30.6.14

barriga de quase 14 semanas

As grávidas do mesmo tempo que eu com quem vou tendo contacto ficam felizes por as terem deixado passar à frente no supermercado (porque isso mostra bem que estão visivelmente grávidas), ou andam tristes porque a barriga pouco se nota. Não faço questão de andar sempre contra a corrente, mas eu continuo contentinha por, para já, ser uma grávida camuflada. Sim, eu noto que a cintura desaparece a olhos vistos e que estou mais cheiita. Mas se inspirar fundo e encolher a barriga ela ainda volta quase ao ponto de partida. Mesmo usando roupas mais justas não tenho sentido olhos curiosos na minha cintura, mas também é certo que me tenho vestido de forma a não levantar suspeitas. Eu bem sei que daqui a pouco tempo a gravidez estará à vista de todos, e não tenho problema nenhum em mostrar uma barriga proeminente, mas já que isso está garantido (a não ser que... vá, esqueçamos isto agora) eu quero aproveitar a minha quase ausência de barriga enquanto for possível. 

procura-se casa (ou de como começa a ser real)

Estou à procura de casa. Aquela onde vivo agora é incompatível com um bebé. É idílica, campestre, aconchegante, mas não corresponde às necessidades futuras. Já avisei que sairei dali em breve, mas ainda não encontrei o novo poiso. Desejem-me sorte, que encontrar uma casa ou apartamento decente por estes lados é coisa para demorar. Temos uma longa lista de requisitos e só estamos dispostos a abdicar da centralidade. Temos três meses para nos decidirmos ou ficarmos a morar na rua, já que pontes por estes lados não há.

o fim-de-semana em Turim e a parada gay

Fui passar o fim-de-semana a Turim. Gostei muito mais de Turim do que de Milão. Cidade acolhedora, com um centro relativamente pequeno que se percorre muito bem. O Museu Egípcio encheu-me as medidas e ao do Cinema irei na próxima visita. Na tarde de sábado comecei a achar estranho o amontoado de gente e o número de polícias na rua. Até que começou a parada gay (e outros termos afins) e o mistério ficou resolvido. Tive pena do meu tempo ser limitado e de não ter tirado fotos com a calma e o sossego que as cores e a disponibilidade dos modelos exigiam. Gostei do ambiente descontraído e sereno. Tenho para mim que o meu acompanhante se sentiu pouco à vontade e que me tentou arrastar dali para fora o quanto antes.




27.6.14

tem sido assim

Aos poucos vou descontraindo e sinto que vou estando um pouco menos condicionada pelo passado. Esta fase é nova e tudo corre normalmente. As minhas probabilidades de que algo corra mal neste momento são as mesmas de qualquer outra grávida. Mas ainda não consigo imaginar a nossa casa com um novo habitante a partir de Janeiro. Ainda é algo inacreditável e aparentemente distante. Comentei isto há dias com uma amiga mãe recente, que me disse que o filho dela já tem 6 meses e ela ainda acorda a achar que não é verdade que tem um filho, de tão maravilhosa que está a ser a experiência. Portanto assumo que esta minha sensação de incredulidade é natural.

Continuo a não ter comprado nada para o bebé, para além da chupeta e do biberão pouco ortodoxos. Não consigo explicar porquê. Talvez ainda me esteja a defender e nem dê conta. Todos me perguntam se já sei o sexo do bebé. Não penso nisso. Acho que ter esta informação torna o bebé mais real, começa a atribuir-lhe uma identidade. Acho que inconscientemente ando a fugir a isso. Quanto mais impessoal se mantiver menos riscos corro. Sim, eu sei que neste momento corro tantos riscos como qualquer outra grávida, mas acho que o receio continua cá, escondido, bem camuflado, mas no fundo continua cá.

Tenho facilidade em reflectir sobre o que se vai passando, sobre o que penso e sinto, e isso ajuda-me a perceber-me e a encontrar razões para as minhas sensações. Acho que tenho vivido estes meses da melhor forma possível, de forma serena, com os pés bem assentes no chão. Acho que tenho tomado as decisões correctas, nos momentos certos. E tenho seguido a minha intuição, que ainda antes do teste positivo já me dizia que estava grávida.

um terço do tempo já passou!



25.6.14

Porto --> Itália, quando?

Devia estar em Itália desde ontem à noite, mas continuo no Porto. Nas muitas viagens que fiz já tive vários voos atrasados, alguns muito atrasados, mas ontem pela primeira vez tive um voo cancelado. O voo está agora previsto para hoje à tarde, mas a greve dos controladores aéreos franceses continua, de modo que não há garantia de nada. É  esperar para ver, nada mais há a fazer.

ano novo, vida nova - nunca antes foi tão verdade!

Nova data prevista do parto: 1 de Janeiro! É ou não é um bom sinal?

Mede 6,5 cm, (info seguinte só para também anda nestas andanças; demasiado específico para o público geral, eu sei!) o osso do nariz está lá e a translucência nucal foi difícil de medir por ser quase invisível. Portanto, para já, só boas notícias. Resultados do teste Harmony daqui a 3 semanas, altura em que também saberei se o baby M é um ele ou uma ela. Seja ele ou ela será sempre baby M, porque muito antes de nós ponderarmos ter filhos os nomes foram escolhidos, numa ocasional conversa de café!

22.6.14

12 semanas

Há já umas semanas que os enjoos que duravam o dia inteiro se foram. Andava toda contentinha, embora nos primeiros dias sem enjoos tenha ficado preocupada com a ausência do sintoma. Quando percebi que os outros se mantinham sosseguei. E pensei de mim para mim que agora é que ia ser, nada de enjoos e, como que milagrosamente, também muito menos fome! Até que há dois dias me apareceu uma bola de fogo na garganta. Depois de mais de três décadas de vida descubro o que é azia. Não me importava nada de continuar na ignorância!

Ontem, em Portugal, no primeiro dia de Verão comprei as minhas primeiras calças de grávida :D Amanhã há eco!

19.6.14

porquê, mas porquê?

Os fóruns e grupos de grávidas têm-me sido muito úteis. De certeza que já alguém teve a nossa dúvida. É só pesquisar ou perguntar e eis que lá está a resposta. Mas eu sinto que não falo a linguagem da maioria. Há especialmente uma coisa que me irrita e me faz rir ao mesmo tempo. Mas por que raio é que as pessoas não se tratam pelos nomes ou pelos nicks e se tratam por mamãs, como se ao entrar ali perdêssemos a individualidade e fossemos apenas mais uma ovelha do rebanho? Pior, a maioria ignora o til, e acabam por se tratar umas às outras por mamas. Surgem coisas do género:

Olá mamas! Muito obrigada por me adicionarem ao grupo.

Eu bem sei que nesta fase esta é uma parte do corpo com especial relevo, mas, a sério, vocês querem-se mesmo tratar umas às outras por mamas?

18.6.14

mas não era suposto nesta fase eu dormir como se não houvesse amanhã?

Sono eu tenho, durante o dia! À noite adormeço rapidamente, mas pouco tempo depois acordo com uma vontade incomensurável de fazer xixi. Lá vou eu, escada abaixo, escada acima. E quando me torno a deitar o sono sumiu. Não é incomum ficar horas a rebolar na cama e a ver as horas a passar. Quase que invariavelmente estou a dormir como um anjo na hora de me levantar. Ah, isto se estivermos a pensar nos dias de semana, porque ao fim-de-semana madrugo, tenha dormido muito ou pouco. Mas nesta fase eu não deveria dormir este mundo e o outro numa tentativa de compensar (está bem, está!) as muitas noites em claro que se seguirão daqui a uns meses? Oh que diabo! 

espalhar a boa nova

No trabalho os dois ou três colegas mais próximos já sabiam da novidade. Aos restantes não fazia questão nenhuma de contar. Mas há uns tempos fiz um pé de vento para participar numa formação e eis que agora me vejo obrigada a faltar a um dia dessa formação porque vou a Portugal fazer o teste Harmony.  Bom, lá me vi obrigada a explicar o motivo da ausência à organizadora da formação e ao big boss. Isto é gente para espalhar a notícia em menos de 30 segundos. A ver vamos se começo a ver olhares centrados na minha barriga! Não me apetece contar a mais ninguém, não são meus amigos, não me são próximos, não me preocupo minimamente com eles e o sentimento é recíproco. Se as duas criaturas que informei hoje não se desbroncarem, os outros hão de saber quando acharem que a gordura localizada na minha barriga é demasiado suspeita!

o bigode e as coisas fofinhas

Do muito que tenho lido e ouvido tenho percebido que o bafo da maternidade nos pode soprar forte e quente mal nos apanhamos com as duas riscas à frente, mas também pode ir aparecendo devagar devagarinho à medida que as semanas vão passando e o corpo se vai transformando. Espero pertencer ao segundo grupo, porque se não for isso está o caso muito mal parado! Apesar da gravidez planeada e sofrida dados os antecedentes, a verdade é que para já não há dentro de mim uma explosão de amor maternal a salpicar todos os recantos das minhas entranhas. Sinto necessidade de proteger o ser que habita dentro de mim, mas para já não passa disso.

Pertenço a um grupo de grávidas e todas elas estão possuídas pelo dom (a maldição?) das palavras fofinhas ditas em tom pastel. Publicam fotos esbatidas e amorosas e partilham listas com uns 2 quilómetros de compras essenciais para elas, para o rebento e para a casa. Fazem berços (meu Deus, há quem esteja a fazer o berço com as próprias mãos!) e transbordam maternidade por cada poro.

Depois existo eu: comprei (só) uma chupeta com um bigode e um biberão onde se lê "vodka". Disse-me uma  companheira de grupo quando partilhei a foto da bigodaça "Mas pode ser uma menina...". Ora, pois pode! E se for será uma portuguesa típica já com um belo buço à saída do hospital. Achei que para não me expulsarem do grupo talvez fosse melhor não partilhar o biberão alcoólico.

É certo que para já ainda me estou a defender de algo que possa correr menos bem, daí também a minha pouca pressa em saber se é menino ou menina. Ter essa informação vai tornar mais real e próximo o meu pequeno habitante. Mas ainda que não tivesse um passado cinzento escuro neste campo não me imagino a borbulhar lacinhos e estrelinhas.

Mas o melhor é não dizer "desta água não beberei" ou daqui a umas semanas ainda me arrependo!

17.6.14

que os cromossomas estejam todos no lugar e no número certo

Para quem já passou por duas perdas, saber que a amniocentese tem um risco de aborto, ainda que baixo, não é algo animador. Noutra situação pensaria que aquele 0,5% a 1% de probabilidade decerto que não me viria bater à porta, mas já se viu que a sorte nem sempre está do meu lado. Decidi procurar alternativas e encontrei o teste Harmony. Nunca tinha ouvido falar sobre ele. Na verdade até há um ano tudo o que se relacionasse com maternidade e gravidez passava-me completamente ao lado. Já depois disso tenho procurado informação à medida que os acontecimentos se vão sucedendo. De modo que nunca tinha chegado à fase de pensar numa amniocentese ou em alternativas, até há poucas semanas.

Falei no teste Harmony às duas obstetras que me têm seguido (sim, é capaz de estar na altura de optar por uma!) e as duas foram unânimes: é a melhor opção, vamos evitar todos os riscos possíveis. Assim, no início da próxima semana estarei de volta a Portugal para fazer o tal teste que, na verdade, consiste apenas na recolha de sangue. E por que vens tu a Portugal fazê-lo?, perguntam vocês. Porque em Itália é bastante mais caro, como praticamente tudo o que se relaciona com o sistema de saúde. Eu sei que em Portugal nos queixamos, e não digo que seja sem razão, mas em Itália a saúde paga-se muito bem.

Voltando ao mais relevante, no mesmo dia em que farei o teste farei também uma ecografia, porque as nossas mentes precisam de sossego e os nossos corações precisam de ver um coração a bater para irem confirmando de duas em duas semanas que à terceira é de vez. Terei os resultados do teste Harmony duas semanas depois. Com estes resultados virá também o sexo do bebé. Vamos lá ver se o meu palpite bate certo, embora isso seja o menos relevante.

16.6.14

1 ano depois

Faz hoje exactamente um ano que descobri que estava grávida pela primeira vez. Os sinais da gravidez eram mais do que evidentes, mas um "vai ter dificuldade em engravidar" ouvido há muitos anos fazia-me acreditar em tudo, menos nessa possibilidade. Lembro-me de pesquisar na net como se dizia teste de gravidez em italiano, e fui à farmácia comprá-lo para descartar essa hipótese. Tinha mudado de casa exactamente naquele dia, o dia em que completava um mês em Itália. Andava em limpezas e arrumações quando dei por mim a pensar "Mas estou à espera de quê? Vou fazer o teste e pronto!". E fiz. E a linha que confirmava a gravidez apareceu em tempo record, antes de aparecer a linha de controlo. Fiquei a olhar para o teste com ar desconfiado e fui procurar na net que raio de razões poderia haver para um teste de gravidez dar positivo quando não se está realmente grávida. Descobri que há tumores que produzem a hormona associada à gravidez, o que obviamente origina testes de gravidez positivos. Marquei uma consulta e lá fui eu, uma semana depois, uma semana que demorou anos, preparada para ouvir um veredicto pouco feliz. Estava há cinco semanas em Itália, não conhecia quase ninguém, não falava italiano e ainda não percebia como funcionava nada no meu novo país. Não contei os meus receios à médica, esperei para ver. Vi um embrião com sete semanas e um coração a bater. Não sei dizer o que senti para além de espanto. O resto vocês já sabem.

Um ano depois já falo italiano, já mudei de casa mais uma vez, já não estou cá sozinha, já me sei movimentar no sistema de saúde italiano e não só, estou grávida de 11 semanas e devo dizer que o botão das calças começa a mostrar-se relutante sempre que o quero apertar!

11.6.14

10 semanas e um dedo na boca


(Sirmione, Itália, um destes fins-de-semana prolongados; or cá têm sido muitos!)


Pouco mais de 3 centímetros de gente e conseguimos ver um dedo na boca. Mexe-se imenso e o coração bate de forma veloz. Chegámos às 10 semanas! Ainda estou incrédula, estou habituada a gravidezes que por esta altura já terminaram. Pode soar estranho, mas é a verdade. De vez em quando já digo que temos que tratar disto e daquilo, colocando a hipótese de que tudo vai correr bem desta vez, mas acho que ainda não acredito verdadeiramente que podemos começar 2015 a três e não a dois.

Um quarto do tempo já passou!

10.6.14

expectativa



Cinque Terre, este fim-de-semana


Quando deixar de viver em Itália vou ter saudades destes fins-de-semana de cor e novidade. Cinque Terre é mesmo como nas fotos que vemos por aí, espalhadas na net, mas mais quente! Trinta e tal graus e uma água azul e verde que nos chama sem podermos dizer que não. As pessoas são simpáticas e a comida muito boa. Comi pela primeira vez lasanha de pesto e adorei. 

Mais logo, nova consulta e nova eco. Estou mais apreensiva do que das outras vezes. Parte dos sintomas desapareceu, o que me deixa de pé atrás. Os enjoos e as náuseas sumiram, o paladar que andava completamente alterado está mais normal, a fome diminuiu. Bem sei que pode ser normal, mas quase há um ano tomei como parte normal do processo o desaparecimento dos sintomas e tive uma supresa muito pouco agradável às 11 semanas. Nada a fazer além de esperar pelas cinco da tarde e ver o que aquele ecrã a preto e branco me reserva.

4.6.14

diferenças

Quando vi o meu nome na porta do meu antigo gabinete, e quando soube que a minha secretária continuava desocupada, não pude deixar de pensar que no sítio onde trabalho actualmente costumam retirar os nomes de quem sai no dia a seguir a terem ido embora. Mal se sabe que alguém vai sair há uma luta dos que ficam para ocupar o lugar vazio no gabinete, caso o gabinete seja interessante de algum ponto de vista. E soube há pouco que 15 dias antes do contrato terminar a possibilidade de fazer chamadas deixa de existir, incluindo as de trabalho.

Em Aveiro tinha o gabinete com melhor vista do edifício onde trabalhava. Um ano depois ninguém se mudou para lá, nem ninguém teve pressa de arrancar o meu nome da porta. Nunca o meu telefone foi desligado com receio que eu levasse a instituição à falência com as minhas chamadas. Tive problemas sérios no meu percurso de mais uma década naquela instituição e, apesar de em alguns momentos ter sentido que as pessoas eram números, sei que não o são para todos. Não é por acaso que sempre que volto às origens volto ao meu antigo local de trabalho, ponho a conversa em dia e encontro quem realmente me conhece e me respeita.

No sítio onde trabalho actualmente não há dificuldades financeiras nem qualquer tipo de limitação a esse nível, a crise não se faz sentir, mas as instituições são, em primeiro lugar, as pessoas e, só depois, o dinheiro que têm.

3.6.14

e se?

Fim-de-semana que se prolongou por quase uma semana em Portugal. Senti-me em casa, como sinto sempre, mas desta vez senti-me mais em casa. Um ano depois houve obras, sítios que mudaram, bares, lojas e restaurantes que fecharam e outros que os substituíram. Tenho vindo com tanta frequência ao meu ponto de partida que tenho acompanhado todas as mudanças de forma gradual, como quase se aqui continuasse a viver. Estive no antigo local de trabalho e continuo a sentir que pertenço ali. O meu nome ainda está na porta do meu antigo gabinete e a minha secretária continua vazia. Pela primeira vez dei comigo a pensar se há um ano tomei a decisão correcta. Na verdade, e agora que coloco as palavras por escrito, sei que não foi isso que pensei. Mas dei comigo a reflectir sobre a minha vontade de prolongar a decisão tomada. Sei que fiz o correcto ao sair da minha zona de conforto, em me desafiar, em me pôr à prova. Talvez o meu momento de reflexão tenha sido potenciado pelas minhas novidades mais recentes. Talvez agora o meu foco esteja a mudar, e nesta fase me apetecesse voltar aos meus, à minha casa, aos meus sítios, à minha praia. Talvez seja só a reacção imediata de quem se sente a atravessar o desconhecido e se sinta mais segura em terreno conhecido e seguro.

Os próximos tempos dirão se esta sensação se irá manter ou se à medida que me for habituando à minha nova realidade me sentirei mais confortável na minha posição de emigrante. Mas, digo-vos, esta foi a primeira vez em que tive vontade que a hora de ir embora não chegasse tão cedo.

De qualquer forma daqui a menos de 3 semanas estarei de volta para novo fim-de-semana prolongado!