28.3.13

Quando soube da novidade fiquei radiante. Tinha conseguido o que queria. Aliás, tinha à minha frente tudo o que queria em termos profissionais. Depois da novidade lembrei-me de ti, e garanto-te que durante estes anos me lembrei de ti poucas vezes. Eras um assunto encerrado e nesses eu raramente toco, nem das gavetas da memória tenho o hábito de os tirar. Mas naquele dia lembrei-me de ti. Ia embora, e não queria ir embora zangada contigo. O que nos afastou já tinha acontecido há demasiado tempo para nos continuar a manter em silêncio. 

Do meu lado um sorriso, apenas isso. Sabia que não precisava de dar mais explicações. Entendeste-o muito bem e poucos minutos depois estávamos a falar como antes. Voltaram as palavras e voltou o resto, maior, com mais vontade, mais amplificado. E agora? Que faço comigo, contigo e com o que tenho cá dentro se os meus dias por aqui têm as semanas contadas? Pela primeira vez tenho tudo o que poderia querer, mas em países diferentes. Consegui esquecer-me disto por algumas semanas, mas agora que o tempo começa a ser tão curto tenho uma bola de neve feita de ansiedade dentro de mim. Tive esperança que a minha ida fosse adiada, que tivesse que ficar por cá mais algum tempo. Não vai acontecer. O dia que eu sabia que marcaria um reviravolta na minha vida mantém a data, mas a reviravolta vai ser bem maior do que tinha imaginado.

Os que não sabem de ti dizem-me que devo estar feliz, que tudo aconteceu na altura certa. Eu sorrio da melhor forma que sei e posso e confirmo. Engulo a tristeza, as lágrimas, a ansiedade, a incerteza e faço de conta que vivo um momento perfeito. Mas cá dentro mora um vulcão prestes a explodir. O que farei com as minhas mãos quando as tuas não estiverem por perto? O que farei quando precisar do teu abraço? O que farei quando todos os meus receios só dispersarem com os teus beijos?

10.3.13

Quando me perguntam se já tenho a mala pronta morro um bocadinho por dentro. Quero tanto ir e queria tanto não te deixar.

8.3.13

[Uns esperam ansiosamente pelo fim-de-semana, eu espero ansiosamente pelos teus braços.]

estou, só com um "f", mas mesmo muito afraid

are you a(f)fraid?

das voltas e reviravoltas que a minha vida deu em poucas semanas

Timor foi uma paixão que se transformou em amor. Desconfio que será daqueles amores que duram para sempre, mesmo que nunca mais nos encontrássemos. Ficaram as memórias dos momentos doces e dos mais arrebatados, ficaram as memórias do sítio onde me virei do avesso, e onde mudei de rumo a tantos níveis. Timor será sempre o sítio onde fui puramente eu, sem querer saber do que os outros poderiam pensar. Timor foi a temperatura que nos queima por fora e nos faz ter sentimentos que nos queimam por dentro, foram sentimentos tropicais regados por noites de luar molhado, foram sorrisos doces, foram gestos repentinos e genuínos, foi a praia paradísiaca e o mar que não refrescava, foi o medo e a serenidade, foram olhares de desejo e lágrimas de dor. Pouco tempo depois de ter regressado ardi de saudades. Depois aprendi a lidar com elas e fui moderada e paciente o suficiente para conseguir ter o regresso assegurado. Sorri, chorei de emoção pelo regresso ansiado e conseguido a pulso, fruto do meu trabalho e da minha vontade.

Tinha na mão o que mais queria, mas foi-me posta na outra mão uma proposta inesperada e não tive a menor dúvida na opção a tomar. Uma paixão não resistiria a este adiamento, mas um amor resiste. Timor, não te troquei, apenas de adiei.
Do lado de dentro da minha janela é verão. Do meu lado de dentro também.

7.3.13

[Os meus silêncios são feitos das palavras que te queria dizer e às quais ainda não consigo dar voz.]

6.3.13

Se não fosse complicada não era eu. Se não tivesse dúvidas dez minutos depois de ter tido todas as certezas do mundo não era eu. Eu já sou normalmente este poço de confusões e reviravoltas, o contexto actual  ainda me vira do avesso mais do que o habitual. Inspiro fundo, expiro pausadamente. Recupero a calma até me recordar que daqui a dois meses não sei como será nada. Tudo seria tão fácil se fosse como estava planeado. De certeza que neste momento estaria a pensar nas viagens de fim-de-semana, a recolher informação sobre as redondezas, a sonhar com o que me espera. Pelo contrário, não planeio nada, sugo o tutano dos dias presentes, e desespero quando sinto que estou a desperdiçar momentos que mais tarde me alimentariam as saudades. Quero ir, mas... Este "mas" chegou quando eu achava que o timing era perfeito. Não foi, nunca é. Alguns estranham a aparente serenidade e a falta de entusiasmo. Disfarço, escudando-me no muito trabalho do momento. Não posso contar que desta vez quero seguir os passos todos, fazer tudo no momento acertado, dar tempo ao tempo, saborear as pequenas coisas, mas que me falta o essencial. Este tempo que tomamos como garantido falta-me agora. E tu vais-me faltar depois, quando estiver onde quero estar...

1.3.13

Angkor Wat, Cambodja

Estou diferente, sou mais cautelosa, e não consigo aqui escrever sobre o que me apetecia. Mas digo-vos que ter visto o primeiro nascer do sol em Angkor Wat, no Cambodja, foi coisa para me trazer felicidade aos molhos, muito para além do que podia sequer imaginar. Como acho que já escrevi algures, há bem pouco tempo, acontece que termos à nossa frente, e ao mesmo tempo, tudo o que desejamos pode ser complicado e difícil de gerir. Especialmente se ambicionamos incompatibilidades, não por inconsciência, mas por acharmos que nem no maior momento de sorte nos seria dado tudo o que mais queríamos. Acontece que há momentos com os quais nem nos atrevemos a sonhar e que um dia se dão, uns mais por acaso, outros porque nos fartámos de correr atrás deles. Um dia abrimos os olhos, abrimos o coração, e damos connosco felizes, como já não achávamos possível. Ainda trememos de insegurança e arriscamos deitar tudo a perder, mas é aí que percebemos que agora tudo é diferente, e que os receios de outrora deixaram de fazer sentido. O único senão desta felicidade que poderia ser quase completa é que um dos sonhos (agora quase realidade) me afasta do outro. Mas, também contrariamente a quem já fui, vivo o tempo em que ambos são possíveis sem dissecar por aí além o futuro. O que tenho agora ninguém me tira, quanto ao resto... logo se vê.