O bebé ainda não tem 3 meses e eu dei comigo a olhar para um teste de gravidez positivo. Acalmem-se os ânimos que eu avanço já com o desfecho: não estou grávida.
Ainda eu estava grávida e ainda longe de chegar ao fim da aventura e já cá em casa se falava de um segundo filho. Eu e Ele somos filhos únicos. Ele não gostou da experiência e defendia que o bebé que aí vinha não devia ser filho único. Eu admito que só já na idade adulta senti falta de um irmão. Ele muito a favor de um segundo filho e eu ainda sem saber muito bem se o primeiro chegaria mesmo. A verdade é que quando a meta da gravidez se começou a avistar a ideia de ter um segundo filho começou a fazer sentido para mim. Provavelmente isto aconteceu quando eu comecei a gostar de estar grávida e a desfrutar verdadeiramente do estado sem medos. Ainda antes do pequenote nascer a decisão estava tomada, apenas com uma condicionante: a minha experiência do parto podia fazer-me fugir a sete pés de uma segunda tentativa. Não foi o caso. De modo que, apesar de sabermos que poderia vir a ser uma empreitada difícil dado o meu histórico, decidimos que iríamos tentar... logo após a mini-criatura nascer. Ah, é uma loucura!, pensam vocês. Pois é, confirmo eu, mas eu tenho a vida preenchida de loucuras, por que não mais uma?
Achava eu que a obstetra me iria lançar um olhar lancinante quando lhe falasse sobre isto. Pelo contrário, mandou-me aproveitar o pico de fertilidade pós-gravidez. Coisa fácil de dizer, mas mais difícil de fazer quando se tem uma pequena criatura em casa que nos condiciona as energias, os passos e outros tipos de movimentos. Segundo a obstetra seria esperar o primeiro período após o parto e passar à acção.
A verdade é que antes disso, o período ainda não deu sinal por estes lados, dei comigo a aperceber-me de sintomas meus conhecidos (já o disse e repito, isto de ter engravidado 3 vezes num ano deu-me um conhecimento profundo do meu corpo). Passou um dia, passaram dois e eu não resisti: teste de gravidez por descargo de consciência. Negativo, nada que me causasse espanto ou tristeza. Uns bons minutos depois pego no teste para o pôr fora e eis que lá vejo uma pequena sombra que olhando bem era uma risca cor-de-rosa do mais ténue que possam imaginar (mas ainda assim mais visível que a que encontrei no primeiro teste que fiz da gravidez do Miguel). Fiquei sem pio e sem movimentos. Poderia ser? Tive um filho há menos de 3 meses e ainda não tive período e tenho um testes com duas riscas cor-de-rosa à frente? Inspira, expira e decide fazer novo teste no dia seguinte. Teste esse que também me pareceu negativo, até que depois lá vejo uma risca ainda mais clara que a do dia anterior. Aqui não consegui guardar isto só para mim e falei com ele. Os dois espantados, mas serenos, e a antever o desfecho breve da história. Faço novo teste e morava lá uma risca solitária. Teste digital para provar que os nossos olhos estão a funcionar bem e "não grávida".
Na altura em que os abortos me bateram à porta li muito e li também sobre gravidez química. Neste tipo de gravidez há fecundação, mas a gravidez termina pouco depois. Muitos estudos referem que numa situação destas o ovo é libertado aproximadamente na altura em que se daria o período, pelo que grande parte das mulheres não se apercebe sequer que esteve grávida. Não sei ainda ao certo se foi isto que me aconteceu (caso tenha sido o período deve dar sinal de si nos próximos dias), mas a verdade é que tive um teste positivo que em dois dias se transformou em negativo, e não consigo encontrar outra explicação.
Diz-me Ele que nunca teve uma vida tão agitada como depois de se juntar a mim. É um facto que não faltam emoções fortes nos nossos dias, umas melhores que as outras. Há um ano esta situação deixar-nos-ia de rastos e a maldizer a sorte. Agora é claramente diferente. Temos junto a nós uma mini-criatura que nos preenche os sonhos e sabemos que, apesar de querermos ter um segundo filho, se este objectivo não for atingido a nossa felicidade não será ceifada, apenas não será aumentada. De qualquer forma fica um sentimento muito ténue de morte na praia.