Todas me disseram que o mais complicado eram as primeiras semanas. Eu acreditei e preparei-me mentalmente para o pior. Passou o primeiro mês e passou o segundo e eu dei comigo a achar que se o pior já tinha passado isto afinal não era o bicho de sete cabeças que me tinham pintado.
Errado, tão errado!
Talvez seja de mim que lido relativamente bem com a privação de sono, mas os primeiros dois meses não me custaram por aí além. O que eu não imaginava era que ao terceiro e ao quarto não ia conseguir fazer NADA DE NADA a não ser tomar conta do meu pequeno rebento. Passei a acordar menos vezes durante a noite, mas durante o dia a pequena criatura não estava sem chorar se não estivesse ao colo ou eu não estivesse a brincar com ele - atenção que isto não significa que ele não chorava se estivesse ao colo ou se estivesse a brincar! Ah, descansavas quando ele fazia as sestas!, diziam-me as iluminadas profundas da maternidade. Pois que não dormia, não! A pequena criatura não é dada ao sono e numa sesta daquelas mesmo boas dormia uns 15 minutos. Recapitulemos: não estou em Portugal, não tenho família nem amigos chegados por perto. Quer isto dizer que não há a quem deixar a cria nem que seja por meia hora (isto é assunto para outro post, mas entre não ter a quem o deixar e não ter que ouvir palpites a toda a hora a primeira ganha!, continuo muito feliz por estar longe). O terceiro e o quarto meses foram de uma exaustão profunda, sem tempo para respirar e muito menos para me dedicar a candidaturas a empregos - esta tarefa teve que ser adiada uns meses, parece que finalmente o pequeno Miguel decidiu colaborar na empreitada de deixar Itália o quanto antes.
Portanto, tudo é mesmo muito relativo. Os primeiros dois meses foram cansativos, mas os dois seguintes foram terríveis e houve alturas em que dei comigo a achar que não tinha sido talhada para isto. Acho que me disseram tantas coisas ruins dos primeiros dois meses que eu me preparei para viver uma catástrofe… que veio nos meses seguintes, quando eu esperava uma espécie de bonança. Agora, ainda antes do quinto mês, sinto que o mini-panda está um pouco mais autónomo, chora menos, dorme sestas mais longas e… rufem os tambores… até já me deixa escrever posts e concorrer a empregos! Talvez tivesse vivido estes meses de forma mais serena se não quisesse mudar de emprego e não stressasse de cada vez que deixava um prazo passar porque simplesmente não tinha tido tempo nem disponibilidade mental para me candidatar.
Escrevo-vos agora com ele a dormir no meu braço esquerdo. E agora… enviar uma candidatura! Torçam por mim, para que rapidamente o nome do blog possa mudar!