13.1.14

uma questão de tempo




Eu costumo dizer-te a rir que vieste com três anos de atraso. Tu respondes-me que demoraste, mas chegaste. Não tivesse eu vindo para Itália, desconfio que teríamos continuado de costas voltadas. Foi há quase um ano que soube que me mudaria. E foi quase há um ano menos um dia que te disse de novo "Olá", depois de três anos de silêncio, afastamento e de fazermos de conta que não nos conhecíamos, apesar de nos vermos quase todos os dias. No momento em que soube que iria virar costas quis resolver todos os meus assuntos. Queria começar uma vida nova sem pendentes nem pontas presas. Ao contrário do que esperava, vim para Itália contigo completamente desarrumado, sem saber o que fazer comigo cá quando tu continuavas onde sempre estiveste. Se antes, quando tivemos todo o tempo só para nós, acabámos um para cada lado, achei que desta vez o resultado não poderia ser melhor. Há muitos anos que acredito que a realidade supera frequentemente a ficção. Este foi mais um desses casos e, embora seja avessa a mimimimis e conversa cor-de-rosa, devo admitir que temos aqui um belo argumento para uma comédia romântica. Até já temos o cenário, é só atentar na fotografia tirada um destes dias.

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