4.9.13

a ver vamos

Sempre fui muito pragmática em questões importantes. Ora, se há muitos anos me havia sido dito que teria muitas dificuldades em engravidar, essa foi ideia que deixou de me atravessar o pensamento. Se com vinte e poucos anos seria difícil engravidar, não seria com mais quinze anos que criaria ilusões. Até que, estranhamente, engravidei. Tive uma série de sintomas que não deixavam margem para dúvidas, mas recordei-me do tom pesaroso com que o médico me comunicou há mais de uma década que ter filhos não seria nada fácil. Assim, e apesar dos sintomas, assumi que não poderia estar grávida, apesar de tudo e do teste de gravidez conclusivamente positivo. Achei realmente que estava doente. Fui à net, pesquisei o que poderia estar na origem da minha aparente gravidez e concluí que estava mesmo muito doente. Uma semana depois fui ao médico preparada para ouvir o pior, e saí do consultório com a imagem de uma ecografia com um embrião minúsculo. Não vou dizer que pulei de felicidade, porque não é verdade. Fiquei sem reacção, completamente incrédula. Eu grávida? Ele chorou de emoção, contou aos amigos todos, rebentou de felicidade e eu continuava sem acreditar que tinha ouvido um coração, que não o meu, a bater dentro de mim. Aos poucos a realidade foi-se apoderando de mim e idealizei os sete meses que teria pela frente e o que se seguiria. Ponderei questões práticas, que isto de se estar sozinha num país diferente há meia dúzia de dias e descobrir que se está grávida é coisa para nos fazer pensar muito. Fui muito feliz nestas semanas, semanas estas que foram curtas, com um desfecho muito afastado do esperado.

Ora, mas se aconteceu uma vez por acaso e sem nenhum tipo de plano nem cuidado, é bem possível que se repita. E já não estar sozinha em Itália é capaz de ser um ponto muito favorável na conjuntura. Ainda me soa estranho pensar e escrever isto, mas a verdade é neste momento tenho muita vontade de ser mãe. É isto. A ver vamos no que dá.