31.10.14

it's over! ou vai começar, é capaz de ser mais isto!


Fogo de artifício em Amsterdão, na passagem de ano 2013/2014. Mal eu sabia que corria o risco de passar a seguinte em trabalho de parto!

quase, quase

No último dia de trabalho antes da licença de maternidade não só tenho os valores de glicose controlados como recebo um telefonema da vizinha amistosa a dizer que recebeu uma encomenda por mim, e a deixou à porta do apartamento: o carrinho de bebé! Ansiosa por lhe pôr as mãos em cima!

Já sinto os músculos a relaxar, a tensão a diminuir e só espero não ter novidades deste sítio e suas gentes (há excepções, mas são mesmo muito poucas) nos próximos meses. Mereço finalmente paz e sossego, e ir a Londres daqui a uma semana! Ainda colocámos a hipótese de irmos a Portugal mais uma vez antes do início de Dezembro (a médica permite), e depois de voltarmos de Londres, mas começámos a achar que era esticar demasiado a corda. O puto ainda nasce dentro de um avião, o que tendo o seu quê de interessante - feito em Hong Kong, nascido num avião... - é capaz de não ser uma ideia brilhante a nível nenhum. De modo que nos parece que depois de Londres sossegamos e a próxima vez que formos a Portugal será a três (ou com os três visíveis, que a três já fizemos várias).

aleluia!

Desde o jantar de ontem que não tenho um valor de glicose fora dos valores normais! Praise the Lord! 

O segredo do sucesso, para não me esquecer e repetir muitas vezes (se bem que é sabido que o organismo vai reagindo de forma diferente, o que no meu caso quer mesmo dizer que tem vida própria e é desobediente, mas não custa tentar):
- jantar: peixe cozido e salada russa praticamente sem batata + sopa de espinafres (uma espécie de musgo triturado) + chá
- pequeno-almoço: ovo cozido + 2 colheradas de queijo ricota + chá
- meio da manhã 1: cappucino
- meio da manhã 2: bolachas de arroz
- almoço: salada de alface + sopa de miso + sashimi + arroz branco + água

Isto já é um record, mas se completasse um ciclo completo de refeições sem ir além dos valores normais de glicose era menina para dar meia dúzia de pulos de felicidade, mesmo estando pançuda!

30.10.14

31 semanas

Já só faltam 9!

Por agora ainda estou um pouco em pânico porque nada está preparado para receber o bebé, mas espero daqui a mais uns dias, depois de finalmente estar de licença de maternidade e pôr ordem na casa (e em mim!), já poder respirar de alívio . Também acredito que pôr ordem na casa e no futuro quarto do M. me ajudará a pôr ordem em mim, nos meus pensamentos e na minha forma de encarar a nova realidade que aí vem. Sempre senti que há alturas em que precisamos de tempo, não necessariamente para arrumarmos armários e guarda-roupas, mas para nos organizarmos, nos mentalizarmos das novidades que se aproximam e para, em silêncio, encontrarmos respostas e estratégias para os nossos receios e inseguranças. Não tenho tido tempo para mim e sinto que isso me faz mesmo muita falta e me acentua receios, que espero concluir serem infundados depois de ter tempo para reflectir.

Quando descobri que a licença de maternidade em Itália incluía dois meses antes do parto achei despropositado e exagerado, mas agora não acho. Embora continue a achar que três meses de licença depois do parto é miseravelmente pouco. Mas agora sinto necessidade de ter estes dois meses para mim, por diversas razões. Imagino que se estivesse em Aveiro, a viver na minha casa, rodeada das minhas pessoas, a saber onde me dirigir sempre que precisasse de alguma coisa, a ser seguida pelo meu médico habitual, não precisasse deste tempo todo. Talvez alguns dias bastassem para organizar o meu espaço e a minha mente. Mas vivo a muitos quilómetros do meu núcleo, vivemos os dois para os dois, não temos apoios externos e temos que descobrir como nos desenrascar a cada novidade e necessidade que surge. A gravidez só por si já é uma novidade bastante grande, agora associem-na a viver num mundo que não é o vosso, onde as regras e os hábitos são outros. Não é simples, nem é fácil, embora no dia a dia não pense muito sobre isto. Para além disto, neste momento não posso dizer que tenha um trabalho que adore. Tenho um trabalho que vou tolerando e que não me dá gozo. Sempre gostei muito de trabalhar e continuo a gostar, mas não num contexto como aquele em que me movo agora. É mais um factor de stress numa fase que, pelas suas características específicas, já é particularmente stressante. E talvez este seja o factor que mais vontade me dá de ir para casa viver os meus dois meses de licença de maternidade pré-parto em paz e sossego.

Nesta fase sinto o bebé durante quase todo o dia e sinto-o a chegar a sítios onde antes não chegava. Ontem estava a esticar-se lateralmente, parecia estar a querer escapar-se para as minhas costas! Faço mais ginástica para me calçar, mas é a única diferença que sinto relativamente às últimas semanas. Bom, na verdade também sinto a pele da barriga mais esticada e continuo a besuntar-me com cremes para grávidas todas as manhãs. Honestamente parece-me que a principal responsável pela existência ou ausência de estrias é a genética, mas vou fazendo o que posso. Sempre pus creme de manhã, mantenho o hábito, mas mudei o tipo de creme. Continuo com o mesmo peso e com o raio dos diabetes descontrolados. Na próxima semana tenho consulta e já vou preparada para começar a tomar insulina. Todas as grávidas com diabetes com quem tenho falado têm conseguido controlar os diabetes seguindo a dieta. Eu pareço ser a excepção à regra. De semana para semana os valores pioram e continuo sem conseguir perceber o que me faz aumentar ou reduzir os valores da glicémia. Concluí que o pão, seja de que tipo for, faz com que os valores de glicose vão até aos píncaros, mas nada mais que isso. O valor que aparece no aparelho é sempre uma surpresa, já quase se fazem apostas cá em casa. Antes rir que chorar, mas este é um assunto que me preocupa muito. Os bebés com mães diabéticas podem nascer com os pulmões imaturos e podem ter crises severas de hipoglicémia, entre outras consequências. Neste momento sinto-me completamente impotente para lidar com este problema. Que venha a consulta e a insulina.

screen saver do dia


3ºC

3ºC quando saí de casa às 7:43 (o relógio do carro ainda não está certo!). Vi que em Aveiro a máxima prevista é de 28ºC. Hoje ainda vim só de sweat shirt e casaquito de malha em cima, mas é capaz de começar a ser boa ideia tapar-me um bocadinho mais. Ao fim da tarde quando saio do trabalho e regresso a casa já me cheira a Inverno e a Natal. ElE olha para mim com ar de quem não me entende quando comento isto, mas aquele cheiro a frio, lenha queimada e fumo é para mim sinónimo de Inverno. 

Por esta altura, todos os anos, já me apetece o Natal. Este ano o Natal tem um significado especial. Se eu já gostava das luzes e da cor do Natal, acredito que a partir deste ano passarei a gostar mais. A minha médica não actualiza a data prevista do parto (não sei se é habitual em Itália, ou se é apenas hábito da médica italiano-holandesa que me saiu na rifa), de modo que continuamos à espera do M. no primeiro dia do ano, mas eu continuo com o feeling de que vai nascer antes. Da última vez que fui a Portugal vi uns babygrows alusivos ao Natal e não resisti. Pode não correr bem, mas vai vesti-los na mesma, nem que seja lá para meio de Janeiro!


29.10.14

o meu ar não mente

Cruza-se comigo no corredor e comenta que a cada dia que passa estou com melhor aspecto. Sorrio e sou honesta Faltam 3 dias para ir embora! Pisca-me o olho e ri-se. Todos sabem o que se passa por estes lados, todos sabem que isto não tem pés nem cabeça. Uns aceitam e entram no jogo, outros mostra-se descontentes e reagem. Talvez fosse mais fácil fechar os olhos, fazer de conta que tudo o que se passa em meu redor é normal, mas sou incapaz de o fazer. Não é a primeira vez que vou contra a corrente, mas esta é a mais difícil. 3 dias!

porque a maternidade não é só feita de roupinhas para ele

Faltam dois meses e eu bem que podia continuar a usar a roupa que tenho usado e a inventar mais um pouco enquanto reviro os armários. Estou aqui a torcer para não ter que gastar um dinheirão num casaco de Inverno de grávida para ser usado meia dúzia de vezes. Para já os que tenho ainda servem, mas se a barriga esticar muito mais desconfio que vou ter que encontrar uma alternativa. Bom, mas onde queria chegar é que me tenho fartado de comprar mini-roupa e eu, naturalmente, tenho ficado não em segundo, mas para aí em 13º. Há umas semanas dei comigo a pensar que estava grávida, mas continuava a ser mulher e a gostar do que sempre tinha gostado. Entrei na Sephora e vim carregada de cremes e pós e afins. Senti-me bem, senti-me eu e senti que ter consciência da necessidade de me manter igual a mim própria é meio caminho para manter a sanidade mental (lido com grávidas que se esquecem completamente delas e não me parece que isso lhes faça muito bem, mas cada um sabe de si). Para comprar roupa esta é mesmo capaz de não ser a melhor altura. Mas ando para aqui cheia de saudades das minhas calças pretas a imitar pele e dei com estas na H&M, bem sei que não as vou usar quase tempo nenhum, mas não quero saber. Vou-me sentir bem com elas, vou-me sentir eu e vou-me sentir uma grávida pançuda, mas que mantém o seu estilo habitual (o que me parece que tenho conseguido fazer até aqui e muito me agrada). De modo que este fim-de-semana estas vêm comigo para casa.

foto da H&M

o quase impossível

Tinha vinte e poucos anos quando por acaso se descobriu que eu tinha um quisto enorme num dos ovários, nunca sei qual, mas sei o que significa enorme neste contexto: 7 centímetros e tal quando foi descoberto, já passava dos 9 quando foi removido (um ovário tem normalmente 3 centímetros no seu lado maior). Não se sabia ao certo de que tipo era, não era necessariamente inofensivo. Naturalmente optimista, e provavelmente inconsequente e ingénua, nunca coloquei a hipótese de poder ter uma origem cancerosa, mas os médicos colocaram essa possibilidade em cima da mesa e os meus pais andavam aflitos, e só sossegaram quando veio o resultado da biópsia. Livrar-me do quisto implicou uma operação. Recordo-me de um dos pijamas que levei para a clínica e lembro-me também de me ter ido despedir do mundo à praia, no dia da operação de manhã, no caso da coisa correr francamente mal. Também me recordo de mandar os meus pais para casa ou ainda nos punhamos todos a chorar  no quarto da clínica (já naquela altura eu não era dada a mimimimis). Uma hora e tal depois de entrar na sala de operações estava de volta ao quarto. Recordo-me de achar que não tinha sido operada, de colocar a mão em cima do penso enorme, de confirmar que tinha mesmo sido operada e de achar que aquele tempo de inconsciência provocado pela anestesia era algo mesmo muito estranho. Tive muito frio, depois tive muito calor. A dada altura chamei a enfermeira e pedi uma aspirina para a minha mãe, que tinha voltado enquanto eu era operada. Eu estava bem e quase pronta para outra. Mais tarde o médico falou comigo e com os meus pais, explicou que o quisto tinha sido mais difícil de remover do que ele tinha antecipado, e que não só teve que remover o quisto como o ovário. Também tinha encontrado pequenos quistos no outro ovário, pelo que também os tinha retirado, e com eles uma porção do ovário. Informou com ar sério e pesaroso que seria muito complicado para mim conseguir engravidar.

Tinha vinte e poucos anos, não tinha namorado, não pensava em relações sérias, muito menos pensava em ter uma família. Nem sequer em miúda tinha aquele sonho comum a tantas outras amiguinhas de casar e ter filhos. Aquela informação não teve grande impacto em mim, mas ficou presente. Assumi que não poderia ter filhos, ponto final. Lembro-me de a dada altura pensar que se quisesse ter filhos podia adoptar, e lembro-me de ler sobre isso e perceber que se o quisesse fazer sozinha teria de esperar pelos 30 anos. Os 30 chegaram e eu estava completamente absorvida pela profissão e pelas viagens. Nunca senti uma nuvem em cima da cabeça por supostamente não poder ter filhos. Não sei se por estar completamente absorvida por outras facetas da vida, se por nunca ter tido uma relação séria que me pudesse eventualmente levar a pensar nisso, mas foi assunto que nunca me preocupou nem me visitou muitas vezes. Sempre fui muito pragmática, se soube cedo que não podia ter filhos, esse foi um assunto que para mim estava naturalmente decidido e encerrado.

Até que no ano passado engravidei (depois de achar que estava a morrer!, parecia-me muito mais lógico achar que estava mesmo muito doente do que colocar a hipótese de estar grávida). Ainda não sei descrever bem o que senti quando na ecografia vi um embrião no meu útero, mas sei que mais do que felicidade senti surpresa e susto. O impossível tinha acontecido. Pouco depois a gravidez terminou e lembro-me de na consulta em que a não evolução do embrião se descobriu ter perguntado de imediato Quando é que posso voltar a tentar? Descobri aos 36 anos que afinal tinha a possibilidade de ser mãe e instintivamente corri atrás dessa hipótese. Não foi um processo fácil em momento nenhum, continuo a achar que ainda nada é garantido (esta racionalidade que não me larga), mas naturalmente, e a um dia de completar as 31 semanas, acredito cada vez mais que é possível.

8 da manhã, e é isto que me ocorre:


28.10.14

4!

Faltam 4 dias para não mais voltar a pôr aqui os pezinhos este ano. Ainda com um volume considerável de trabalho pela frente, mas quero lá saber... Segunda não venho, yeah! Estou tão cansada deste ambiente e mortinha para me poder dedicar ao que agora é o mais relevante. Quatro, quatro dias!

27.10.14

calças de grávida

Comprei as calças de grávidas ainda antes das 12 semanas. Disseram-me na altura que fiz disparate porque passadas umas semanas já não ia caber lá dentro. Veio o calor, andei de calções e vestidos e ignorei as calças. Quando tornei a pegar nelas achei que já não entraria nas ditas cujas. Entrei! Entretanto tenho andado com elas e devo dizer que no fim do sétimo mês me estão mais largas (na barriga obviamente não!) do que estavam quando as comprei. Não sei se é da dieta ou do mau feitio, mas a verdade é que a minha engorda se centra na barriga e me parece que o resto do corpo está a mingar. A ver vamos o que acontecerá nos dois últimos meses, que isto é uma surpresa a cada mês que passa!

o teste

Se tivesse que descrever o teste com uma só palavra escolheria tramado. Nada fácil e muito exigente para o tempo disponível. Acho que prefiro não reler o que enviei, não vá corar de vergonha. Pronto, está feito! Agora não adianta pensar no assunto, nada pode já ser alterado.

soluços

No fim-de-semana senti os soluços do M. pela primeira vez e hoje voltaram. Um movimento muito suave, uma espécie de tique muscular ritmado e bem localizado. Já tinha lido sobre isto, mas continuo a ser como S. Tomé: ver (neste caso sentir) para crer. Já acredito.

keep calm and change my bum

Comprei o muda-fraldas no Ikea, nada entusiasmante nem bonito, mas achei que cumpriria a sua função. Colocando a hipótese de daqui a não muito tempo nos mudarmos, achei que estaria mais que bom. Mas agora vi este e não sei se resisto, é que este combina mesmo comigo! Há que aproveitar esta fase em que a criança não tem opinião e tem que se cingir à vontade e aos gostos dos pais!


(à venda na Amazon)

Outono

Por aqui já é mesmo Outono. 6ºC quando saí de casa de manhã e a máxima prevista não ultrapassa os 14ºC. Claro que preferia estar no Verão tardio português, mas esta mudança nítida de estação que sinto em Itália agrada-me. Recorda-me os livros da escola primária com os textos e as ilustrações sobre as características de cada estação. Acho que nunca tinha sentido de forma tão clara estas mudanças como em Itália. Na verdade, este ano, e apesar de muito gostar de calor e de Sol, estas temperaturas mais frescas sabem-me bem: os dedos deixaram de acordar ligeiramente inchados. O lado menos bom: garganta a latejar e eu sem poder tomar nada, a não ser um chá de eucalipto que amansa as amígdalas temporariamente.

26.10.14

...

Já o disse e escrevi não sei quantas vezes, mas tenho vontade de o repetir até à exaustão: sentir o meu filho (nada de princípes, nem bebecas, nem outros disparates afins que ouço diariamente) a mexer dentro de mim é provavelmente a sensação mais difícil de descrever, mais singular e a sensação que mais felicidade me traz. 

5!

Cinco, faltam cinco dias úteis para vir para casa. Estou verdadeiramente em contagem decrescente.

Amanhã torçam por mim. Vou fazer um teste para um emprego. É a primeira vez que passo por uma fase de teste escrito antes da entrevista. Estou grávida de 30 semanas e sei que as hipóteses são basicamente nenhumas, mas desistir é coisa que não me corre no sangue. 

25.10.14

oh happy day!

O pequeno M. está crescido. Duplicou de peso desde há um mês e pesa agora um quilo e meio. Mede 40 centímetros e todas as outras medidas são também normais. Não é gordo nem magro, o que me fez respirar de alívio. Continua cefálico e já não tem espaço para se tornar a sentar. Estava a chuchar no braço e não deixou que a médica lhe tirasse uma única "foto" decente. Obviamente está a guardar-se para as minhas fotografias! Respirei fundo, sorrimos e sossegamos. Bebé M. está muito bem e recomenda-se.

Eu também não estou nada mal. A tensão continua baixa, que é o seu estado normal em mim. Aumentei sete quilos em sete meses, ou seja, tenho atingido os objectivos definidos: nem peso a mais nem peso a menos. Curiosamente, hoje, não sei se por estar quietinha em casa, se por estar mais frescote, nem os dedos inchados tenho. Às tantas era o stress que me andava a fazer inchar ligeiramente! A médica não se mostrou muito preocupada com a diabetes, já que tudo parece estar muito bem com o M. e comigo. E... estou autorizada a ir a Londres! Yeah! ElE vai trabalhar e eu vou revisitar os meus sítios londrinos, descobrir outros, vou visitar museus (a falta que isto me faz!), tirar fotos e, claro, não vou resistir a fazer umas compras para o bebé!

O peso que me saiu de cima depois da consulta! A dar pulinhos de felicidade!

25 de Outubro

Faltam dois meses para o Natal, dia em que tanto eu como elE esperamos já ter o bebé connosco (o mais certo é as contas saírem-nos furadas e o puto decidir nascer só depois das 40 semanas. Puto, tu livra-te de me fazeres isto!, aviso-te já que haverá consequências nas prendas de aniversário e na mesada de adolescente!). Estamos quase no fim de Outubro. Eu e elE fazemos anos em Novembro, e depois dos nossos aniversários é um pulinho até ao Natal. Colocando assim as coisas parece que o final de Dezembro já está ali, ao virar da esquina. E isto, mais uma vez, provoca-me sentimentos contraditórios (o pão nosso de cada dia dos últimos tempos): por um lado, ah, que bom, vamos poder tocar os dois no bebé M., agarrá-lo, senti-lo, contemplá-lo com aquele ar aparvalhado e assoberbado tão característico dos pais recentes; por outro lado, oh meu Deus, mas já só faltam mesmo dois meses até ao momento em que vá lá saber-se como - de que forma, quantas horas de sofrimento e desespero - o rebento sairá de dentro de mim e do seu ovo protector  e será largado às feras.

Hoje é dia de consulta e eco. Estou expectante. Os valores da glicose continuam uma desgraça (deixei de ir ao H3!) e não sei que consequências poderão estar a ter no bebé. A médica avisou-me sobre a possibilidade de ele vir a ser um bebé grande se a glicémia continuasse descontrolada, mas a verdade é que eu não aumentei exageradamente de peso. Continuo na média de um quilo por mês e, estranhamente, foi-me mais difícil controlar o peso inicialmente do que do meio da gravidez para a frente. Será que eu estou a aumentar normalmente de peso e o bebé também? Mas se os valores de glicose continuam fora dos limites ele não deveria estar a engordar mais? Será que ele está a aumentar de peso, mas eu não? Ou, contrariando todas as expectativas (que é o habitual em tudo o que me envolve), o rebento está mais leve do que era suposto? Será que a dieta extremamente restritiva o está a afectar? Tenho pontos de interrogação a pularem em cima da minha cabeça. E a maturação dos pulmões? Eu sei que pode ser afectada pelos diabetes, e isto sim, desespera-me bem mais do que a questão do peso do bebé. Um monte de questões que espero ver respondidas hoje.

E depois ainda há aquelas perguntas adicionais, menos relevantes, mas também importantes, pelo menos para o meu ânimo: há epidural 24 horas por dia (incluindo fins-de-semana) no hospital onde o bebé vai nascer? Ou é um daqueles casos, como alguns em Portugal, em que há epidural das 9 às 5 só nos dias de semana? Não me façam uma coisa destas, pelo amor da santa, que eu não acho que o sofrimento me leve ao céu. Posso viajar? Posso ir a Londres passar 3 ou 4 dias, fazer as últimas compras e espairecer? (cada vez mais me convenço que vou ficar em terra, desconfio que os diabetes me vão valer um redondo Não como resposta).

É isto, mais umas horitas e espero ter respostas.

24.10.14

alien!

Eu sempre disse que isto de ver por fora a barriga a mexer e aos pulos tinha o seu quê de alienígena. Também pensava que talvez viesse a ver a coisa com outros olhos se algum dia a barriga a mexer de forma suspeita fosse a minha. Pois tenho a dizer-vos que neste preciso momento me sinto a transportar um pequeno alien que se encosta aqui e ali, e empurra para um lado e empurra para o outro e me deforma ligeiramente a barriga. Este ligeiramente é só para ir acautelando o que ainda me espera. Ver a barriga assim, a deformar-se sem que possa fazer nada, tudo completamente fora do meu controlo, é tão estranho quanto maravilhoso. E eu sou um bocadinho control freak. Já só um bocadinho. Fui melhorando ao longo do tempo, especialmente neste último ano e tal, em que tanta coisa completamente fora do meu controlo me bateu à porta.

mais serena

Achava que ainda não tinha nada para o M. mas, depois de voltar de Portugal, entrei no quarto que será o dele e assustei-me ligeiramente. O quarto parece um estaleiro: tudo ao monte e fé em Deus, o que significa que o quarto está cheio de tralha, salvo seja. Nada arrumado, nada limpo nem lavado, nada organizado, mas parece que as duas ou três coisas que lá coloquei inicialmente se multiplicaram sem eu dar conta. Desconfio que o miúdo não precisa de mais roupa para os primeiros tempos. Pequenos acessórios como babetes, fraldas e afins também me parece que chegam e sobram. Lençóis, cobertores e mantas igualmente. Berço e banheira também já tem. O trocador de fraldas também já está tratado. Fraldas para a fase inicial também estão por lá. Mini-tesoura para cortar as mini-unhas e escova e pente (se sair a mim completamente desnecessários, eu era o verdadeiro bebé careca!) --> check! O carrinho e acessórios afins estão encomendados e devem chegar em breve. Pensando bem faltam-me alguns produtos de higiene, uma espreguiçadeira, o adaptador de recém-nascido para a banheira e pouco mais. Não tinha noção que aos poucos fui comprando quase tudo. Estou um bocadinho menos preocupada e feliz por perceber que continuo a funcionar normalmente (organizada numa aparente desorganização).

ainda de casa


(praia da Barra)

23.10.14

é isto

Já o disse aqui algures e, pelo menos para já, mantenho-o: gosto muito de sentir os movimentos do bebé, mas dispensava tudo o resto. Acho que a Natureza não foi propriamente amiga ao guardar a gravidez para as mulheres. Sim, é um privilégio sermos nós a transportar dentro de nós um novo ser (não coloco isto em causa e acredito que quando o rebento estiver cá fora este sentimento será bem mais forte), mas é a vida das mulheres que se vira do avesso. Somos nós que sofremos na pele e nas entranhas os efeitos menos bons da gravidez, somos nós que vemos o corpo a mudar de dia para dia, somos nós que engordamos, somos nós que podemos ficar com marcas para o resto da vida, somos nós que fazemos análises e exames ginecológicos a toda a hora. E, para já, não me pronuncio sobre o parto, ficará para daqui a mais umas semanas. Somos nós que mais stressamos quando ainda estamos na fase de querer engravidar, somos nós que mais sofremos quando uma gravidez não corre bem. Ah, coitadinho o pai também sofre muito. Não digo que não, obviamente, mas pelo menos a dor física não tem, e não foi ele que viu e sentiu um filho a fugir-lhe do próprio corpo sem nada poder fazer. Somos nós, mulheres, que ficamos com a vida condicionada a vários níveis, que deixamos de poder viajar, que somos obrigadas a deixar o nosso trabalho. Talvez daqui a mais umas semanas ache que tudo isto que agora pouco me agrada vale mesmo a pena, mas, por agora, não consigo deixar de achar injusta a sobrecarga.

E, sim, para que não restem dúvidas, estou feliz por estar grávida, e nem sequer acho que este discurso seja efeito de uma explosão hormonal. Mas eu, que sempre fiz finca pé à igualdade a todos os níveis, sinto agora na pele a desigualdade que a Natureza me impõe e nada mais posso fazer do que dizer que não me agrada e me parece extremamente injusta.

30 semanas

Completam-se hoje as 30 semanas e só me ocorre perguntar Já? ao mesmo tempo que penso que ainda faltam mais 10. Estas 30 semanas foram um misto de um lento saborear de momentos e de uma corrida desenfreada. Sei bem que isto dá um certo ar de esquizofrenia, mas é mesmo o que sinto. 

Hong Kong parece ter sido há já tanto tempo, mas foi lá que há mais ou menos três mãos cheias de semanas o milagre se deu. Brinco e digo-Lhe que vamos ter um M. de olhos em bico. ElE abre muito os olhos e rosna. Rio-me enquanto lhe digo que assim que tiver idade suficiente temos que levar o rebento a conhecer Hong Kong e o meu lado preferido do mundo. ElE concorda, mas tenho para mim que tem receio que a criança saia a mim no que diz respeito à paixão pelo Oriente.

Não foi verdadeiramente no mesmo mês, mas segundo as contas retorcidas da gravidez foi, que abortei e engravidei. Parece impossível, mas é a minha verdade. Num momento estava a correr do pátio ensolarado para a casa de banho para libertar os vestígios de mais uma gravidez mal sucedida e no momento seguinte tinha a impressão que estava grávida. O feeling revelou-se verdadeiro e aqui estamos 30 semanas depois.

30 semanas é muito, e mais ainda para quem estava habituada a que o fim chegasse às 7. Mas 30 semanas é ainda pouco, se pensarmos em hipóteses de sobrevivência sem sequelas do lado de fora do canto que agora o acolhe. 30 semanas é pouco de manhã, mas se me perguntarem ao fim do dia direi que 30 semanas é muito e que ainda faltam outras longas 10.

Estou feliz, sem grandes efeitos colaterais da gravidez, a não ser o cansaço que de vez em quando toma conta de mim sem avisar e do inchaço ocasional das extremidades. Viro-me na cama sem dificuldade, não tenho dores de tipo nenhum, não tenho contracções, não tenho fome como se não houvesse amanhã, continuo a apertar os sapatos, a conseguir cortar as unhas e a pôr a depilação em dia sem ajuda. As outras grávidas com quem tenho contacto já desesperam com tudo isto. Ainda faltam 10 semanas, mas para já nada a assinalar.

Ultrapassei o impacto inicial provocado pela diabetes. Faço o melhor que posso em termos de alimentação e mantenho-me activa para tentar manter os valores de glicose o melhor possível. Mais que isto não posso fazer. Ainda que inconscientemente, o primeiro pensamento que tive quando a diabetes foi diagnosticada foi A culpa é minha. Mas a culpa não é minha, eu não tenho mão nas hormonas produzidas pela minha placenta, que desregulam completamente a produção de insulina. Na próxima consulta com o endocrinologista veremos qual o próximo passo. Estou muito mais serena quanto a este assunto e esta postura pode não ajudar a resolver o problema dos diabetes, mas será com toda a certeza uma atitude positiva face à gravidez.

Também sosseguei relativamente à pré-eclâmpsia. Para já a tensão continua perfeitamente normal, não aumentei de peso e o inchaço que noto de vez em quando é o normal para esta fase. Claro que posso vir a ser apanhada de surpresa por uma novidade menos feliz, mas para já quase não penso nisso.

Os trâmites legais já foram todos tratados e finalmente a minha licença de maternidade foi aprovada. No fim de mês arrumo as tralhas no gabinete, deixo a secretária limpa, levo meia dúzia de coisas que me podem fazer falta em casa e Adeus, até daqui a 6 meses. Daqui a uma semana e pouco estarei com licença de maternidade, ainda não me parece real de tão real que tudo se começa a tornar.

os dias em Portugal: serenos e estivais


(praia da Barra)

20.10.14

efeitos da gravidez

Confirma-se: a gravidez deixa-nos o cabelo diferente. Em vez de um cabelo liso e escorridinho, sempre tive na cabeça uma espécie de novelo difícil de controlar. Isto não se alterou, mas acho que os caracóis rebeldes andam mais fáceis de pentear e reapareceram os canudos que já não via há muito. Para além disso, normalmente cai-me mesmo muito cabelo e agora consigo contar os fios de cabelo que me caem. Parece que depois do parto o cabelo tende a cair aos molhos, como que para compensar os bons momentos anteriores. Medo! Mas para já tiro proveito do meu cabelo menos indomável que o habitual.

a arte de bem enganar de frente

29 semanas e poucos dias:


há esperança!

Em Aveiro, num Verão tropical a meio de Outubro, recebo feedback da candidatura de há poucos dias. Não vou desistir já, apesar de saber que as hipóteses, dado o meu estado de graça, são quase nulas. O mais relevante: o meu CV não foi ignorado e houve retorno. Precisava deste sinal nesta fase. O calor sempre me trouxe coisas boas, os quase 30ºC de hoje não foram excepção.

19.10.14

Só a mim

Equilibrar os valores de glicose no sangue é algo que quase me leva à loucura. Tenho seguido as indicações do médico. Nada feito. Devo ter os valores piores do que tinha antes de deixar de comer fruta e andar a contar minutos e horas para comer. Esta sexta, com curiosidade de ver que raio de valores teria uma hora depois de almoçar sem restrições, esqueci a dieta. Fui ao H3, e comi tudo a que tinha direito: hambúrguer, batatas fritas, arroz e limonada de maracujá. 60 minutos depois, espeto a lanceta no dedo e imagino um valor absurdamente alto. Sai-me o valor mais baixo que já vi desde que comecei a dieta. E agora? O que faço? O que posso concluir? Passo a ir ao McDonalds todos os dias para equilibrar os valores de glicose no sangue?! À noite, depois do resultado inesperado do almoço, engulo uma taça gigante de sopa de pedra. Novo valor bom. Na loucura, no almoço seguinte, como um crepe da Pizzarte, escorre natas e queijo. Novo valor dentro dos limites.  Estou a poucos milímetros de dar um pontapé na dieta e passar a comer pior do que como habitualmente. Comendo de forma saudável tenho valores altíssimos, comendo o que não se deve tenho valores dentro dos valores normais. Se me põem as mãos em cima levam-me para um laboratório e passo a ser a cobaia de serviço.

16.10.14

diabetes gestacionais

Um dos textos mais equilibrados e sensatos que li sobre diabetes gestacionais.

You can’t control Gestational Diabetes. It happens sometimes. But there are ways to help your body deal with it. Monitoring diet and engaging in regular exercise really can be the key for women who have low-to-medium level insulin resistance. The aim of monitoring your diet is to balance the amount of carbohydrate in your meals. The general consensus from dietitians and endocrinologists seems to be that having 3 meals and 2-3 snacks per day (but please follow the advice of your personal care provider). It does make sense that it’s easier on your body if you spread out the carbohydrates into 3 balanced meals and 2-3 snacks instead of packing them into three carb-heavy meals per day. Another way to manage high blood sugar levels can be regular exercise, like walking. Going for a walk 30 and 90 minutes after eating to can help lower blood sugar levels by using up the excess glucose in the blood stream. Every person responds differently though, so if you do have Gestational Diabetes, please work with your care provider in finding the management plan right for you.

sobre a dieta

Ontem cheguei a casa e comi uma bolacha e o bebé M. mexeu-se. Comi outra e ele continuou a abanar. O pai enfiou-me outra bolacha pela goela abaixo e o rebento continuou a bater palminhas. Tenho que esclarecer mesmo esta questão com a obstetra e o dietista. Pode ser maluquice minha, mas começo a achar que esta dieta praticamente sem hidratos de carbono pode ser demasiado restritiva para o bebé. Eu estou óptima e nada esfomeada, mas não sou eu que tenho todos os órgãos em desenvolvimento... Eu já praticamente não comia hidratos de carbono, mas a fruta ia-me dando algum açúcar. Agora só como maçãs, e em quantidade muito limitada... Tremo só de pensar que posso chegar à próxima consulta e ter um bebé com um percentil muito baixo à custa da dieta. Bom, espero que seja mesmo alarmismo meu e que esteja completamente enganada.

Resultado da brincadeira com as bolachas: ontem tinha a glicose em jejum com valores excelentes, hoje estavam acima dos normais, não duplicaram, mas quase. 

contagem decrescente

Hoje vou dormir a Aveiro. Esta deve ser mesmo a última oportunidade para comer um pastel de nata (sim, não me esqueci dos diabetes!) antes do nascimento do M. É estranha e ainda irreal esta aproximação do dia D. Nas malas levamos o mínimo dos mínimos porque imaginamos que no regresso haja muita coisa para trazer, obra das avós entusiasmadas. Levo uma lista de coisas que quero comprar lá, porque sei bem onde as encontrar, o que depois me facilitará bastante a vida em Itália. Desconfio que este será um fim-de-semana prolongado um pouco stressante e cheio de afazeres. O último antes do nascimento, o último antes do Natal, o último antes do ano novo, o último em que vamos apenas os dois. Ainda não é real, mas ao mesmo tempo dá que pensar e condiciona-nos algumas acções.

Hoje o dia está cinzento e a vontade de trabalhar é nula. Não continuasse enterrada em trabalho e seria um dia excelente para editar fotografias.

15.10.14

partilhar a alegria com o mundo

Por estes lados é assim, anuncia-se a boa nova à comunidade. Estas fotos foram tiradas no ano passado em Burano, onde ainda espero conseguir voltar este ano.




e eis que se mexeu! yeah!

Raio do rapaz continuou sem mexer o dia todo, e eu já aqui a stressar. Eu e o pai, que desconfio que ainda estava pior que eu. Pois que há pouco comi um iogurte e houve uma prolongada manifestação na minha barriga. Não sei se não estarei a exagerar na dieta e o pobre, quando se apanhou com um bocadito de açúcar ali à mão de semear, se pôs a bater palmas. Para testar quando chegar a casa vou comer uma bolacha e esperar pelo resultado. Se o rebento tiver um feitiozinho como o dos pais não se vai mexer, só para contrariar as expectativas.

Tenho mesmo que ver esta questão da dieta. Fruta nem vê-la e é raríssimo comer hidratos de carbono. Quero controlar os valores de glicose no sangue, mas quero que o moço continue a crescer e a engordar...

sem barriga, diz ela

Ontem tive que ir à médica de família pedir um atestado. Tinha lá ido uma vez, pouco tempo depois de chegar a Itália, também pedir uma credencial ou algo do género. Chego lá, explico o que quero, e obviamente digo que estou grávida. Olha para mim de lado e dispara um De quantos meses? Eu respondo, orgulhosa dos meus seis meses e tal. Resposta imediata com ar de quem acha que está a ser enganada Seis meses? Sem barriga? Ponho-lhe à frente os relatórios da obstetra e ponto final, mas a minha vontade foi perguntar-lhe se queria que me pusesse de lado. Sim, de frente e vestida de preto, aparentemente não tenho barriga. De lado, seja lá com que cor for, não há como esconder. Abençoada sensibilidade da médica. Não fosse eu ser seguida a par e passo na gravidez era bem capaz de começar a achar que a barriga estava pequena, que algo se passava com o bebé, e por aí adiante.

aleluia!

Finalmente o esfigmomanómetro está nas minhas mãos. Depois de mais de uma semana de tentativas de entrega mal sucedidas posso medir a tensão em casa quando bem me apetecer. Aleluia! Aleluia! Importante será dizer que só tenho o medidor comigo porque uma vizinha simpática o recebeu, porque suas exas., os senhores da transportadora, mais uma vez, ignoraram o meu pedido e não me telefonaram . Finalmente tenho o medidor de pressão arterial e tenho uma vizinha simpática, menos mal.

Mas por que raio precisas tu tanto de um esfigmomanómetro? Porque tenho diabetes gestacionais e tenho proteínas a mais na urina. Se se juntar a isto pressão arterial alta o mais certo é ser brindada com pré-eclâmpsia, que é coisa que nenhuma grávida quer. Para já a pressão continua nos valores habituais para mim, baixa, mas não demasiadamente baixa.

14.10.14

tempo parado

Tenho andado sem tempo, mas regressei do almoço ensonada e achei que editar uma fotografia podia ser uma boa estratégia para tentar acordar. Voltei aos dias serenos e felizes de Dubrovnik.

Dubrovnik, em Maio

unhas despidas

Desde que soube que estava grávida deixei de pintar as unhas e o cabelo. Ah, mas isso é um exagero... Quando muito nos primeiros três meses, mas depois disso não vale a pena. Eu também pensava assim, até que sem motivo aparente tudo correu mal duas vezes, logo no início. Depois disto tentei cortar tudo aquilo que pudesse directa ou indirectamente afectar a gravidez. Eu sei, racionalmente parece exagerado, mas é a minha forma de me sentir descansada, bem comigo própria e de saber que mais não poderia ter feito. 

Para além disso, descobri que tenho as unhas muito mais saudáveis agora do que tinha antes! Não me venham com a conversa dos vernizes baratos e blá blá blá. Eu usava vernizes de marcas chiques e, correspondentemente, caras e o resultado era as unhas não andarem em muito bom estado. Ou bem que partiam facilmente ou bem que tinham uma cor amarelada quando lhes tirava o verniz. Pois bem, muitos meses depois, sem verniz, tenho que admitir que tenho as unhas em muito bom estado e que até já me habituei a ter as unhas despidas. Mas também tenho saudades das loucuras que de vez em quando lhes fazia, especialmente quando me dava para as pôr a fazer pendant com determinada época do ano. Portanto, se o rebento se decidir a nascer antes do Natal, prometo vesti-las de tons natalícios (nessa altura não vais ter tempo nem paciência para isso! Pois que é bem possível, mas deixem-me sonhar com umas unhas vestidas!)

(Natal de 2012 by Rosa, mal eu imaginava onde - e não me refiro só à geografia - estaria 2 anos depois!)

bebé M, faxavor de se fazer sentir

Há dois dias que o bebé M decidiu não se mostrar tanto, que é como quem diz decidiu não se fazer sentir tanto. No primeiro dia ainda achei que poderia ser um acaso, mas agora acho que mudou de posição. Os poucos movimentos que sinto parecem-me diferentes, menos nítidos, mais interiores. O rapaz já estava cefálico, prontinho para se encaminhar para a saída, mas deve ter achado que ainda tinha tempo de sobra para continuar a explorar o alojamento e deu uma volta, ou meia volta, ou seja lá o que for, na mesma posição é que não me parece que esteja. Depois de uma série de semanas a senti-lo a toda a hora decidiu esconder-se, e eu tenho que admitir que não estou a achar grande piada.

13.10.14

só em Itália

A aventura de entrega do aparelho para medir a tensão arterial dura há uma semana. Por este andar mais valia ter esperado para ir a Portugal e trazia um de lá. 

Hoje mando novo mail, pergunto se posso ir buscar a encomenda a algum lado. Respondem-me que farão a entrega amanhã, algures entre as 13 e as 15. E eu que perca duas horas de trabalho e fique duas horas em casa à espera que a campainha toque! Lá pedi de novo para me telefonarem quando estiverem a chegar a casa. Desconfio que o farão tanto como fizeram das vezes anteriores. Não entendo: repetem o mesmo procedimento 100 vezes e não percebem que não resulta? Irra!

há coisas que não são para mim

A cada dia que passa mais me convenço que não fui feita para obedecer a regras que me limitam os passos físicos e, muito menos, os mentais. Colocarem-me dentro de uma cerca e limitarem-me o espaço de acção é meio caminho para eu querer, com todas as minhas forças, saltar o raio do muro. Preciso de espaço de manobra e irrita-me solenemente o controlo exacerbado. Há muito quem não seja assim, e eu respeito. Há quem precise mesmo de linhas delimitadoras e de regras para fazer um bom trabalho. Eu não, pelo contrário, tudo isto me castra os movimentos e me definha o pensamento. Há superiores que têm sensibilidade para perceber que as pessoas são diferentes e que deve haver alguma flexibilidade na forma de lidar com cada um. A maioria não é assim. À maioria dá gozo o poder de controlar os outros. Já tive superiores dos dois tipos e nem adianta dizer com quem as coisas correram bem e com quem correram mesmo muito mal.

Há uns anos tive uma experiência inesperada em que tive a oportunidade de me gerir, de gerir as minhas acções e os meus passos, de fazer tudo como bem entendia. Foi uma experiência particularmente bem sucedida. O problema é que não foi na minha área de actividade profissional comum, porque se tivesse sido, garanto-vos que me agarrava de novo a ela e mandava passear os superiores. Trabalho numa área que, à primeira vista, não permite abrir grandes portas a quem quer trabalhar por conta própria. Mas quem sabe, com tempo e sossego, não consigo encontrar uma brecha qualquer que me permita arriscar. Cada vez mais me convenço que não tenho perfil para ser uma trabalhadora dependente.

nota-se muito que eu acredito que o rebento nascerá antes do Natal?


Deve estar quase a chegar às minhas mãos!
Daqui: boden.co.uk

o ponto de partida de uma nova etapa

Voltei às candidaturas. Depois de longos meses sem concorrer a nada, voltei aos concursos. Tinha decidido só o fazer depois do parto, lá para o final de Janeiro, mas encontrei um lugar interessante e não resisti a atirar o barro à parede. Na verdade sou realista e sei bem as hipóteses que tenho, ou melhor, as que não tenho. Para além de serem 100 cães a um osso, há que recordar que estou grávida, e que mesmo que me chamassem para uma entrevista não poderia ir e fingir que nada se passa. Concorri mais para fazer um teste do que para ficar com o lugar. Será que vão dar uma hipótese ao meu CV, será que me vão contactar, será que teria hipótese de ser chamada para entrevista? 

Agora é mais difícil concorrer e eventualmente aceitar um lugar. Agora somos dois, daqui a pouco três, se bem que o terceiro elemento não tem direito a opinar! Agora concorremos a dois, em família, o que nos limita bastante as opções. Mas penso que termos noção disso e fazermos uma escolha criteriosa e pensada das nossas candidaturas já é um bom ponto de partida.

it's the final countdown

Mudei a minha protecção de ecrã. Hoje sempre que eu ficar uns minutos sem tocar no pc aparecerá o número 19 a rodopiar num fundo negro. Amanhã aparecerá o 18. Estou verdadeiramente em contagem decrescente para ir para casa.

Já fiz isto há muitos anos, na fase final do estágio da licenciatura. Estava exausta, de uma exaustão tal que cheguei a adormecer na paragem do autocarro, sentada num muro que de um lado tinha estrada e do outro tinha ria. Correu sempre bem, nunca caí à ria. Menos mal, arriscava-me a apanhar uma doença de pele para todo o sempre. Desta vez, e apesar de grávida, não me sinto exausta fisicamente, mas as confusões, irritações e stresses constantes levam-me a outro tipo de cansaço profundo. Não garanto que continue a trabalhar muito bem. Posso muito bem achar que os produtos do meu trabalho são bons simplesmente porque não tenho capacidade e discernimento suficientes para os julgar de outra forma. Daqui a uns meses lerei de novo o que ando a escrever agora e logo vos direi.

19!! Faltam 19 dias!

12.10.14

é pijama, não é pijama... errrrr

O meu conhecimento sobre bebés não é extenso, admito. Mas diria que as actividades dos recém-nascidos não variarão muito para além do dormir e comer. Daí nunca me ter preocupado se determinado fatinho era pijama ou roupa de ir à rua (não me estou a referir a fatiotas mais elaboradas, essas até eu sei que não são pijamas!), não estava a pensar levar a criança à ópera nos próximos tempos. Mas tenho lido algumas discussões sobre isso e quanto mais leio menos esclarecida fico. Eu olho para uns e para outros e parece-me tudo igual. Dizem-me que depende do tecido e do padrão, que há padrões e tecidos mais adequados a pijamas do que outros. Não percebo nada disto, e o mais certo é eu levar a criança à rua vestida de pijama sem saber em que preparos está o rebento. Sendo assim, e só para que por uma vez não tenha qualquer tipo de dúvida, decidi comprar um pijama que parece realmente um pijama (ah, com este não me enganam):
Daqui: boden.co.uk


11.10.14

a criança já tem roupa suficiente para os primeiros tempos, mas vi isto e sei que não vou resistir

reagir

Bem sei que idealmente as nossas motivações maiores deveriam ser intrínsecas, no caso do trabalho deveriam ser o gosto e o interesse genuíno pelo que fazemos. Mas não vivemos num mundo ideal, nem eu sou perfeita. Nada me motiva mais do que a fúria. Andava com uma vontade nula de fazer fosse o que fosse, mas conseguiram levar-me aos arames e eu irritada sou perigosamente trabalhadora. Aprendi às minhas custas, e há já algum tempo, que querermo-nos vingar de alguém e ficar horas e dias e semanas inteiras a pensar em estratégias maquiavélicas de ferir o outro não nos leva muito longe. Cansamo-nos, aborrecemo-nos (de cada vez que pensamos em irritar o outro, não é ao outro que provocamos irritação, é a nós mesmos). De modo que fazer algo apenas para atacar alguém não é estratégia que adopte. Porém, se eu puder fazer algo que me beneficie e que, paralelamente e indirectamente, deixe o outro furioso, não hesito. Já passei por isto uma vez e cá estou eu a repetir a façanha: trabalhar, trabalhar, trabalhar, porque o meu CV agradece e porque as criaturas que me têm irritado solenemente ficarão possessas com os resultados das muitas horas de trabalho. 

Lá fora chove copiosamente, pela primeira vez sinto os pés frios e vou voltar a pôr os olhos e a atenção nos meus artigos. Bom Sábado!

10.10.14

contagem decrescente

Estou a exactamente 3 semanas de arrumar as tralhas e rumar a casa. Tu ru ru ru ru! E pelo meio ainda vou uns dias a Portugal, yeah!

referenciais

Devemos estar a começar a ser emigrantes a sério quando o nosso referencial de tempo são as idas ao país de origem. Ou simplesmente estamos fartos do sítio onde estamos, ou das pessoas com quem somos obrigados a conviver.

28 semanas

Não fossem os diabetes e andava feliz da vida (assim ando na mesma, se bem que a perspectiva de ir a Portugal e não comer um pastel de nata me deixa com o sorriso às avessas). A entrada no terceiro trimestre ainda não fez grandes mossas. Continuo com o mesmo peso de há algumas semanas, embora a barriga esteja mais proeminente. Claro que me sinto menos resistente fisicamente. Não consigo caminhar um dia inteiro como fazia antes, mas não há milagres. Afinal já são 28 semanas! Mas para já não há dificuldade a dormir nem me dói nada. Não sinto o efeito das hormonas sobre mim. Continuo ponderada, sem ataques de choro sem razão e sem ansiedades sem motivo. Não me sinto menos desconcentrada que o habitual, acho até que esta semana tem sido especialmente produtiva, o que só revela que continuo no meu estado habitual: deadlines a aproximarem-se e eu a acelerar o ritmo. Daqui a 3 semanas acaba-se o trabalho e, bem mais relevante, livro-me daquele ambiente que não lembra ao diabo. Trabalhar com a gente com quem eu trabalho é uma verdadeira descida aos infernos.

Tenho sentido o bebé M a toda a hora e é uma excelente companhia nas horas de insónias. Estando a trabalhar em ritmo acelerado desisti de tentar preparar seja o que for para a chegada do rebento. Fica tudo para quando estiver sossegada em casa. Entretanto o berço chegou e é tal e qual como na foto: lindo e clássico.

Continuo com o feeling de que o M não vai esperar pelo primeiro dia de 2015 para nos brindar com a sua chegada. Aqui fica o registo da intuição, para ver se se confirma, como se confirmou quando tive a impressão de que estava grávida e quando achei que era um menino.

9.10.14

maçã, a fruta mais desinteressante de que há memória

Estou a dieta. O especialista em diabetes gestacionais achou que era cedo para a insulina entrar em cena e considerou que era de tentarmos dieta durante um mês (dieta e picadelas nos dedos para vermos como a coisa vai evoluindo). Se entretanto não resultar não me escapo à insulina. A dieta não é muito diferente da minha alimentação normal. Não sou muito dada a doces e hidratos de carbono já comia mesmo muito poucos. Portanto, esta parte da dieta é pacífica. Mas... a fruta, senhores, a fruta? Levaram-me a fruta toda, eu que andava feliz da vida a lanchar pêssegos e pêras, que fazia sumos com morangos, mirtilos e kiwis. E agora sobram-me... as maçãs? Só posso comer maçãs? A fruta mais desinteressante do universo (ainda hoje me dá vontade de rir quando me recordo que em Timor a maçã é um fruto exótico; tudo é relativo). Por este andar chego ao Natal a babar por meia dúzia de morangos, nem me lembro das fatias douradas.

8.10.14

enterrada em trabalho até às orelhas...

... mas contentinha porque os meus dias de férias que sobraram deste ano puderam passar para o ano seguinte (fala com este, fala com aquele, pede autorizações et voilà!). Ora, isto dá, mais coisa menos coisa, 2 meses de férias inteirinhos no próximo ano! Yeah!

nada surpreendida

Claro, como seria de esperar depois de se conhecer o modo de funcionamento do italiano comum, não telefonaram. Deixaram novo aviso informando que iriam tentar nova entrega no dia seguinte, aproximadamente à mesma hora. Lá enviei novo mail informando que tinha urgência na entrega do encomenda. Veremos se é hoje que a coisa se dá.

o post-it certo para cada ocasião

Estes marcam os meus documentos de trabalho e acompanham-me em reuniões. Um post-it vale mais que mil palavras.

7.10.14

uma espécie de sossego

Não é que tivesse dúvidas sobre o carácter da pessoa com quem tenho tido sérios problemas em contexto profissional, mas saber que meio mundo já teve problemas com ela deixa-me muito mais descansada. 

Itália cansa-me

Itália é um país com características de terceiro mundo disfarçado de país do G7.

Finalmente, passados estes dias todos, consegui marcar consulta com o especialista em diabetes gestacionais. Expliquei o caso, disse que era muito urgente (e é!) e lá consegui uma consulta ainda para esta semana. Mas marcar uma consulta por estes lados não implica apenas telefonar e marcar. Os médicos não têm um horário fixo para dar consultas aqui e ali. Em Portugal, sabemos que o médico X dá consulta na clínica Y das 9 às 13 às quintas. Aqui não, o médico faz o seu horário semanalmente conforme a sua conveniência e, imagino eu, o número de clientes aqui e ali. Assim, o mais comum é telefonar para o consultório dos ditos cujos e a recepcionista dizer que ainda não sabe o horário do médico nos próximos tempos, e que depois liga. Umas vezes ligam, outras não. E lá andamos nós a mendigar por uma consulta que vamos pagar e bem. Oh santa paciência! 

Ontem era suposto receber, por transportadora, o medidor de pressão arterial que encomendei há dias. Efectivamente tentaram entregar ontem, mas eu trabalho e não estava em casa. Fazem o quê? Deixam um aviso com um contacto para se tentar remarcar a entrega num horário que me seja conveniente? Ou telefonam a avisar que estão à porta de casa, quem sabe eu não poderia ir lá em meia dúzia de minutos (trabalho a três minutos de casa)? Não, enviam SMS a dizer que tentaram fazer a entrega, mas que eu não estava, de modo que vão fazer nova tentativa de entrega no dia seguinte, mais ou menos à mesma hora. Eu não sei, mas desconfio que a maior parte das pessoas que faz encomendas é capaz de trabalhar e não estar em casa a meio do dia. Repetir exactamente o procedimento do dia em que não estava ninguém em casa é capaz de não resultar... Lá entrei em contacto com as criaturas, concordaram em telefonar quando estiverem a chegar lá a casa. A ver vamos, esta gente não é de confiar.

6.10.14

afinal também gosto de ursos nas fatiotas e nos acessórios do bebé!

Mantas a caminho, não consegui resistir à bicharada!


Daqui: Monkey McCoy

Tenho para mim que as avós vão ficar horrorizadas, mas foi mais forte que eu!



habemus decisão!

Depois de ouvir muitas opiniões de viva voz, depois de ler muitas mais online, depois de muita pesquisa, parece que cheguei a um veredicto. O carrinho do bebé M será este (sem as crianças, que uma parece-me que  é suficiente para me dar água pela barba durante uns tempos):


Ponderei todas as funcionalidades que o carrinho deveria ter e o espaço que ocupa dobrado (dava-nos jeito continuar a ter mala do carro). E, para já (e penso que já não muda), penso que a melhor opção para nós e para o nosso carro será o Jané Rider. Andei de olho numa série deles e a dada altura achei que o Stokke Xplory ou o Joolz Day Earth é que eram, mas depois percebi que teríamos que dizer adeus à mala do carro. Depois passei para o outro extremo, e ponderei o Quinny Zapp Xtra 2. Continuaria a ter mala do carro, mas parece que não é o carrinho mais confortável do mercado, muito pelo contrário, a estabilidade deixa um pouco a desejar, e amortecedores é coisa que não tem. Voltei à estaca zero. Até que me deparei com este carrinho da Jané e, para além de reunir aquelas que considero as condições essenciais para nós, ainda acho que em termos de design corresponde ao que tinha em mente (não é um Joolz, mas, vá lá, não me ocupa totalmente a bagageira!). Agora ando a fazer leituras sobre a cadeira auto: Strata ou Koos? Isto é um mundo sem fim!

5.10.14

please, please, mais uma viagem antes do bebé M ver a luz do dia!

Eu sei, a médica vai-me prender com uma corda ao pé da mesa, mas surgiu a possibilidade de ir a Londres no início de Novembro e eu queria ir. Já lhe perguntei há uns tempos se podia viajar em Novembro, ela primeiro torceu o nariz e disse que decidíamos na consulta de final de Outubro. Na altura a pergunta foi a pensar numa ida a Portugal, que começo a achar que não vai acontecer, porque vou a Portugal quase no final de Outubro e não faz grande sentido voltar logo no início do Novembro. Para mim já é ponto assente que depois do meio de Novembro não vou a lado nenhum (não vou de avião, mas espero estar OK para andar de comboio, que eu queria muito voltar a Veneza e a Burano, para tirar fotos à pança com aquele pano de fundo!). Mas, se no final de Outubro ainda me sentir para as curvas, lá vou eu voltar ao ataque com a questão sobre viajar de avião. ElE vai em trabalho e eu, qual dondoca-quase-mãe iria passear aos sítios habituais (cultura, senhores, cultura! Moro no campo há mais de um ano, um banho de cultura de vez em quando é essencial) e, claro, fazer umas compritas para o rebento. Não estou muito crente, mas não custa tentar... e sonhar!

fevereiro, outubro e janeiro

Se tudo tivesse corrido bem na primeira gravidez teria agora em casa um bebé de 7 meses. Já não me recordo exactamente do dia previsto, mas sei que o nascimento seria em Fevereiro. Este seria um bebé fruto da despedida dos pais, antes de eu vir para Itália. Se a segunda gravidez não tivesse tido um fim precoce, o bebé nasceria algures em Outubro. Não penso nisto muitas vezes, mas de vez em quando lembro-me.

Apesar de toda a dor e desilusão que estas perdas envolveram, especialmente a segunda (porque uma infelicidade acontece a qualquer um, mas duas já é coincidência  mais), a verdade é que se não tivesse engravidado, fruto de um acaso, nunca saberia que poderia engravidar. Nunca tinha pensado realmente em engravidar até que aconteceu. O que não era um objectivo, porque me tinha sido dito ser praticamente impossível, tornou-se numa meta a atingir. Claro que teria sido preferível que tudo tivesse corrido bem da primeira vez, e agora já fossemos três. Não tendo sido assim, acabo por ficar imensamente feliz na mesma por ter engravidado. Se não fosse este acaso tenho quase a certeza que agora não estaria grávida de 7 meses, a desesperar com  a escolha de um carrinho de bebé, a fazer uma colecção de mini-roupas, a esbugalhar os olhos de cada vez que vejo a minha barriga ao espelho, e a planearmos um futuro a três.

27 semanas

Completamos 27 semanas e entramos no 7º mês. A correspondência entre semanas e meses não é linear, mas como a minha data prevista do parto é tão redondinha, assumi que entrei no 7º mês no dia 1 de Outubro. 

O bebé M mexe-se cada vez mais, ou eu sinto-o cada vez mais a mexer. Esta semana acordou pela primeira vez o pai! De madrugada tinha um reboliço na barriga e não resisti a acordá-lO e a pôr-lhe a mão na minha barriga (até agora as vezes que o pai tinha conseguido sentir o M contavam-se pelos dedos de uma mão, e sobravam dedos!). Sentiu um movimento suave e adormeceu com a mão na minha barriga. Segundos depois o bebé M teve um movimento vigoroso que acordou o pai. Na hora não teve grande reacção, a não ser um ensonado "Mexeu-se!", mas horas depois, já completamente de volta ao mundo das pessoas acordadas comentou, cheio de entusiasmo, o pontapé forte do rebento. 

O diagnóstico de diabetes gestacionais irritou-me um pouco. Uma sensação de falta de justiça de todo o tamanho: conheço grávidas que não se alimentam decentemente, que cometem extravagâncias refeição sim refeição sim, e o "prémio" bateu à minha porta. Bem sei que neste caso pouco ou nada tem a ver com a forma como me alimento, mas, bolas!, não dá para ter sossego durante algum tempo? Como diz a obstetra, a cada mês uma surpresa. Faltam 3 meses, a ver vamos o que se segue.

Fisicamente nada de muito novo. Não me sinto mais pesada, nem sinto que ande como uma pata, mas custa-me mais virar na cama e dobrar-me. Já O avisei que daqui a pouco tem que me apertar os sapatos! Notei também uma diferença nas idas à casa de banho. Não há como adiar o xixi, ou uma dor pouco simpática apodera-se do meu lado esquerdo do abdómen. Durante o dia sinto-me bem, mas mal entro em casa só me apetece descansar. Outras grávidas, com o mesmo tempo que eu, ou menos, sentem frequentemente contracções. Por aqui nada a assinalar. 

Estou a tratar de tudo para a partir do final do mês desligar do mundo real e centrar-me em nós.

3.10.14

decidir

Tenho ponderado ficar a trabalhar até final de Novembro para ter direito a mais um mês de licença após o parto. Mas a vontade de real de trabalhar até lá é nula. Seria mesmo apenas uma estratégia para ganhar tempo depois do nascimento do M. Tenho a possibilidade de usar alguns meses de licença parental após a licença de maternidade, isto é, ficar em casa com o bebé e receber apenas uma percentagem do meu salário habitual. Tenho pensado seriamente nesta possibilidade e cada vez mais acho que é isso que vou fazer. Para além disso, este ano poupei dias de férias a pensar no próximo ano.

Sei que a minha postura seria diferente se trabalhasse num contexto diferente com pessoas diferentes, e se aquilo que faço me desse realmente gozo. Aí não seria uma obrigação ou um sacrifício trabalhar até final de Novembro, ou até mais tarde. Assim é. Acho que esta é uma fase em que tenho realmente que pensar no que é melhor para mim e para o M. Estando a trabalhar falta-me tempo para tudo. Nada está pronto para receber um recém-nascido. Não me sinto cansada durante o dia, mas mal entro em casa a exaustão e o sono apoderam-se de mim e aquilo que consigo fazer é apenas o essencial. Noto também que o meu humor e o meu ânimo se alteraram claramente desde que voltei ao trabalho. O melhor para nós neste momento é eu sair de um ambiente que não me faz bem e concentrar-me no que realmente me é importante. Acho que a minha decisão sobre quando deixar de trabalhar está tomada.

2.10.14

sentir a gravidez

Diabetes gestacionais confirmados. A médica acha que no meu caso isto não se controla apenas com dieta porque a origem é claramente hormonal, de modo que, apesar de me ter reencaminhado para um especialista, já me avisou que vou ter que tomar insulina.

Também me mandou medir a tensão diariamente. Não me explicou porquê, mas consigo imaginar. Proteínas em excesso na urina, aliadas a tensão alta são sinais de pré-eclâmpsia. Até agora a tensão tem andado perfeitamente normal, mas como a cada mês que passa eu vou tendo uma surpresa, vamos lá ver o que aí vem.

Cada vez mais acho o que já afirmei há uns tempos, o corpo da mulher suporta a gravidez, mas que é uma violência, é. Violência esta que se revela em graus e formas diferentes de mulher para mulher. Eu nem sequer tenho grande razão de queixa.

Gosto de estar grávida pelo que isso significa, gosto incondicionalmente do ser que habita as minhas entranhas. Sei que vou ter saudades de sentir os movimentos do bebé M dentro de mim. E estou claramente feliz por, finalmente, à terceira tentativa, ter conseguido chegar até aqui. Se me agrada realmente estar grávida, sentir o corpo a mudar e a aumentar a cada dia que passa? Não, não gosto nada, dispensava bem esta parte. Não fui uma daquelas grávidas que depois de terem 2 centímetros a mais de barriga a espetaram para fora e saíram de casa entaladas em roupas justas. A gravidez, para mim, é um estado necessário para que possa ter o M finalmente connosco, mas não é, por si só, um estado que me faça brilhar os olhinhos de felicidade.

1.10.14

e porque eu sou pessoa que não deixa escapar nada...

- proteínas na urina que não devia ter --> tenho
- diabetes gestacional --> parece que também já cá canta

Consulta amanhã, a ver vamos o que se segue. Os valores não estão muito fora dos valores de referência, mas estão fora. O que mais me irrita na questão da diabetes é que não estou a ver muito bem como a controlar: tenho comido bem e não exageradamente. Acho que sou uma das poucas grávidas que conheço que não anda sempre esfomeada. Bem sei que nesta fase a diabetes pode ter causas hormonais, mas também sei que o que é proposto para controlar os níveis de glicose no organismo é fazer dieta. Ora, eu olho para as dietas normalmente propostas nestas situações e acho que aquilo já é o que eu faço. Então que raio posso eu fazer mais? Aiii, que me esperam três tão longos meses!...

sensação recorrente dos últimos dias

Oh meu Deus, deitadinha de barriga para cima sinto que estou a ser esmagada pelo meu próprio corpo!

1 de Outubro --> e faltam exactamente 3 meses!

Na verdade, espero que faltem menos alguns dias. Bebé M, sente-te livre para abandonar os teus aposentos assim que completares as 37 semanas!

Finalmente encomendei o berço do rebento: tradicional e com laçarotes, exactamente como o da foto (quer dizer, espero que seja como o da foto!). Este rapaz, um dia, quando for mais velho, vai morrer de vergonha dos primeiros tempos de vida! Espero que o berço chegue rapidamente para que o quarto do M deixe de ser uma espécie de estaleiro quase vazio e também para que eu me vá convencendo de que o que está a acontecer é mesmo real!


Continuo sem ter carrinho de bebé. Acabei por não comprar o carrinho em segunda mão que me tinha agradado (fazer negócios com italianos é uma tarefa difícil!) e voltei à estaca zero. Quanto mede o carrinho fechado? Fita métrica na mão, vejamos que espaço ocupa na mala do carro. OK, este não ocupa a mala toda, mas tem um ar frágil. Aquele tem um ar mais resistente, mas ficamos praticamente sem mala. Rebatemos um banco de trás e resolvemos o problema? E a cadeira para o carro? Esta é leve, mas as opiniões de quem a usa não são brilhantes. Aquela tem boas opiniões, mas pegar nela implica fazer musculação. Cadeira que deixa o bebé virado para a frente ou para trás? E depois, no momento em que praticamente já me decidi, cruzo-me com outro carrinho que acho que pode ser o ideal, e voltamos ao ponto de partida! Acho que vou estabelecer um prazo, se não for assim acho que não vou lá!