Já entrei na 37ª semana! Diz-me a app que uso para não me perder na contagem das semanas que se já não for o primeiro filho é muito provável que o bebé nasça esta semana. Por um lado estou cansada, com dores no fundo da barriga (novidade para mim, na gravidez do Miguel não senti nada disto), faço alguma ginástica para apertar as sandálias, e virar-me na cama exige alguma calma e cuidado, o que poderia indiciar que estou mortinha para me livrar da barriga e passar à fase seguinte. Mas, por outro lado, parece-me que o Miguel merece mais uns dias de filho único e agora acho que o tempo passou num abrir e fechar de olhos e estou naquela fase em que acho que ainda não estou preparada para dividir o meu tempo entre dois bebés (um bocadinho tarde para pensar nisto, não?). Bom, na verdade desconfio que tudo se resume a algum receio do desconhecido e do medo legítimo de não conseguir dar ao Miguel a atenção que ele merece. Escrevo isto e penso "mas que raio... devia ter escrito que tinha receio de não conseguir dar a atenção que cada um dos dois merece". Pois devia, mas, e isto não vai soar bem, aviso já, mas é a verdade, eu morro de amores pelo Miguel, mas ainda não morro de amores pelo J. Sei bem que há mães que borbulham corações cor de rosa assim que sabem que estão grávidas, mas eu preciso de tempo para que o sentimento cresça e, pior mais que isso, sou um bocadinho como S. Tomé: preciso de ver para crer. Pode soar frio, distante, mas é o que se passa por estes lados, preciso de tempo antes e depois do nascimento para que os meus sentimentos pelos pequenotes cresçam. Para além de tudo isto, que já senti com o Miguel, ainda estou naquela fase pré-nascimento do segundo filho, em que duvido conseguir amar o segundo como amo o primeiro. Acredito piamente no que todas as mães de mais do que um dizem, que há espaço para amar igualmente quantos filhos tivermos, mas ainda não o sinto na pele e, por isso, ainda ando aqui meia abananada com tudo isto.
E é isto, no fim da semana há nova consulta e com sorte o colo do útero ainda não está a dar de si, e o bebé vai ser paciente e nascer só depois do pai voltar de viagem. Se bem que com a apetência que tenho para as situações surreais já me estou a ver no hospital a ter a criança sozinha. Completamente sozinha, sem pai e sem epidural, que pelo que percebi por estes lados continua a ser coisa pouco apreciada pelos profissionais de saúde. Oh Deus, quem me mandou ter filhos em Itália?
Nunca fui mãe, por isso há assuntos que não posso opinar com conhecimento de causa... Mas posso dizer-te que não é assim tão incomum uma mãe só sentir amor por um filho (primeiro, segundo, terceiro, whatever...) depois que ele nasce, com o tempo, com o conhecimento, com o lidar.
ResponderEliminarJá ouvi muitas mães dizerem que é mito, não se ama um filho instantaneamente. Tu hás-de ter tempo para te apaixonares pelo J., como te apaixonaste pelo Miguel!