28.2.11

basicamente é uma sombra numa fotografia, mas eu sei que é ele!

Fui ver o concerto do João Gil e amigos. Bom, para dizer a verdade fui ver o Nuno Norte. Há nele qualquer coisa que faz acender estrelinhas no meu imaginário, não sei se é da voz rouca, se é do ar de rufia, mas que há ali qualquer coisa, há. Findo o concerto, já no bar lá do sítio, Rosa e companhia esperam pacientemente que o mocinho dê um ar de sua graça. Finalmente aparece e é monopolizado por uma criatura masculina, volumosa, e de casaso laranja tamanho XXL que não só se agarra a ele como se fosse uma lapa, como ainda corta totalmente o meu campo de visão. Senhor do casaco laranja, caso me leias, fica a saber que não gosto de ti nem um bocadinho.
Eu sei que não custava nada chegar ao pé do moço e pedir para tirar uma fotografia, mas isso não tinha piada nenhuma, que eu gosto é de tirar fotografias sem o consentimento alheio (e é certo que se ele dissesse nem que fosse um monossílabo com aquela voz rouca eu era capaz de corar, tossir e mirrar, e eu gosto de manter a minha pose de criatura inabalável). Sendo assim, apontava discretamente o telemóvel na direcção do menino e disparava. À distância a que ele estava, com o tipo do casado laranja colado a ele, e com a falta de luz lá do sítio, está-se mesmo a ver que nem uma fotografia de jeito tenho. Esperançada de que ele se aproximasse, mantinha-me no mesmo sítio de pedra e cal. Até que a amiga, já fartinha da espera e de pés frios, questiona:
- Olha, e se nos levantássemos?...
- Eu acho que é uma boa estratégia. Arrojada, mas boa! Mas desconfio que ele não vai gritar "Rosa e amiga, não vão já embora!"

"desclick"

Há muito tempo alguém me disse que se eles fazem muitos jogos, se a questão não é linear, então mais vale tirar o cavalinho da chuva e virar costas o quanto antes. Claro que na altura, inocente e sem grande experiência, ouvi o comentário e ignorei. Ah, sim, que eu gosto mesmo é de jogos, de sim num dia e não no outro, de ser o mundo inteiro dele num dia e no dia seguinte nem fazer parte da lista de prioridades (sim, já fui parvinha, felizmente depois passou-me). Agora dou a razão toda a quem me disse isto e nem se deve lembrar de algum dia me ter dito tal coisa. Minha querida, tinhas toda a razão e hoje ninguém me apanha a suspirar por quem não é nem coerente nem consistente. E, eu sei que é estranho, mas estas mudanças repentinas de humor do outro lado são coisa para apagar instantaneamente qualquer sentimento, mais etéreo ou mais terreno, que viva em mim. Nem preciso de me forçar a não querer pensar e a não querer sentir, é mesmo uma questão de incapacidade.

24.2.11


Acho que teria dificuldade em viver numa cidade sem água (mar, rio, seja o que for). Desesperei em Leiria. Sim, tem rio, mas na altura estava tão maltratado que era preferível não ter nada (estará melhor agora?). Era muito mais feliz nos dias em que podia fugir da cidade e ir para S. Pedro de Moel. O meu mundo de sonho mete água (e eu meto água muito mais vezes do que era desejável, mas isto é outra conversa). O meu mundo de sonho também inclui poder sair do trabalho, conduzir meia dúzia de minutos e terminar o dia na praia, ver o pôr-do-sol, e desligar de tudo o resto. E, se há muitos aspectos do meu mundo de sonho que são distantes, este ninguém me tirou hoje, como noutros dias.

Não sou medricas, não sou cautelosa por aí além. Faço, na maior parte das vezes, o que apetece (conduzo com chuva torrencial e com vento que faz abanar o carro podendo estar em casa, porque naquele dia me apetecia conduzir*; faço praia em Fevereiro porque o sol chama por mim**; digo que gosto e que tenho saudades porque é verdade, e quero lá saber do que o outro pensa). Atiro-me de cabeça de vez em quando. Ao contrário do que possa pensar quem não me conhece bem, tenho bom senso. Mas isso não invalida que não me atire para a frente, que não corra atrás do que quero, que não corra riscos. Não jogo pelo seguro, porque continuo a acreditar que um risco bem calculado pode trazer muitas vantagens agarradas. Mas um risco é sempre isso mesmo, e há alturas em que por mais ponderação que tenha havido, a sorte (não será só sorte, mas ok) não está do meu lado e dou comigo estendida ao comprido, depois de uma valente queda. Acontece, é a vida. Mas a questão é mesmo essa: a vida não é ficar quietinha à espera que aconteça, a vida é fazer acontecer.

*cheguei intacta a casa
** o banho de mar deixou-me surda durante 2 semanas

21.2.11

(às vezes tenho medo de mim)

Não sei se é o chamado sexto sentido, se é intuição, mas esta coisa de apanhar as mentirinhas e omissões todas de toda a gente acaba por me dar alguma vontade de rir (e por me cansar também). Ouço a mentira e penso de mim para mim que é isso mesmo, uma mentira, mas fico caladinha, porque cada um diz o que entende, e ninguém é obrigado a ser verdadeiro se não está para aí virado. Mais minutos menos minutos, mais dia menos dia, lá vem a confirmação de que a verdade naquele dia, naquela frase, tinha tirado férias. Um dia destes arranjo uma bola de cristal só para criar o ambiente certo, porque o sexto sentido já cá mora.

sentido de oportunidade

No dia em que o topo da hierarquia descobre que eu existo, e em que devia passar uma imagem de seriedade, profissionalismo e credibilidade, apareço de mini-vestido e botas que fazem lembrar pantufas.

20.2.11

fartinha do fim-de-semana

Estou desde as 9 da manhã sentada no mesmo sítio, agarrada ao computador. Já não penso, já não filtro o que digo, e anseio desesperadamente pela segunda de manhã que me há-de tirar destes preparos.

O lado bom da coisa: consegui trabalhar como não conseguia há umas semanas, desde que se instalou um estranho frio no fundo do estômago. Menos mal, a coisa é reversível.

desconfio que já me disse isto noutras alturas

Não voltarás a deixar trabalhos para terminar no dia antes do prazo limite.


14.2.11

Os meus pais telefonam-me e contam que estão a jantar à luz das velas. Não sei se acho curioso se acho que se passaram de vez. Até que perdidos de riso soltam um "Faltou a luz!"*. Confirma-se que não sou adoptada, a insanidade tinha que vir de algum lado.

*a EDP a ajudar à comemoração do dia, coisa mailinda.

sozinha e sem jantar, que ainda não me apeteceu!

E sem qualquer problema com isso. Já tive dias dos namorados sozinha que me doeram da pontinha da unha do dedo grande do pé até à ponta do meu cabelo mais comprido. Já tive dias dos namorados a dois que me fizeram sentir a pessoa mais sozinha deste mundo e arredores, mesmo que as batatinhas tivessem o formato de coração e o prato viesse decorado com pétalas vermelhas (piroseira, eu sei, passado negro este meu).

Sempre que digo que estou de bem com a vida e comigo, vem a pergunta sacramental "Ah, mas não preferias estar com alguém?" Estaria melhor não com alguém, mas com alguém em particular, admito que sim. Mas entre estar com alguém só para para ter companhia para comer batatinhas em forma de coração e sentir-me vazia e só no fim do jantar da praxe, e estar bem comigo própria, estou bem melhor on my own.

E há "gosto muito de ti" sinceros e espontâneos que valem mais que qualquer jantar por obrigação.

o meu gosto pelo abismo

Estão a ver o teleférico desta foto?

Havia cabines com chão normal e cabines com chão de vidro. Está-se mesmo a ver qual é que escolhi. Sou assim, em tudo.


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eles também tremem

- Lembras-te de quando vieste ter comigo? Foi há quantos anos? Quatro?
- Sei lá! Não me lembro... de nada. É que eu nem estava nada nervoso, nada de nada! Não me lembro de nada. Vá, lembro-me de ti.

11.2.11

coisitas que me piscam o olho e que levo para casa (2)

O saco-urso também veio de Hong Kong, mas é francês. Vinha na mochila, e quando no controlo alfandegário toda a bagagem foi revistada fiquei com a sensação de que me acharam a versão feminina do Mr. Bean, a viajar sem abandonar o ursinho. Mais figura triste, menos figura triste. Já estou habituada!

bear_shopper

(imagem daqui)

coisitas que me piscam o olho e que levo para casa

É japonês, mas trouxe o meu de Hong Kong.

Não resisti ao desencanto da citação:

"He got married, furnished a house, bought a writing table and stationery, but found he had nothing the write."




(imagens daqui)

9.2.11

sim, está obviamente bloqueado

Contacto do msn tem a seguinte mensagem de apresentação:

"Genesis 2:3 - Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra criar"

Ah, é alguém a desesperar pelo domingo!, pensam vocês.

Não, é um freak religioso da pior espécie, garanto-vos eu!

afinal é genético

Sempre que quero dizer "pirraça" tenho que parar e pensar "pirraça ou piçarra"? A coisa passa despercebida porque numa fracção de segundo se faz luz e uso a opção correcta. Sempre achei que era um defeito de fabrico sem grande importância. Até que ontem ao telefone o meu pai diz:

- Também não é preciso fazeres piçarra!

Não só é um erro de fabrico como é genético. A minha família tem defeito na pirraça. Coisa mailinda.

- Também confundes as duas?, pergunta o meu pai triunfante ao saber que já arranjou seguidora.

não percebo

Alguém me explica por que é que quando dizemos a uma cabeleireira que lavamos o cabelo todos os dias, ela olha para nós com o mesmo ar de repugnância com que olharia se lhe disséssemos que só tomamos banho uma vez por mês?

3.2.11

dos acasos, coincidências, ou do que lhe quiserem chamar

Hoje encontrei um mail escrito em Abril do ano passado. Dizia eu a uma amiga:

"Repara bem nesta conferência. A esta não me importava eu de ir: Hong Kong!"

Em Agosto chegou o mais do que inesperado convite.

Se alguma vez imaginava, quando escrevi aquele mail, que em Janeiro poria os meus pezinhos em Hong Kong.