30.1.13

29.1.13

em contagem decrescente

Tudo ao mesmo tempo, tudo. No mesmo dia duas ofertas aparentemente irrecusáveis. Fico feliz pelas escolhas que tenho tido que fazer, mas dói-me cá dentro ter tido que dizer não a algo que queria tanto. Na hora de escolher parece que afinal não queria assim tanto. Na verdade queria, mas a razão levou-me para outro lado, e desconfio que lá no fundo, pesando tudo, as emoções seguiram a razão. Uns dizem "ainda falta tanto!", outros lamentam o pouco tempo que ainda nos sobra. Tenho os dias contados, penso de mim para mim. Começou a contagem decrescente. Há que fechar este capítulo no tempo que me resta e preparar a escrita do novo dentro do mesmo tempo.

Hoje fugi a correr, se ali continuasse íamos começar os dois a chorar. Os olhos já estavam húmidos e raiados de vermelho. Esperam-se tempos difíceis que, na verdade, são também desejados. 

28.1.13

quase em modo silencioso

Tantas emoções cá dentro e outra tanta falta de palavras para as partilhar. E, sejamos honestos, falta de vontade também. Como se o abrir a boca, ou o coração, pudesse trazer azar e deitasse por terra o que tanto se ansiou. O ser cada vez mais racional que sou, de vez em quando, volta a ser a miúda que contava até ao sétimo carro e só se fosse vermelho é que o João gostava dela.

Mudei tanto nos últimos tempos que, por vezes, me admiro. Hoje, por acaso, contei a uma amiga que há poucas semanas tinha estado, praticamente um ano depois, no mesmo espaço que o filho da mãe que há um ano me tentou atingir sem olhar a meios. Ela, admirada, perguntou-me como tinha sido capaz. Não soube o que lhe responder. Achei, simplesmente, que não deveria deixar de fazer algo que me apetecia porque ele lá estava. Se ignorei as acções dele há um ano, muito mais fácil seria ignorá-las todo este tempo depois. Continuo a achar que ignorar  e manter um low profile são armas poderosas. E foi também nisso que mudei. Há uns anos era uma bomba sempre pronta a explodir e a atingir quem merecesse. Passou a fase de explosão e, agora, considero que atingir alguém com silêncio e elegância é bem mais profícuo. Também aprendi a perdoar, ou a deixar passar o tempo. Fiz o impensável: um dia destes cumprimentei alguém que ignorava há anos. Precisava já de forçar a memória para me lembrar do que  tinha provocado o afastamento. Não fazia sentido continuar a fazer de conta que não o via. 

E é isto, tenho os assuntos que estavam por resolver resolvidos. O que desconfio que se nota aos olhos alheios, ou é isso ou ando a transbordar de charme e sensualidade, mas isto seria tema para outro post, se eu não tivesse medo que desse azar.

24.1.13

nunca o "vemo-nos por aí" fez tanto sentido

2013, em menos de um mês tornaste-te num ano que desconfio que será decisivo. A resposta esperada chegou tal e qual foi desejada. A decisão está tomada, o que não significa que os olhos não se vão encher de lágrimas. Os poucos que já sabem estão felizes e tristes ao mesmo tempo e eu também. Não tomo esta decisão de ânimo leve, embora possa parecer. Seria muito mais fácil ficar quieta, à espera que dias melhores viessem ou que a sorte desse um ar da sua graça, mas eu nunca fui pessoa de esperar passivamente e prefiro confiar no meu trabalho do que na sorte. Começar do zero dá-me uma liberdade tal que ao mesmo tempo me assusta.

17.1.13

Nem de propósito, ontem, nem sei bem porquê, escrevi aquele post. Hoje, uma das pessoas que se associou a quem tão mal me tratou, bateu-me à porta e pediu-me apoio para algo que aqui não vem ao caso. Podia ter dito que sim e, na hora da verdade, de forma anónima, ter votado contra. Teria feito boa figura. Mas não fui capaz de o fazer. As experiências menos boas do passado mostraram-me o valor da coerência e de ter uma espinha dorsal, para o bem e para o mal. Disse que não e expliquei os meus motivos. Custou-me ter esta atitude, mas não poderia ter outra.

16.1.13

já passou...

[Tive vários anos difíceis no trabalho. Chamar-lhes anos difíceis é um eufemismo. Vivi o que não desejo a ninguém (quase ninguém, que Madre Teresa só houve uma e há por aí duas ou três pessoas a quem eu desejo o inferno pelo qual passei). A dada altura, pesei prós e contras e concluí o que me pareceu óbvio: manter a minha sanidade mental devia ser a minha prioridade. Disse que não, bati o pé e bati com a porta. Ter dito que não a alguém que nunca deve ter ouvido um não na vida tornou-me um alvo a abater. Num momento de exaustão, desespero e injustiça, ter-lhe dito as verdades todas, uma por uma, também não jogou a meu favor (nunca me arrependi de o ter feito).

Se o que tinha vivido até ali era mau, o que se seguiu conseguiu ser bem pior. Alturas houve em que o meu lugar esteve em jogo. Houve ameaças, houve muito jogo sujo, houve muitas movimentações de bastidores (suponho que desconheça muitas delas). Fui em frente, tendo a certeza que não havia outro caminho a seguir. Descobri que era muito mais forte do que alguma vez tinha imaginado. Não vacilei, nunca me arrependi de nenhum dos passos que dei. Aprendi a pensar cada passo, cada palavra, cada acção. Aprendi a ser subtil e a entrar a matar nos momentos certos. Fui fiel aquilo em que acreditava (e acredito cada vez mais), bati de frente com quase tudo e todos. Foram poucos, mas houve momentos em que não consegui controlar as lágrimas. Chorei em frente a quem nunca pensei chorar. Fui mais forte do que algum dia poderia imaginar, mas a dor e o sofrimento estavam lá, escondidos por baixo da armadura que criei para me proteger. Mas houve momentos, situações, ocasiões em que a injustiça e a dor foram tão grandes que nem a armadura me valeu.

Dividi a energia entre trabalhar, trabalhar, trabalhar e assim assegurar o meu emprego, e pensar na melhor forma de agir contra todas as injustiças com que me fui deparando. Passei vários anos sem ter férias, passei verões a trabalhar no gabinete. Fui a mais produtiva, ganhei prémios internacionais. Eu, quase sozinha (tive um pilar inabalável de força que nunca duvidou de mim; nunca terei obrigados suficientes para lhe agradecer), contra tudo e todos. O que se passava era demasiado grave, demasiado rebuscado para que pudesse ser verdade aos olhos dos outros. Pequenos erros, pequenos movimentos mal pensados do outro lado, foram-me dando razão. Mas o outro lado era forte e poderoso, e ainda que eu pudesse ter razão, os outros consideravam mais seguro manter-se longe de mim. Recebi nãos que me desiludiram, que me magoaram, que nunca tinha pensado ouvir. Desisti de tentar fazer parcerias com quem não me ouvia, com quem não me queria ouvir, com quem não me dava o benefício da dúvida.

Mantive-me fiel às minhas convicções e fui em frente. Anos de um caminho quase solitário. Os outros na mesma posição que eu tinham apoio, tinham quem os levasse ao colo. Eu, além de não ter esse apoio, tinha quem me empurrasse para o fundo.

Hoje, vários anos depois, sou totalmente independente de quem me infernizou a vida e tenho o meu grupo de trabalho, criado por  mim e só por mim, à custa do meu trabalho, de anos sem férias, de noites muitas curtas. Hoje, vários anos depois, tenho quem me disse não quando precisava de um sim, a querer associar-se a mim. Não dei o braço a torcer quando sabia que o meu emprego estava em jogo, fui fiel aquilo em que acreditava; hoje mantenho-me igual, tendo a certeza que ser coerente e seguir as minhas convicções  foi o que me deu força para avançar e foi o que acabou por mostrar a realidade a quem a quis ver. 

Há poucos dias alguém me disse que era uma mulher admirável, que lutava de forma assertiva pelo que queria, que me admirava também pela minha independência. Sorri.]

da Tailândia em tons laranja


15 dias em 2013

Uma semana depois voltei ao ritmo habitual, sem tarefas pendentes e esquecidas. Pus ordem nos sonos. A casa ainda está em desordem, mas antes ela que eu. A  meio do mês já recebi várias notícias boas e continuo à espera daquela. 2013, estou a gostar de ti.

O ano é novo, mas eu sou (mais ou menos) a mesma de há três semanas. De modo que mudou o último algarismo do calendário, mas os meus devaneios não se alteraram com as doze badaladas, que na verdade tiveram som de música de discoteca passada no meio de uma rua asiática invadida por uma multidão pacífica de locais e estrangeiros. Começo o ano a caminhar no arame, tendo perfeita noção de que voltar a terra firme ou pôr o pé em falso é uma decisão apenas minha. Para que lado me pende a vontade? Será necessário responder? Eu e a atracção pelo abismo continuamos grandes amigas. Mantenho-me fiel à minha máxima de sempre - manter-me fiel a mim própria - e isso basta-me.

fim de ano e início de outro: foi assim, no Cambodja

9.1.13

2013

O meu ano começou do outro lado do mundo entre tons de laranja, amarelo e rosa, entre olhares de espanto e magia, entre chá quente e temperaturas de verão, entre olhos de muitos formatos e peles de muitos tons. Foi o melhor início de ano que poderia ter. Que ano me espera não sei, que o ponto de partida dificilmente poderia ser melhor tenho a certeza. 

Depois de pouco mais de uma hora de sono comecei o ano a ver o nascer do sol num lugar de sonho que para mim foi realidade, e é assim que quero que continue a ser: transformar sonhos em realidade. Não esperar que os sonhos me batam à porta, mas continuar a lutar por eles, pelos mais acessíveis e pelos mais distantes. Se há um ano me imaginava a passar o ano no Cambodja? Nem pensar. Se há um ano imaginava que o meu dia 1 começaria com um nascer do sol de tons fortes do outro lado do mundo? De forma nenhuma. Se imaginava que o dia 1 terminaria com um pôr-do-sol visto do alto de um outro templo? Também não. E tanto, mas tanto, que não imaginava há um ano e hoje trago dentro de mim.

Que 2013 seja feito dos meus sonhos, da minha vontade de seguir em frente, de visitar novos lugares e de me reencontrar noutros locais que já foram sinónimos da minha felicidade. Que 2013 seja feito daquelas pessoas que me preenchem os dias comuns e daquelas que me encontraram naqueles dias que parecem não pertencer à minha realidade. Que 2013 continue a ser preenchido por sentimentos intensos, que haja paixão e desassossego, que haja muitos pores-do-sol e outros tantos nasceres.