27.10.11

desespero

Imaginem que sabem com 9 dias de antecedência que vão para o outro lado do mundo. Passado o choque inicial planeiam mentalmente como vão distribuir as tarefas que têm mesmo de deixar terminadas antes de se meterem no avião. Até sábado trato do que tem que ficar tratado do lado de cá do mundo, depois de sábado trato do que tem mesmo de ser preparado para o lado de lá. OK, é um calendário apertado, mas consegue-se. A vida continua com tudo cronometrado ao minuto, mas sem grandes dramas. Agora imaginem que de um momento para o outro já não vão no dia que vos tinham indicado inicialmente, mas uns dias antes. Eu nem sou pessoa de desesperar, mas também tenho limites.

25.10.11

este ano...

... começou em Hong Kong e vai terminar em Timor.

Continuo em choque, que isto de se saber com semana e meia de antecedência que tem de se arrumar a vida para ir até ao outro lado do mundo é coisa para deixar qualquer pessoa ligeiramente desorientada. Sim, vou mas volto.

18.10.11

9 da manhã, Serpa

o sofrimento por antecipação é directamente proporcional ao tempo livre

Já sofri muito por antecipação. A primeira apresentação em inglês deixou-me com dores de barriga umas boas semanas antes de acontecer. Depois, com o passar do tempo e com algum traquejo acumulado, o tempo de sofrimento foi-se reduzindo, quase sem que eu desse por isso. Agora, olhando para trás, vejo que as semanas passaram a singular, e a dada altura passaram a ser apenas dias, que mais tarde se transformaram em horas. No meio do processo comecei a conseguir tomar o pequeno-almoço nos dias de maior nervosismo, porque se o ponto-chave tinha lugar às 11, às 8 ainda eu estava serena. Houve alturas em que meia hora antes ficava nervosa, e outras em que cinco minutos antes sentia um aperto no estômago.


Nunca antes tinha pensado nisto e por isso mesmo nunca tinha chegado à conclusão óbvia. Não é que actualmente não tenha razões para em determinadas situações estar nervosa; tenho e bem mais do que há uns anos atrás, porque as responsabilidades cresceram. O que me falta hoje é tempo para pensar e, consequentemente, para ficar nervosa.


Moral da história: o sofrimento por antecipação é directamente proporcional ao tempo livre de que dispomos.

17.10.11

radio killed the video star

Há uns tempos calcorreei meia praia com um jornalista e um repórter de imagem como companhia. Ria-me sempre que alguém olhava para mim de alto a baixo enquanto tentava descobrir quem era a pessoa importante (quanta desilusão!). Quando finalmente arranjámos um lugar considerado adequado (para mim era logo no meio da areia, com o mar ali ao lado) era ver as senhoras de meia idade aproximarem-se para saberem em que canal, dia e hora poderiam ver o evento que tinham presenciado. Eu estive estranhamente calma e totalmente a leste dos olhares curiosos. Amanhã há entrevista para a rádio. Pode parecer estranho, mas assusta-me bem mais do que uma reportagem para a televisão. A imagem distrai as pessoas das palavras. Na rádio ficam só as palavras, sem nada que afaste a atenção dos ouvintes. E falar de um hobbie não tem o mesmo peso que falar de trabalho. É rezar para que o discurso me saia escorreito e coerente. Se bem que com o cansaço que por aqui anda não se augura nada de muito bom.

praia em outubro

praia em outubro

sol de outono

fim do verão em outubro

fim do verão em outubro

fim do verão em outubro



fim do verão em outubro



fim do verão em outubro



15.10.11

cansei-me

Estou cansada de ser uma cidadã e uma trabalhadora maltratada. Há uns tempo concorri, sem grande convicção, a dois ou três lugares lá fora. Depois, por razões pessoais, parei. Chegou a altura de o tornar a fazer, mas agora de forma bem pensada e organizada.

14.10.11

Sou funcionária pública mas todos os dias, para além do horário que devo cumprir, trabalho várias meias horas. Posso trocar essas meias horas pelos subsídios de férias e de Natal?

12.10.11

coisas que aprecio particularmente

Pessoas que convidamos para qualquer coisa e que não dizem nem sim nem não. Nada de nada. Também gosto bastante quando remetem a resposta para depois, e o depois não chega. Para já não lembrar aqueles que, caso o convite seja feito por mensagem, fazem de conta que não a viram (quando sabemos bem que vivem colados ao telemóvel e não têm problemas de audição), e nos telefonam umas horitas depois com trezentos e oitenta e dois motivos para não terem visto a mensagem atempadamente.



Oh minha gente, a palavra não existe e é para ser usada, mas qual é o vosso problema?

e um nascer do sol assim

(sunrise)

era um pôr-do-sol assim, todos os dias

pôr-do-sol

é torcer para que a coisa se dê, minha gente

Eu sei, é preciso ter uma grande lata para andar desaparecida em combate (é mesmo uma espécie de batalha: eu contra o tempo e o trabalho que cresce exponencialmente. Por agora parece-me que temos um empate, mas eu não gosto particularmente de perder, portanto continuo a acreditar na vitória e a esforçar-me para me livrar de todas as tarefas que todos os dias batem à porta, saltam do mail e dizem "Olá! Aqui estou eu!" por telefone) e agora vir aqui com olhos de cãozinho abandonado pedir que torçam por mim. Mas eu tenho mesmo uma grande lata e muito pouca vergonha, portanto:



Oh gente que está desse lado, é favor torcerem aqui pela menina!


Ora, num belo dia em que devia estar fechada entre quatro paredes com vista para a ria cedi à tentação, agarrei na papelada e rumei ao sul em muito boa companhia. Era Outubro, mas não era um Outubro da infância, em que as estações tinham respeito pelas datas e pelas temperaturas, e a partir da hora do almoço o calor era tanto que até abrir e fechar os olhos me causava calor. Rosa que não é pessoa para ficar muito quieta achou que mais valia ter juízo que ter uma insolação e decidiu resguardar-se na esplanada, junto a senhores de boné de tecido grosso. No meio do silêncio e da calma alentejana, o telefone da Rosa toca (ah mulher, já era tempo de teres um toque que não te envergonhe em público) e do outro lado:



Queres ir passear até X?



Rosa esquece-se da temperatura exterior, gela por dentro e claro que diz que sim, que não é pessoa para recusar um passeio seja lá para onde for, quanto mais para o outro lado do mundo e a um sítio onde, a bem dizer da verdade, nunca tinha pensado ir. Sejamos reais, a pessoa que telefonou à Rosa tem um sentido de humor interessante, o o "passear" significa "trabalhar", o que para muitos poderia retirar grande piada à proposta, mas na verdade só a tornou mais interessante.



A coisa parece tão boa quanto irreal, daí que:


Oh pessoal, está tudo a torcer para que a coisa se dê, que eu quero ir ali a X fotografar o que nunca pensei ver.

5.10.11

o dom da procrastinação

Detesto fazer limpezas. Hoje, dia em que devia continuar a ler a tese maldita, fui possuída pelo espírito de fada do lar. E agora que descobri um viveiro de pó debaixo dos gavetões, no escritório, não posso ignorar o chamamento doméstico.

4.10.11

é mesmo isto

desde as 9 a corrigir uma tese de mestrado, e o que me ocorre dizer é:

Esta gente escreve como fala e fala terrivelmente mal.

Deus, dai-me paciência e força para chegar ao fim da tese sem cortar os pulsos.

dia 27, piqueniques à segunda

dia 27


(26 de Setembro)

dia 26, a sobremesa do dia seguinte

dia 26

(dia 25 de Setembro)

dia 34, dos nossos piqueniques à segunda

dia 34

(3 de Outubro)

dia 32, anoitecer em Aveiro

dia 32

(1 de Outubro)

dia 31, elevador de água, no Bom Jesus


(30 de Setembro)

E as fotos dos outros dias? Hão de (gentes entendidas no assunto, tem hífen ou não tem hífen? Não, pois não? Maldito acordo!) aparecer quando a disponibilidade e a paciência o permitirem.

3.10.11

deixem-me dizer-vos a verdade

Eu sei que o doutoramento vos parece a pior fase da vossa vida, ou pelo menos a mais trabalhosa. Também sei que a maior parte das pessoas com quem se dão vos confirmam esta teoria. Mas pensem bem numa coisa simples: quando tinham 18 anos achavam-se os donos da verdade e também achavam que ser mais adulto era impossível, certo? Hoje, bem mais crescidos, riem-se dessas crenças totalmente despropositadas. Pois bem, eu sei que é duro ler isto, mas um doutoramento é coisa para se fazer com uma perna às costas. Eu sei, eu sei bem que agora se sentem a precisar de uma cadeira de rodas, mas acreditem em mim que não sou pessoa de mentir.

Enquanto fiz o doutoramento fui dando aulas e tinha duas lojas. Não tinha fins-de-semana livres e não dormia até tarde nem preguiçava, mas ainda assim conseguia ganhar uma corzinha no verão e tinha namorado. Aliás, sejamos totalmente honestos: fui tendo namorados. Não, a pior fase da nossa vida não é o doutoramento. Esperem pelo que vem a seguir e depois me dirão...

1.10.11

pessoas que conheço bem,

agradeço que não me mintam. Conheço-vos tão bem que antes de me mentirem já eu sei que vão mentir.

(sim, continuo com o Projecto 365. Não, não tenho tido tempo para me coçar, quanto mais para colocar aqui as fotos)