13.7.16

o que mais me custou

O João nasceu na quarta. Na quinta o H. viajou para fora do país e o Miguel teve que ficar esse dia e a noite de quinta para sexta em casa de amigos nossos. Pedimos-lhes que ficassem com o Miguel porque têm uma filha exactamente da mesma idade. Assim o Miguel estaria entretido com a menina e sabíamos que quem ficaria a tomar conta dele daria conta do recado sem grandes problemas. 

Tendo o João nascido ao meio-dia e meio assumimos que na sexta por essa hora teríamos alta, eu iria buscar o Miguel e iríamos os três para casa. O H. chegaria ao início da noite. 

Mas nem tudo correu como o esperado. Como o João nasceu algumas semanas antes do tempo, por uma questão de precaução, não nos deixaram sair do hospital na sexta, apenas no sábado. Comecei a ficar preocupada por o Miguel ter que ficar também o dia inteiro na sexta com pessoas que ele não conhecia. Pior fiquei quando soubemos que o H. corria o risco de não conseguir voltar a Itália na sexta porque a companhia pela qual viajava estava em greve. Isto implicaria que o Miguel teria que passar mais uma noite fora de casa e sem pai nem mãe.

O que mais me custou no parto do João foi toda esta situação com o Miguel. Não foram as contracções, não foram as dores na hora H. Foi saber que o Miguel estava sem nós e sem perceber porquê. Quando a pediatra me disse que não teríamos alta na sexta eu já sabia que corríamos o risco do H. não conseguir voltar na sexta. Tive que respirar fundo várias vezes para não desatar num pranto ao pensar nesta possibilidade.

No final, o pior cenário acabou por não se verificar. Nós só tivemos alta no sábado à hora de almoço, mas o H. chegou na sexta à noite. O voo atrasou que se fartou, mas houve voo. O Miguel já passou a noite de sexta para sábado em casa com o pai.

Estar noutro país sem o suporte da família tem destas coisas.

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