28.9.14

o segredo...

... é andar de t-shirt branca! Fui ao restaurante do costume com uma t-shirt branca e a empregada que ainda ontem me viu (vestida de preto) deu-me os parabéns! Disse que ontem tinha ficado na dúvida, mas que hoje era evidente. Amanhã vou trabalhar de preto, aquela gente filha da mãe não merece ver-me a barriga.

a barriga e a fila do hipermercado

As semanas que passei em casa coincidiram com a fase em que a barriga se começou a fazer notar, ainda que pouco. De qualquer forma, estando em casa em repouso, a preocupação com a o que vestir era mínima. Depois, nos poucos dias de férias, já com a barriguita mais saliente, fui rodando entre uns calções de grávida e umas saias e vestidos pré-grávida. Volto a Itália, regresso ao trabalho e aos dias comuns e dou comigo a abrir o guarda-roupa e a pensar "Oh que diabo, e agora que raio é que visto?" Isto de ter que sair de casa todos os dias pançuda e com um ar apresentável, sem querer gastar balúrdios em roupa para ser usada 2 ou 3 meses, fez-me virar os armários do avesso. É certo que as escolhas estão mais bem limitadas do que normalmente, mas acho que consegui encontrar algumas peças pré-grávida que se adequam à fase actual (sim, já concluí que no dia-a-dia normal não preciso realmente de toda a roupa que tenho...). A barriguita saliente lá vai dando um ar da sua graça, mas convenhamos que estou a chegar ao final do sexto mês!

Ontem, estava eu na fila da caixa do hipermercado quando ouço a funcionária a gritar "Signora! Signora!" e manda avançar uma grávida. Eu fiquei ali a olhar para a barriga da grávida e para a minha, pus olhos de cachorro perdido e disse-lhE "Então, mas que é isto? Eu também estou grávida! Quando é que vou poder beneficiar do meu estado nas filas do hipermercado?" Responde-me elE que se nota pouco e que a forma como me visto disfarça, e que ou me começo a vestir de forma diferente ou só vou poder usar o trunfo da gravidez durante muito poucas semanas. Ainda por cima eu conheço a grávida que teve direito a tratamento privilegiado e sei que ela está grávida do mesmo tempo que eu. Humpf.

26.9.14

26 semanas

Foi a semana mais difícil dos últimos tempos, não pela gravidez, mas pelo regresso ao trabalho. Se me esquecer desta questão contextual foi uma semana sem sobressaltos. A ecografia confirmou que o M continua a desenvolver-se normalmente. Mexe-se que se farta e cada vez o sinto mais em cima. Sinto-o de forma mais intensa nas horas sossegadas de insónia, mas de vez em quando surpreende-me durante o dia. Ontem, estava eu concentrada nuns gráficos, quando fui apanhada de surpresa por um movimento brusco. Apanhei um valente susto.

Fiz o teste de tolerância à glicose e, estranhamente, o líquido mais do que açucarado soube-me bem e não me caiu mal. Fiquei de pé atrás quando a enfermeira me pediu que a avisasse caso vomitasse, mas não houve nada a assinalar. O meu estômago, conhecido por ser resistente, mostrou-se à altura da sua fama. Também fiz o exame da proteinúria (24 horas a fazer xixi para um garrafão, oh vida deprimente!) para perceber se os meus pés inchados ao final do dia são apenas uma consequência normal da gravidez ou se os meus rins me estão a deixar mal. Na próxima semana haverá resultados. Todos a torcer para não ter diabetes e para ter uns rins eficientes!

O regresso ao trabalho, e suas consequências menos felizes, fizeram-me parar de pensar nos preparativos para a chegada do bebé M, mas tenho que retomá-los rapidamente, não vá o rebento lembrar-se de querer ver a luz do dia antes do final do ano e apanhar-nos completamente desprevenidos. 

era uma vida mais monótona, se faz favor

A semana foi cinzenta escura, mas termina em tons de verde esperança. Um dia destes, quando me apanhar fora do contexto actual, poderei falar abertamente sobre o que se tem passado comigo de há um ano para cá. Escrever sempre foi libertador para mim, mas neste caso não é possível. Quando vos digo que não há nada que não me aconteça não estou a exagerar.

25.9.14

post cinzento

Nem sempre os dias são bons, mas dei comigo a pensar, pela primeira vez, que apesar de tudo o que de mau aconteceu tinha um motivo para estar feliz. Senti-lo a mexer por entre as minhas lágrimas nocturnas deu-me esperança e admito que me criou algum sentimento de culpa. Não devia fazê-lo passar pelas minhas tristezas, mas ontem foi inevitável. As maravilhas de estar de regresso ao trabalho...

23.9.14

fazer o pino

Bebé M está tão feliz no seu pequeno apartamento que decidiu fazer o pino. Desde ontem que sentia uns movimentos estranhos, uma espécie de vibrações que ainda não tinha notado antes. E sentia estes movimentos bastante mais acima do que o habitual. Hoje de manhã comentei com elE que ou o puto tinha dado a volta ou estava a ficar comprido e a tocar onde ainda não tinha tocado antes. Quanto ao comprimento não sei, mas que está de pernas para o ar, está! A médica diz que acha o rebento parecido com o pai, mas eu olho para as imagens da eco 3D e vejo um bebé igual a tantos outros. Tirar parecenças não é comigo, nem quando tenho as duas pessoas lado a lado, quanto mais quando uma ainda está in utero.

Eu estou bem, se me esquecer dos pés de Fiona. A médica acha que estou aqui para as curvas e mandou-me de volta para o trabalho. Embora agora me apetecesse mesmo não ter que aturar as criaturas com quem trabalho, acho que não será difícil tolerar estas alminhas mais um mês e tal, porque se posso ir para casa dois meses antes do parto, é isso mesmo que vou fazer. Portanto, estou em contagem decrescente para me dedicar totalmente à gravidez. Pelo meio ainda irei mais uma vez a Portugal, o que também torna este mês e pouco ainda mais curto. Quanto a viajar de avião em Novembro ainda é uma incógnita. A ver vamos como estarei daqui a um mês.

a recordar as férias no 1º dia de trabalho


back to school
Las Palmas, Gran Canária

o regresso (e a falta de vontade)

Acordei em Itália, madruguei e às 7.30 estava no gabinete. Admito que a minha vontade de voltar ao trabalho roçava o zero, mas já que é para voltar que seja em força. Logo à tarde tenho temos consulta. Na última consulta com a médica italiana, há quase 2 meses, o meu regresso ao trabalho nesta altura era algo ainda indefinido. A ver vamos qual o veredicto final (voltei hoje porque não me apetecia estar a gastar um dia de férias apenas porque sim; se vier trabalhar hoje e amanhã ficar em casa não vem mal nenhum ao mundo).

O que sinto agora vai contra a minha forma de agir até este momento. A última (única, penso eu!) vez em que tinha estado de baixa tinha sido há quase 15 anos. Foi um motivo de força maior. Nunca faltei ao trabalho depois disso. Na verdade, sempre passei mais tempo no trabalho do que era suposto. Mas agora dou comigo a pensar que destes 9 meses, que inicialmente pareciam imensamente longos, sobram apenas 100 dias. E provavelmente serão os últimos 100 dias de gravidez que terei em toda a minha vida, de modo que o que me apetecia mesmo era que a médica me mandasse para casa. Tenho o resto da vida para trabalhar, e da gravidez só me sobram 100 dias. Será assim tão absurdo querer ignorar o trabalho por agora e gozar esta fase única?

21.9.14

25 semanas

Mais uma semana que pareceu ter menos de 7 dias. Chegamos do Verão das Canárias e encontramos em Aveiro um Outono tropical, chuvoso e abafado. Os dias passaram-se calmamente entre passeios aos nossos sítios e encontros com amigos. Todos parecem achar que a minha barriga deveria ser maior para 6 meses. Na verdade não me parece que a barriga seja pequena, mas a arte de a disfarçar parece crescer em mim! 

Nuns dias sinto-te mais, noutros menos, mas parece que o teu pico de actividade se centra na madrugada, quase manhã. Nesse horário de pacatez e silêncio temos longos encontros de toques interiores e exteriores.

Na próxima semana haverá nova ecografia, já em Itália. Desde que voltamos das Canárias que estamos em contagem decrescente para o regresso. Não nos apetece. Não só não nos apetece, como não nos apetece nada. A viagem de Outubro já está marcada há vários meses, daqui a menos de um mês estaremos de volta. Depois ainda não sabemos e penso que é isso que mais nos angustia. Em princípio não haverá problema em voltarmos a Portugal em Novembro, mas caso algo corra menos bem para os meus lados posso não ter autorização para viajar de avião. Ainda há pouco 2015 estava tão longe e agora damos connosco sem saber se a viagem de Outubro será o nosso último regresso a dois a Aveiro. 

Às vezes dou comigo a pensar que caso levemos os nossos contratos até ao final em Itália, o bebé M poderá começar a falar em italiano. E se o italiano se tornar a sua língua? E se o português for a sua segunda língua? Como será se um dia tivermos oportunidade de voltar a Portugal? Como reagirá? Para nós é ponto assente que não queremos continuar em Itália, mas a verdade é que o bebé M conhecerá Itália antes de conhecer Portugal e o seu nascimento em Itália ficará para sempre registado no seu cartão de cidadão. E se depois de Itália formos para outro país qualquer, qual será a reacção do bebé M?

Tantas questões, tantos atropelos no pensamento que seriam evitados se estivéssemos em casa.

18.9.14

eu e o blog

Ontem não li o blog de fio a pavio, mas li alguns anos de blog (nem tinha noção de quanto tempo este blog já tinha). Notei uma diferença dos tempos mais antigos de blog para os mais recentes. Enquanto que há algum tempo quem aqui escrevia era uma personagem que tendia a exagerar e todas as situações descritas, hoje quem cá escreve sou mesmo eu. Não sou eu por completo, obviamente, mas a parte de mim que aparece reflecte a minha postura, as minhas opniões e os meus pontos de vista. Hoje o blog sou mais eu do que da Rosa.

os futuros pais e as futuras mães

Sou novata nestas lides e, para além da minha experiência, conheço apenas a realidade de mais algumas grávidas que me rodeiam, mas as opiniões são unânimes: a postura das futuras mães e dos futuros pais é muito diferente. Não me parece estranho que assim seja, reflexo mais do que natural das diferentes percepções da gravidez. Se eu que sinto o bebé a mexer e sinto o corpo a transformar-se tenho dificuldade em me imaginar no início do próximo ano com um bebé a habitar o meu espaço e a minha vida, o que sentirá um pai que vive a gravidez de forma completamente externa?

A sensação que tenho é que eles ficam tão felizes quanto nós, mulheres, mas ficam um pouco por aí. A chegada de um bebé exige uma preparação que não me parece simples nem imediata. Para além da preparação mental dos próprios, exige ser prático, exige dominar assuntos que nos são completamente estranhos, exige procurar informação, ler, reler, pesquisar experiências de quem já passou pelo mesmo e, finalmente, tomar decisões. E é em todo este processo que me parece que grande parte dos futuros pais está ausente. É bom saber que eles confiam nas nossas decisões, mas também seria bom que procurassem estudos sobre a qualidade dos carrinhos de bebé, quais os que mais se adequam ao nosso caso particular, que pesquisassem sobre tudo o que temos que ter em casa para assegurar a segurança e o conforto do bebé assim que este chegue a casa, que se preocupassem com o espaço que temos disponível para o bebé e de que forma o vamos usar, e tantas, mas mesmo tantas outras coisas. Na melhor das hipóteses confiam nas nossas escolhas, dizem que sim, que se compre, e ponto final.

Actualmente os meus tempos livres são ocupados basicamente a preparar a chegada do bebé. As minhas leituras mudaram. Quem vir o meu histórico de navegação percebe claramente que estou grávida, encontram desde fóruns sobre gravidez e maternidade a lojas online de tudo e mais alguma coisa que se relacione com gravidez, maternidade e puericultura. As leituras de quem divide o espaço cá de casa comigo não mudaram e não me parece que a preparação da chegada do filho seja o seu foco. A felicidade dos dois é igual, mas o envolvimento é nitidamente diferente.

17.9.14

o dia em que me ia dando uma coisinha má

Hoje lembrei-me de pesquisar na net opiniões de grávidas sobre o parto no hospital italiano onde o bebé M verá pela primeira vez a luz do dia. Todas as opiniões eram muito positivas, reforçando a ideia que eu já tinha do serviço de obstetrícia desse hospital. Das duas vezes em que lá estive internada (e apesar de não terem sido momentos fáceis) fui muito bem tratada, todas as vezes em que fui às urgências (e já foram várias) fui atendida de forma célere e competente, e a obstetra que me segue também lá trabalha e tem sido excelente. Estava eu feliz da vida quando reparo que várias grávidas referem o "pormenor" de lá não darem epidural. Como??? Leio mais uma opinião e mais outra e lá surge o tal pormenor doloroso. Oh diabo... estará na altura de ponderar ter a criança em Portugal? Reparo entretanto que aquelas opiniões já eram de 2008, 2009 e 2010. Procuro informação mais recente sobre a epidural em Itália e percebo que a epidural em Itália só está disponível, de forma gratuita, para todas as mulheres, desde Janeiro de 2013. Ainda estou de queixo caído. Epidural gratuita só desde o ano passado? Estamos a falar de Itália ou de um país do terceiro mundo? Não, estamos a falar de um país do G7. Ai, Portugal, Portugal, que só te valorizamos depois de nos apanharmos longe.

presidiário

Chegou hoje o fatinho de presidiário do bebé M! :D


a primeira roupa

Nos grupos de grávidas a que pertenço vejo uma preocupação constante das futuras mães com as fatiotas que os bebés vão vestir nos primeiros dias de vida e, especialmente, com a primeira roupa. Juro-vos que nunca até aqui me tinha ocorrido que a primeira (ou as primeiras roupas) pudessem gastar tanta energia das futuras mães. Talvez eu seja demasiadamente prática, mas a minha única preocupação ao comprar roupas para os primeiros dias foi mesmo que abrissem e fechassem à frente para que eu não desconstrua o rebento mal lhe ponha as mãos em cima e que não causem demasiado desconforto ao bebé. Fujo intencionalmente de laçarotes e folhos gigantescos,  e de botões nas costas. Nem eu gosto de me deitar e sentir os botões nas costas, quanto mais um recém-nascido que sempre se conheceu a viver nu em meio aquático. Há momentos em que me sinto uma futura mãe com muito poucas características de futura mãe.

o meu ponto de vista

Quando abortei a primeira vez lembro-me que pensei que abortar por opção não devia ser permitido. Eu estava ali a sofrer porque a Natureza tinha jogado contra mim e havia quem voluntariamente interrompesse uma gravidez? Não, para mim naquela altura não fazia sentido e magoava-me pensar que o que não me tinha sido permitido era rejeitado por opção por outras mulheres.

Sempre (com excepção aqueles curtos meses) fui a favor da despenalização do aborto e continuo a ser. Naquela altura não era a minha razão a opinar por mim, era a minha dor. Mais tarde, ainda antes de chegar a esta terceira gravidez, voltei a acreditar que nenhuma mulher deve ser obrigada a ser mãe sem o desejar realmente. Agora, quase no final do sexto mês de gravidez, sinto-o ainda com mais intensidade. A gravidez, para mim, é um processo de enamoramento constante. O que sinto actualmente por este bebé, que enquanto escrevo se agita dentro de mim, não é o mesmo que sentia quando o teste de gravidez me mostrou duas riscas cor-de-rosa, nem é o mesmo que senti na primeira ecografia, nem na segunda..., nem o que sentia antes de saber que era um menino, nem até há umas semanas, quando ainda não o sentia, nem o que sentia há dois ou três dias. Queria muito este bebé, mas não senti uma explosão de amor quando soube que estava grávida. Senti-me feliz, obviamente, desejei com todas as minhas forças que esta gravidez fosse diferente das anteriores, mas foi apenas isso. Não sei o que acontecerá a uma grávida que não passa por este processo de enamoramento porque na verdade o ponto de partida do amor nunca existiu. Porque todos sabemos que o amor, seja de que tipo for, exige tempo e dedicação a partir de um momento em que algo nos faz ver o outro de forma diferente, a partir do momento em que se dá o "clic". O que acontece a uma grávida que não sente o "clic"? Como se lidará com um longo processo de mudança física e mental que não se quer e imagino que dificilmente se aceita?

As minhas primeiras semanas não foram fáceis, a transformação do corpo é algo que me custa um pouco a processar, tanto pelo momento actual como pelo futuro (como é que estarei daqui a um ano? Será que tudo voltou ao lugar ou as marcas cá ficarão para sempre?), e sei que a parte mais difícil ainda está para se dar com a entrada no terceiro trimestre. Perceber (não me ocorre outra palavra) a chegada de uma criança não é fácil nem imediato. Estou quase a três meses de ter o bebé M nos braços e ainda me parece tão pouco real... Por tudo isto continuo a acreditar que só uma mulher que quer ser mãe consegue lidar de forma sã com todo este processo. Não consigo imaginar o que sentirá uma grávida que não deseja ser mãe quando sente o seu bebé a mexer-se dentro de si. Continuo a acreditar que só deve ser mãe quem realmente o deseja.

o que já não acontecia desde Abril!

Dormi uma noite inteirinha sem ter que me levantar para o xixi habitual. Uma noite inteira sem interrupções, sem insónias, sem nada. Só eu, o sono e a cama. Sinto-me a Alice no país das maravilhas!

16.9.14

24 semanas



(Arguineguín, Gran Canária)

Nesta semana de sossego e afastamento do mundo real houve uma noite em que dei comigo acordada a horas que não lembram a ninguém. Ali estava eu de papo para o ar enquanto esperava que o sono me viesse dizer olá quando o bebé se mexeu vigorosamente. E assim continuou durante algum tempo. Não é que tivesse dúvidas sobre o que estava a sentir, mas pus as mãos em cima da barriga para confirmar os movimentos agitados do bebé M. Tem havido dias em que o sinto mais e outros em que não o sinto tanto, mas finalmente sinto-o todos os dias. 

Finalmente assumi a minha barriga. Ter estado uma semana entre a piscina e o mar resolveu a questão. De biquini, esticada na espreguiçadeira a mostrar a pança recente, durante uma semana, resolvi qualquer problema que pudesse ter com a minha imagem actual. A minha única preocupação esta semana foi o peso. Sem balança não tinha como controlar a evolução do peso (não é de agora, há muitos anos que me peso todos os dias, não há melhor forma de controlar o peso) e estava um pouco preocupada com isso. Mas, bolas, estava de férias no paraíso. Comi como e o que me apeteceu e esperei que não se desse o descalabro. Ontem cheguei a casa e pesei-me. O peso não se alterou nada. Yeah! Depois de ler relatos de colegas que aumentaram 3 quilos nas férias estava um pouco preocupada com o momento da verdade em cima da balança. Mas, para já, não tenho motivos para me preocupar. Tenho para mim que as longas horas em movimento dentro de água ajudaram a equilibrar os pequenos excessos.

Achava que esta semana de férias no resort, férias completamente diferentes das habituais, poderia ser um aborrecimento de morte e que a meio já estaria mortinha por me escapar dali para fora. Não foi nada assim. Fiquei fã das férias e do hotel onde estive. Descanso total. Entra-se ali e esquece-se a realidade. Por outro lado foi uma espécie de estágio e de adaptação ao que me espera a partir de agora. Havia muitos casais com bebés e crianças muito pequenas, o que só vem confirmar que as crianças não são uma prisão total e que é possível sair de casa e ir de férias com elas. Andam todos a dizer-me que esta foi a última viagem em muito tempo. Aos primeiros ainda respondi, depois cansei-me e deixei-me disso. A ver vamos como lidamos com a novidade, mas os casais que vi nestas férias pareceram-me serenos e felizes, assim como os bebés que estavam com eles. Quero crer que conseguiremos ser assim também.

7.9.14

fotos

Aumentei o stock de filmes para a máquina fotográfica instantânea. Encomendei dois panos engraçados, supostamente sem grande utilidade, para além de servirem para embrulhar o bebé em sessões fotográficas. A ver vamos se lhes darei uso ou se o caos se instalará de tal forma que não haverá nem tempo nem paciência para as agora ansiadas fotografias.

6.9.14

cá e lá

Dois dias depois de ter voltado levantei-me cedo, peguei na máquina fotográfica e caminhei serenamente pelos sítios que já foram os meus. Estes sítios continuam a ser os meus. Se voltasse agora recomeçaria a minha vida como se nunca de cá tivesse saído. É estranha esta sensação de não estar mas, ao mesmo tempo, de poder retomar os dias como se sempre cá tivesse estado. Vimos cá quase todos os meses, ultimamente mais do que isso, continuamos a ir aos sítios do costume (não sei sequer se os empregados dos "nossos" restaurantes já se aperceberam que agora não vivemos cá), e vamo-nos apercebendo dos novos sítios que nascem. Os vizinhos no prédio são os mesmos, a rapariga da pastelaria cumprimenta-nos como se nos visse todos os dias, continuo a ter o nome na porta do meu antigo gabinete.

À medida que o M vai crescendo dentro de mim a nossa vontade de regressar é maior, por nós, mas mais pelos nossos pais e pelo bebé. Sinto-me a privá-los de algo a que deveriam assistir em contínuo. Agora conseguimos vir a Portugal uma vez por mês, e depois do M nascer, conseguiremos fazer o mesmo? Ou será que a logística se complicará e a frequência das viagens terá de diminuir? Se estivéssemos cá os avós veriam o M todos os dias. Se estivéssemos cá o bebé M não teria de ir para a creche quando entrar no quarto mês de vida, em Itália não temos alternativa. Se estivéssemos cá o bebé teria o seu quarto com tudo a que tem direito, em Itália terá um quarto temporário, sem grandes mariquices porque sabemos que será o seu quarto por um curto período. Se estivéssemos cá o M conheceria desde o nascimento os filhos dos nossos amigos e teria contacto com muito mais pessoas. Se estivesse cá poderia gritar em português durante o parto.

Temos margem de manobra, os nossos contratos estão longe do fim, mas a ideia de regressar faz mais sentido a cada dia que passa.

23 semanas

As 23 semanas chegaram quase sem dar conta, por entre as férias, o casamento e o regresso às origens. Não sinto a urgência inicial de fazer uma contagem decrescente dos dias até à semana seguinte. Não estou a tomar nada como garantido, mas estou mais serena, e mais distraída (efeito das férias).

Sinto os movimentos do bebé de forma mais frequente, mas menos nítida. Agora os movimentos parecem-me mais interiores e difusos, enquanto que quando os senti pelas primeiras vezes eram claramente mais localizados e sentia-os mais próximos da pele. A partir das 18 semanas a barriga decidiu mostrar-se e assim continua, a dar um ar da sua graça por entre a roupa mais justa.

Em várias livrarias dei comigo a pegar em livros de recordação dos primeiros tempos do bebé e não consigo gostar, nem me consigo identificar, com nenhum. Nestes livros não me agradam as fotos fofinhas de outros bebés. Se o livro é sobre o M por que raio de razão há de estar pejado de bebés de catálogo? Também não me agradam as informações padrão. "O pai queria que eu me chamasse... A mãe queria que eu me chamasse..." Não se aplica a nós, sempre estivemos em sintonia neste aspecto. Mas gosto das ideias de alguns. Agradam-me as histórias infantis pelo meio das informações do bebé e acho piada a, por exemplo, fazer uma compilação dos preços correntes de alguns produtos na altura do nascimento do bebé. Também gostei da sugestão de guardar algumas notícias do dia do nascimento. Vou fazer o meu próprio livro, sem secções pré-definidas e apenas com o que me agrada.

Eu continuo bem, sem desconfortos de maior. As minhas colegas do grupo de grávidas a que pertenço queixam-se de dores na coluna e nas pernas, de braços e pernas dormentes, de contrações prematuras e de dificuldades em dormir. Até agora nada disto me bateu à porta. Tirando os pezinhos de Fiona quando estou muito tempo sentada, ou quando ando de avião, nada a assinalar. 

Já faltam menos de 17 semanas. Ainda não estou em mim (17 semanas?), e apesar da ansiedade da fase inicial, parece que o tempo agora acelerou e estamos em contagem decrescente. Quando voltar a Itália tratarei de comprar as coisas maiores e preparar a sério a chegada do bebé M.

4.9.14

no dia do casamento

A funcionária da conservatória: "Já cá estão todos?"
Eu: "Todos os dois!"

Casamento a dois, ele de calções, eu de vestido de Verão. Perfeito!

3.9.14