19.7.15

voltei ao meu estado normal

Não sei como cheguei a este ponto, mas a verdade é que apesar de estar em casa, supostamente sem trabalhar, estou cheia de trabalho. Tenho 4 dias para terminar uma série de coisas e mesmo depois disso, até Setembro, tenho muito com que me entreter. Se as coisas corressem pelo melhor (ou pior, se pensar no tempo livre que não tenho) até Outubro seria um fartote de tarefas novas, desafiantes e daquelas que ficam bem no CV. Continuo a roubar tempo às noites e, às vezes, a acordar como se tivesse sido atropelada por um camião, mas é mais forte que eu. Confirmo que o meu ideal de vida não seria ser mãe a 100%, mas seria poder estar 100% do meu tempo com o meu filho e poder trabalhar a partir de casa. A maternidade anestesiou-me durante uns meses, mas agora voltei ao meu estado normal.  Desconfio que estou a trabalhar mais do que se estivesse no meu trabalho habitual, com o pequeno pormenor de agora ter um pequeno ser que me merece grande parte do tempo e da atenção. É possível, inspira, expira, é possível!

15.7.15

cão ou gato?

Eu sei que há por aí umas redes para pôr pedaços de comida dentro para os bebés poderem comer sem haver o perigo de se engasgarem. Entendo as vantagens da coisa, mas aquilo parece-me um bocado contra natura. Talvez seja demasiado descontraída, mas eu sou por lhe pôr pedaços de comida na mão e deixá-los explorar os alimentos em todas as suas vertentes. Assim, mal o puto pode comer glutén comecei a pôr-lhe pedaços de pão na mão. Até agora tudo tem corrido bem. Tudo, salvo seja… Estou a ponderar arranjar um cão ou um gato para me resolver o problema documentado na foto abaixo.

Itália, as transportadoras e eu

De novo a longa saga das transportadoras italianas…

Comprei uma Bimby, aliás, paguei uma Bimby. Já vos explico o resto.

Tinham-me feito a demonstração em Portugal já há uns bons anos. Na altura não fiquei nada convencida, mais pela falta de jeito da vendedora, do que pelo desempenho do robot. Na verdade na altura vivia sozinha e não precisava de uma Bimby para nada. Agora também não é nada que me seja essencial, mas é um robot, tem botões, e é sabido que os homens gostam de maquinetas com botões. O de cá de casa não varre com vassoura, mas se for para aspirar não lhe custa nada. Há que juntar tecnologia às tarefas domésticas e é ver o sexo masculino a juntar-se às lides da casa. Pois que eu estou a precisar de ajuda na cozinha e o homem cá de casa foge a 7 pés do fogão. Compre-se uma Bimby para que ele se mexa. Homem convencido, robot pago e diz a vendedora que a entrega é feita por transportadora umas 6 a 8 semanas depois do pagamento recebido. Isto é maquineta para ser muito requisitada e não as há assim disponíveis do pé para a mão. Seja. Imaginei-me a fazer papas para o puto no dito aparelho e pesquisei receitas para nós. Passaram-se 3 meses e nada. A transportadora diz sempre que até ao final da semana entrega, mas até agora não chegou nada cá a casa. Pronto, já não quero Bimby nenhuma, resigno-me às actividades solitárias na cozinha e agradeço que me devolvam o dinheiro. 

Já disse que Itália me cansa?

isto passa, não passa?

Há uns tempos o mini-panda dormiu várias noites seguidas sem interrupções. Nós sorrimos, dormimos tudo o que conseguimos e pensámos que a saga do acordar a meio da noite estava a terminar, ou tinha já terminado. Um amigo com experiência nestas lides riu-se e disse-nos para esperarmos pelos 6 meses. Nós achámos que ele se estava a meter connosco e ignorámos. Pois que agora o que nos ocorre é perguntar-lhe quando é que esta fase miserável que estamos a viver acaba. Aos 3 meses o puto dormia a noite toda ou acordava uma ou outra vez e agora, ultrapassados os 6 meses, nunca nos levantamos menos de 5 vezes por noite. Batemos o record há poucos dias quando nos levantámos 11 vezes na mesma noite. 

Está um calor a rasar os 40ºC, o que só por si já me deixa em estado semi-vegetativo. Agora juntemos a isso alçar o rabinho da caminha uma meia dúzia de vezes por noite. Sim, esta que vos escreve não sou bem eu, mas uma espécie de 50% de mim, que a outra metade partiu para parte incerta e desconfio que tão cedo não regressa.

12.7.15

eu agora

Tenho dificuldade em distinguir as consequências da maternidade e de ser emigrante. A primeira gravidez aconteceu exactamente na altura em que saí do país, o que dificulta perceber qual é  causa de quê. Bom, isto também não é propriamente o topo das minhas preocupações. A verdade é que mudei, que me tornei mais tolerante e menos explosiva, que comecei a relativizar o acessório, que deixei de perder tempo com o que não é relevante, que comecei a valorizar algumas coisas que antes ignorava. Mudei de país, mudei de contexto de trabalho, fui vítima de assédio sexual e moral, casei, fui mãe, muito estranho seria se me mantivesse igual.

11.7.15

não foi fácil, mas está feito

Tarefa do post ali de baixo terminada. Corpo dorido a queixar-se das poucas horas de sono dos últimos dias. Se consegui fazer isto nos minutos em que o mini-panda dormiu, consigo fazer tudo. É que o rebento nos últimos dias decidiu reduzir as sestas ao mínimo dos mínimos e eu vi a vida a andar para trás e o prazo limite a andar para a frente em passo de corrida. Está feito.

Agora vamos lá ver se aproveito o ritmo dos últimos dias e avanço com o livro do blog que está para ali a ganhar pó no fundo de uma gaveta.

10.7.15

dormir, essa actividade sobrevalorizada

Digo eu um ou dois posts abaixo que trabalho só no próximo ano e agora venho para aqui queixar-me porque ando a deitar-me às tantas para terminar uma tarefa que me comprometi a fazer. Parece contradição, mas não é (é a minha vida no seu estado habitual de normalidade, ou de falta dela!).

Há umas semanas (meses? a minha noção do tempo anda um pouco tremida) convidaram-me para fazer um trabalho engraçado. Engraçado não é bem a palavra certa, mas digamos que é um trabalho que fica bem ter no CV. Bom, vai daí fiz de conta que eu era o eu de há um ano e disse que sim feliz da vida. Na verdade não me esqueci que agora cá em casa mora um bebé, mas achei que por esta altura a pequena criatura já seria relativamente independente e me deixaria trabalhar alegremente. Pois que o moço com 6 meses e tal parece que ainda não come sozinho nem prepara as suas refeições, não vai sozinho para a cama, quer companhia para a brincadeira e quer passeio no exterior. Quer isto dizer que o meu tempo para trabalhar é bastante reduzido (basicamente quando o pequenote dorme, e há que agradecer aos céus por finalmente o rebento fazer umas sestas decentes) e resta-me ir roubar tempo aonde me é possível para concluir o raio do trabalho que aceitei alegre(e inconsciente)mente: pois que se dorme muito pouco por estes lados nos últimos dias. Isto já não era novidade porque a mini-criatura anda a acordar de hora a hora (às vezes mais), mas agora para além disto deito-me de madrugada. Houve uma altura na minha existência em que eu punha a vida em standby, vestia o pijama, punha a música a tocar e trabalhava o que tinha que trabalhar sem distracções. Pois que agora a minha vida tem fome, tem sono e precisa de mudar a fralda, o que me impede de repetir o procedimento antigo. Isto amanhã tem que estar pronto e depois durmo daqui a uns anos hei de pôr o sono em dia.

4.7.15

adeus com tempo e detalhe

A maioria das minhas decisões é pensada com tempo, embora muitas vezes pareça não ser assim. O "sim", o "não" ou o "vamos fazer isto" podem parecer aparecer de um momento para o outro, o que não significa que não estivessem a ser fermentados há dias, semanas ou meses. Nisto de ir ou voltar preciso de tempo. Preciso de me sentir segura do caminho a seguir. Preciso de me despedir dos sítios, de fazer uma espécie de luto e dizer adeus muitas vezes. Preciso passar nos sítios e absorver cores, detalhes e formas e respirar fundo, porque se foi aquela a última vez que lá passei, já levo comigo tudo o que queria levar. Apercebi-me há dias que me ando a despedir de Itália há já algum tempo, ainda que não tivesse noção de que o estivesse a fazer. A minha experiência italiana tem partes difíceis e muito más, mas Itália será sempre o país onde confirmei o amor e tive o meu filho. Itália merece um adeus com tempo. Não sei quando partirei, mas a despedida já anda a ser feita.