Ainda não acredito que daqui a um mês estamos a meio do caminho e que daqui a um ano teremos um puto de quase 7 meses nos braços.

16.7.14

mar

De volta a Itália.

Ontem o dia amanheceu a cheirar a calor e a mar, e a minha vontade de perder o avião foi mais que muita. Apeteceu-me ir em sentido oposto, no sentido que me traz o sabor a iogurtes quentes no fim das tardes de Verão da infância. 

Sempre disse que para ser feliz precisava viver perto de água, fosse mar ou rio. Nunca tinha colocado a hipótese de viver perto de um lago, até há um ano e pouco. Descobri agora que mais do que viver perto de água, preciso viver perto de água salgada. O lago tem o seu encanto, mas faltam-lhe as ondas e o sabor. Nadar num destes lagos quentes no Verão é como estar dentro de uma panela de água tépida sem sal.  

O tempero do meu dia vem daqui a mais umas horas com nova eco e, espero, mais umas semanas ultrapassadas com sucesso.

13.7.14

a criança já não terá que andar nua

Comprei a primeira roupa para o rebento. E tenho a sensação que agora que comecei não há quem me pare :D 

Gente entendida nestes assuntos, indicam-me lojas com roupas giras para bebé? Neste momento sou completamente ignorante no assunto, preciso mesmo de ajuda!

9.7.14

tempos modernos: saber o sexo do filho por mail :-)

XY

Tudo se tornou tão mais real. E eu, conhecida por ser uma rocha, só não chorei baba e ranho ao saber que estava tudo bem e que o bebé passou a ter nome porque estava sozinha e respirei muito fundo muitas vezes.

acho que não vou ficar na rua

Ontem fui visitar mais dois apartamentos. Tinha visto os anúncios na net e fui ver os apartamentos sem grandes expectativas. Os preços pedidos eram baixos para os preços habituais cá do sítio, o que era um indício de que não deviam ser grande coisa. Um deles dizia ter três quartos e duas casas-de-banho, mas nas fotos só aparecia um quarto e nada de casa-de-banho. Não é preciso ter muito jeito para o marketing para se saber que se temos algo bom para vender há que o mostrar muito e bem, enquanto que se o nosso produto não é brilhante não vale a pena mostrar misérias. De modo que as quatro fotos solitárias disponíveis me diziam que o que estava à vista era interessante, mas o que não se via devia ser uma desgraça. Fui na mesma, nada a perder.

Fui surpreendida. O das quatro fotos é fabuloso. Grande, luminoso, com uma cozinha separada da sala (aleluia! Afinal isto sempre existe em Itália!) e duas casas-de-banho (uma delas com banheira, rufem os tambores!). Tem realmente três quartos, um deles sem mobília, o que para nós, neste momento, é o ideal. Imaginei-me a viver ali. O outro é mais pequeno, mas igualmente cheio de luz. Também tem um quarto vazio, mas nada de banheira nem de cozinha separada da sala. Lado lunar dos dois: a classe energética é uma desgraça, o que em Invernos com temperaturas abaixo de zero é bastante relevante. Vou ver mais alguns e ponderar, mas o primeiro que vi ontem caiu-me no goto.

3.7.14

14 semanas, yeah!

14 semanas, o dobro do meu habitual. Continuo à espera dos resultados do teste Harmony, faltam mais duas semanas de paciência até me apanhar com o relatório na mão. Até lá nada de consultas nem de ecografias. Fico um pouco ansiosa por irem passar mais de 2 semanas sem fazer uma ecografia. Mais do que querer saber o sexo da criança, eu queria mesmo era começar a senti-la para me sentir mais sossegada. Uma das minhas companheiras de gravidez diz que já sente borboletas a voar na barriga. Eu não sinto absolutamente nada. Bem sei que é muito cedo para sentir seja o que for, mas que dava jeito, dava! 

 (Turim)

2.7.14

a procura de casa continua

Tínhamos encontrado um apartamento quase perfeito. Solarengo, espaçoso, recente e com um bom isolamento (essencial para os invernos gélidos e os verões abrasadores que se fazem sentir por estes lados). Tinha garagem e lugar de estacionamento, uma varanda grande e banheira. Tudos coisas normais em sítios normais, mas o sítio onde estou não é normal. Casas ou apartamentos recentes para alugar são uma raridade. Os que estão disponíveis são antigos, o que quase sempre equivale a dizer que têm um isolamento miserável, o que obriga a gastar enormidades em aquecimento no inverno. E uma banheira, a sério!, nunca imaginei que uma banheira fosse uma coisa tão rara por estes lados! Bom, tínhamos encontrado o apartamento quase perfeito, não fosse ficar ligeiramente afastado do centro cá do sítio, mas ainda assim dava para ir para o centro a pé ou de bicicleta (estou fartinha de não me mexer e andar sempre de carro!). 

Visitámos o apartamento, fizemos duas ou três perguntas e eu pensava de mim para mim "Pronto, não custou nada! Aqui está o que estávamos à procura!". Eu não sei o que é que de vez em quando se passa nas mentes masculinas, se é apenas disparate ou se o que dizem contradiz completamente o que estão a pensar, porque eu sei que Ele gostou tanto do apartamento quanto eu. Quando dou por mim está Ele a dizer à que seria nossa futura senhoria "Vamos pensar e falar um com o outro. Se aparecer mais alguém interessado..." E eu pensei "... por favor avise-nos, já que fomos os primeiros a visitar o apartamento!", mas o que ouvi foi "... não se prenda por nós."

Saí de lá a dizer-lhe que não devia ter dito aquilo, mas não valorizei muito. Mantive o pensamento optimista, por estes lados os apartamentos ficam que tempos vazios até serem alugados. Quando tornámos a contactar a dona do apartamento para comunicarmos a nossa vontade de nos mudarmos... já estava alugado. Disse em silêncio centenas de vezes "Eu bem te disse!", mas consegui ficar calada.

Continuamos à procura de casa, mas agora aquele apartamento não me sai da cabeça. Qualquer um que veja não me agrada, por eu queria Aquele!

1.7.14

a entrar no espírito

Às quase 14 semanas tirei a primeira foto ao espelho a mostrar a barriga. Pretende-se tirar uma por semana até ao final do ano ;)