(Lago Maggiore, há dias de manhã)
Achei, e continuo a achar, que lidei muito bem com o aborto de há uns meses. Ainda hoje penso que ter ido sozinha para o hospital na manhã em que me foi feita a curetagem, ter partilhado o quarto com uma grávida com contracções muito pouco espaçadas, ter saído de lá sozinha depois de uma anestesia geral, ter ido trabalhar no dia seguinte e não ter chorado uma lágrima em nenhum destes momentos não é para qualquer uma. Mas a verdade é que a gravidez não evolutiva me marcou. Desta vez não tomo a gravidez como algo garantido por 9 meses. Estou alerta a tudo e mais alguma coisa e, durante as primeiras semanas, tenho termo de comparação, o que nem sempre é bom. Da outra vez tive um cocktail de sintomas bombástico, era impossível não notar que estava grávida (embora o tivesse ignorado por algum tempo). Desta vez, e apesar das ainda poucas semanas, já tive sintomas e já deixei de os ter. Agora sinto-me "muito pouco grávida". Diz a médica que estou tão centrada no stress que nem me apercebo dos sintomas. É bem possível. Hoje posso relaxar um pouco mais. Para já nada de anormal. Esta semana, que durou uma eternidade, terminou com sorrisos. Uma barreira ultrapassada. Muitas mais se seguem, bem sei. Mas o primeiro susto foi ultrapassado e hoje é apenas disso que me quero lembrar e é isso que quero comemorar.