23.8.15

a 3ª vez

Já ter um filho não atenua a dor, mas diminui a ansiedade. Depois do primeiro aborto achei que tinha tido azar. Depois do segundo achei que seria demasiado azar seguido e a ideia de que poderia haver algo de errado connosco ganhou força. Seguiu-se uma gravidez com alguns sustos, mas um final feliz. Acreditei que tinha tido muito azar nas duas primeiras vezes, mas que poderia não ter passado disso: azar. Ao terceiro aborto deixei de acreditar no factor azar (talvez tenha começado a pensar que tive muita sorte por hoje termos o Miguel connosco). A verdade é que estar próxima dos 40 não abona a favor da qualidade dos meus óvulos e talvez o meu historial não seja assim tão estranho. Mas é certo que há muitas mulheres da minha idade que engravidam sem problemas, assim como é verdade que há muitas mulheres mais novas que lidam com o mesmo tipo de problemas. Voltamos ao factor sorte/azar aos olhos do comum mortal, como eu.

A dada altura tive vontade de fazer de novo a análise à HCG (a ausência de sintomas andava a fazer-me espécie), depois pensei de novo e achei que estava a ser um pouco paranóica. O mais certo seria nessa altura os valores já não serem os mais normais para a fase em que estava. Na prática ter repetido essa análise e ter obtido um valor preocupante só me deixaria ansiosa sem poder fazer absolutamente nada. Conheço bem esta fase inicial da gravidez e sei que não há curas milagrosas, nem há como evitar um aborto que se adivinha. Por esse motivo não corri para o hospital quando percebi o que se poderia estar a passar. É também nesta forma de agir que me sinto menos ansiosa e muito mais ponderada. Há situações em que não adianta ser control freak, e esta é claramente uma delas.

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