30.1.15

5 semanas depois...

... menos 3,5 quilos do que pesava quando engravidei. 

vai ser lindo!

Não sei se foi da mudança do leite, da mudança da água ou das massagens, mas o pequenote está bem melhor das cólicas. Tão melhor que liberta sonoros gases a toda a hora. A viagem de avião hoje promete! Já estou a imaginar toda a gente a olhar para nós enquanto o Miguel, com o seu ar inocente de bebé, liberta um e outro pum de forma despudorada.

só com uma mão

Escrevo só com uma mão - como uma galinha a picar milho - porque no outro braço tenho o pequenote. Ser mãe tem tanto de fabuloso como de cansativo e exigente. Nestas primeiras semanas o meu tempo - aquele só meu, para pensar em nada ou em tudo - resume-se ao momento do banho e a uma meia hora ocasional ao fim-de-semana, quando não estou sozinha com o pequenote. O banho, que antes servia para lavar também a alma e não tinha duração definida, é agora tomado a correr, enquanto vou espreitando pelo resguardo da banheira para ver se o pequeno panda continua a dormir na espreguiçadeira, que entretanto arrastei para a casa de banho. O bebé tem sido amigo e tem-me permitido desfrutar daqueles 5 minutos só meus, ainda que com os olhos fora da banheira. A vida resume-se a alimentá-lo, pegar-lhe ao colo, mudar-lhe a fralda, vesti-lo, despi-lo e dar-lhe banho. E isto, parecendo quase nada, cansa que se farta. Daqui a mais umas horitas saímos para o aeroporto e quando isso acontecer já eu estarei mais que cansada e pela frente ainda terei longas horas de caminho. Quando chegar a Aveiro não poderei fechar os olhos e desligar porque de duas em duas horas o despertador interno do Miguel toca e ele deixa bem claro que quer comer. Ter nos meus braços este pequeno ser de olhos atentos é o melhor que me poderia ter acontecido e é também o maior teste à minha resistência e eu, garanto-vos, sou rija, mas isto é um estado de cansaço que sei que não terminará. E, agora, olhando para trás, acho que vivi a minha vida pré-Miguel da melhor forma possível: livre e ao sabor da corrente.

27.1.15

crónicas da cólicas

Depois do último post lá tentei de novo a estimulação com o cotonete. Finalmente resultou. O bebé ficou bem mais aliviado, mas as cólicas continuam a dar sinal de si durante a noite. Li entretanto que águas com baixos valores de sódio contribuem para atenuar as cólicas. Ontem comprou-se a água com os níveis mais baixos de sódio que se encontrou por estes lados (em Portugal já temos à espera Evian e água do Vimeiro na esperança de que ajudem) e um novo leite anti-cólicas. A ver vamos no que dá. Espero que a tentativa-erro um destes dias dê bons frutos.

Já agora, e porque li muitos testemunhos no sentido contrário, devo dizer que no nosso caso o Infacol teve efeito zero. Se o pequenote estrebuchava sem o Infacol ficou exactamente igual com ele. Agora estamos-lhe a dar umas gotas italianas que pela composição me parecem equivalentes ao Colimil, para já não houve melhorias. A manter-se assim vamos experimentar o Infacalm quando estivermos em Portugal, quem sabe este não resulta. Uma amiga deu chá de funcho ao bebé e parece ter sido a única coisa a quase fazer desaparecer as cólicas, mas tenho algumas reticências em dar chá a um bebé de um mês... Cólicas, xô!

25.1.15

isto é bem capaz de não correr bem

Um pouco depois das 2 semanas as cólicas decidiram atacar em força. Nos últimos dias têm piorado. Já experimentámos vários tipos de gotas supostamente milagrosas, mas nada de efeito, nem mais nem menos milagroso. Faço-lhe massagem sempre que troco a fralda, mas o pequeno urso continua a chorar e a gritar e a espernear a torto e a direito. Estimular com o termómetro, com uma cotonete, com o tubinho do bebegel também são práticas comuns por estes lados, mas nada parece resultar. Daqui a meia dúzia de dias vamos fazer uma viagem de 2 horas e meia de avião (mais uma horas antes no aeroporto + o tempo de viagem Porto-Aveiro) e eu começo a achar que não vai ser fácil nem para o bebé, nem para nós, nem para os restantes passageiros. Torçam por nós que não se augura nada de bom no horizonte.

Ah, e se alguém tiver uma estratégia que tenha resultado com os vossos rebentos eu agradeço mesmo muito a partilha.

vou-me desgraçar tanto

Gosto de algumas peças de roupa mais tradicionais para o miúdo, mas o que me enche as medidas são roupas menos convencionais, sem folhos e afins a torto e a direito e sem as típicas cores de bebé. Há uns bons meses tinha comprado duas ou três peças desta marca, mas não explorei muito mais. Agora, depois de ver o puto com as fatiotas vestidas rendi-me completamente: a 4 Funky Flavours tem tudo aquilo de que eu gosto - cores diferentes, padrões e modelos com ar retro. Lá fui explorar a marca e dei com o site deles e com a respectiva loja online. Está tudo em holandês, mas também enviam para fora da Holanda. Já me desgracei valentemente, e desconfio que não fica por aqui.

24.1.15

1 mês depois do parto

Sempre que me lembro do parto recordo-me do momento animal que é. Durante a gravidez houve fases em que achei que o corpo da mulher apenas tolerava a gravidez, em que senti que o corpo não estava totalmente adaptado às exigências da criação de um novo ser. Depois de ter passado pelo parto tenho que admitir que agora a minha opinião é outra. O nosso corpo está realmente preparado para lidar com o desenvolvimento e nascimento de um outro ser. A forma como as contracções se dão para que o bebé seja expulso do seu casulo e seja libertado tem tanto de bem concebido e maravilhoso como de doloroso. Apesar da dor pontual continuo a achar que o meu parto dificilmente poderia ter corrido melhor e guardo óptimos recordações daquela sala com vista para o castelo onde o Miguel viu pela primeira vez a luz do dia.

1 mês depois os lóquios já se foram e eu tenho dificuldade em aceitar que há pouco mais de 1 mês estava barriguda e com o ventre a ondular. Parece uma realidade distante. Depois de terminada a gravidez tenho que admitir que estar grávida é efectivamente maravilhoso, embora os meus receios (bem fundamentados) não me tenham permitido desfrutar do processo como devia (e merecia). Comecei a gostar de estar grávida já no 3º trimestre, até aí foi uma sucessão de acontecimentos que me deixou sempre alerta e de pé atrás. Mas o que realmente interessa é que à terceira foi de vez e agora temos cá em casa um bebé lindo e espevitado que nos preenche os dias e a vida.

Às vezes dou comigo a perguntar ao pai do rebento se o miúdo será realmente bonito como nós achamos ou se estamos tomados pelo amor de pais e isso nos condiciona a avaliação. Ele ri-se e diz que o puto é realmente bonito e eu sorrio e fico na mesma! 

1 mês depois dou comigo a pensar que não me quero separar do pequeno panda tão cedo e começo a ponderar as hipóteses para poder ficar em casa com ele o máximo tempo possível, ainda que isso implique um corte razoável no vencimento. Por esta altura queria também já ter começado a procurar  novo emprego de forma sistemática. Já o comecei a fazer, mas de forma muito pontual. Estar dedicada 24 horas por dia ao pequeno não me facilita a vida a este nível. A ver vamos se as próximas semanas me deixam mais tempo para esta tarefa essencial. Quero muito sair do sítio onde trabalho e quero muito sair de Itália. Itália é um país fantástico para se passarem uns dias de férias, mas não é um bom sítio para viver (pelo menos na zona norte do país). Para onde queres ir agora?, perguntam-me alguns. Não tenho resposta. Sei apenas que quero sair daqui o quanto antes e há todo um mundo onde posso procurar emprego.

cá em casa até o estendal mudou


pequeno panda já tem cartão de cidadão,

o que significa que daqui a uma semana estaremos em Aveiro. Yeah!

22.1.15

o nosso último mês

Parece que foi há menos tempo, mas ao mesmo tempo parece que aquele Domingo em que me deitei sabendo que no dia seguinte o pequeno panda iria nascer já foi há mesmo muito tempo. O Natal foi há menos de um mês e parece agora tão distante. Foi um mês que passou rápido entre biberões, fraldas e o cheiro doce do bebé da casa. Passado o receio inicial associado ao pequeno ganho de peso tudo entrou nos eixos. Nos últimos 20 dias o pequeno texugo engordou um quilo e desde que nasceu passou dos 48 para os 54 centímetros. Tenho que admitir que hoje, na consulta com a pediatra, respirei de alívio e orgulho quando ela nos disse que deveríamos continuar a fazer o que temos feito porque ele está óptimo a todos os níveis.

Eu também estou óptima e quase a aceitar o novo ritmo que tanto me deixa ter algum tempo para mim e para fazer qualquer coisa relacionada com trabalho como me impede de fazer tudo, incluindo comer. Passar de uma casa de dois para uma casa de três é uma diferença enorme e que custa, mas que compensa tanto.

O pequeno Miguel é um bebé simpático e que pouco chora, excepção feita aos momentos de cólicas, em que revela todo o seu potencial vocal. Tem umas expressões adoráveis que eu tento ir fotografando para mais tarde recordar.

1 mês hoje



18.1.15

floreira aprovada

Comprei a Shantala um bocado na dúvida. Uns diziam maravilhas, outros descreviam pesadelos dentro de água. Sou como S. Tomé, portanto só vendo para crer. Resultado: o puto adora a banheira em forma de vaso. O Miguel não resmunga com o banho seja em que banheira for, mas é visível que se sente mais confortável na Shantala. Eu é que ainda tenho que encontrar uma posição confortável para lhe dar banho na floreira, mas que ele gosta da banheira, gosta!

a balança

Trabalho num sítio onde trabalham milhares de pessoas, grande parte deslocados de casa, que é como quem diz de país. Grande parte de nós não tem um emprego permanente, o que significa que ao fim de poucos anos pegamos nas nossas tralhas e rumamos a outras paragens. Significa também que durante o tempo em que cá estamos juntamos quinquilharia como se não houvesse amanhã. Os tarecos que deixam se nos interessar ou que não se querem levar para o novo destino são normalmente colocados à venda através de uma mailing list. O que não nos dá jeito agora dará quase com toda a certeza jeito a alguém que acabou de chegar ou a alguém cuja realidade mudou, por exemplo porque foi pai ou mãe.

Umas semanas antes do Miguel nascer alguém colocou uma balança para pesar bebés à venda. Se fosse cara não pensaria em comprar, mas era muito barata e achei que poderia ser interessante ter uma balança em casa. Agora confirmo que foi uma compra excelente. Se não tivesse comprado esta quase de certeza que já teria ido comprar uma balança nova para podermos sossegar. Numa fase inicial o bebé era pesado no hospital, mas depois ficámos à nossa mercê. Sim, podemos ir ao pediatra, mas não vamos ao pediatra a toda a hora só para pesar o puto. No início o peso teimava em não aumentar. Depois veio o suplemento et voilà, eis que o peso aumentou. E tem aumentado sempre, mas isto do crescimento dos bebés não é linear e é um sossego podermos pesar o pequenote frequentemente. Há uns quatro dias começou a comer como se não houvesse amanhã. De duas em duas horas dá sinal e abre a boca à espera do biberão. Esperávamos que tivesse feito o ponteiro da balançar aumentar visivelmente, mas em dois dias só aumentou 40 gramas. Bom, o normal é aumentar entre 20 a 30 gramas por dia nesta fase, portanto está dentro dos valores normais, dissemos de nós para nós, para nos acalmarmos. Embora achássemos estranho tanto consumo de leite para tão pouco peso a mais. Passados dois dias tornámos a pesar o puto: em dois dias aumentou 200 gramas. Respirámos fundo e bendissemos a balança que nos permite aclarar os espíritos em momentos mais cinzentos.

Ninguém mo pediu, mas aqui fica o conselho: pais recentes, tenham uma balança em casa. Vão por mim, dá um jeitão.

17.1.15

manhã de Sábado

Já o disse e confirmo-o: custa-me muito mais não ter tempo para comer decentemente e com calma do que dormir pouco e/ou às prestações de 2 ou 3 horas. Sou uma esfomeada, é o que é! De modo que hoje isto sabe-me a pequeno-almoço numa qualquer esplanada com vista para o mar. Continuo em modo panquecas com aveia e banana.

15.1.15

mesmo longe não há como escapar a isto

Estamos noutro país, não temos visitas (e dou graças por isso) e achava eu que assim me livraria de palpites e conselhos não solicitados.  Um destes dias o pequenote chorou quando estávamos ao telefone com Portugal e do outro lado veio de imediato um quer papinha! Eu revirei os olhos e tive vontade de perguntar se para além do diagnóstico do choro do bebé à distância não quereria mudar-lhe a fralda também ao longe. Que uma divindade qualquer me dê paciência para a primeira ida a Portugal, avizinham-se tempos difíceis!

a primeira saída de Itália

Às 3 semanas e 1 dia saiu de território italiano e foi passear até à Suíça. Como grande parte dos bebés gosta de andar de carro e de andar no carrinho. Resmungou com fome duas ou três vezes, que isto de gerir os horários da paparoca fora de casa e em trânsito é um bocadito mais complicado do que estando em casa. Portou-se bem e acho que nos eliminou as inseguranças associadas às saídas.

12.1.15

3 semanas de mini-urso

Há 3 semanas estava eu a alguns minutos de entrar numa realidade alternativa que nos é oferecida pelas contracções do parto. Aquilo é dor que não lembra ao diabo (mas com concentração e calma é coisa suportável) e que nos transporta para um outro mundo, todo ele desconhecido até então. No dia em que o rebento faz 3 semanas fomos com ele fazer um ecocardiograma, exame recomendado para recém-nascidos com mães diabéticas e a insulina. Saímos de lá leves e felizes: o coração do pequeno panda está perfeito. Não lhe deixei mas recordações dos diabetes. Aproveitámos e fomos almoçar fora a 3 pela primeira vez. Antes de entrarmos no restaurante o pequenote bebeu a sua dose de leite, o que nos assegurou um almoço sem choro e sereno. Foi neste restaurante que tive a certeza que o senti pela primeira vez. Estava eu a trincar o salmão quando senti uma espécie de pernita de rã a tocar-me muito ao de leve no lado direito da barriga, bem lá em baixo. Eu dei um pulo, o pai sorriu. E desde aí não mais parou de mexer e de nos fazer sonhar.

11.1.15

quase 3 semanas depois do parto...

... menos 2 quilos do que quando engravidei. 

panquecas de banana e aveia ao pequeno-almoço

Destas quase 3 semanas com um bebé em casa o que mais falta me faz é ter de vez em quando um pequeno-almoço sossegado. Sou uma pessoa de manhãs. Acordo cedo, mesmo que o cansaço tome conta de mim, e sabe-me bem preparar um pequeno-almoço cuidado que saboreio enquanto actualizo as notícias ou leio um livro. Estes momentos serenos são impossíveis durante a semana, mas ao fim-de-semana enquanto o pai (pessoa nada dada às manhãs) dorme deixo o pequenote com ele e tenho finalmente o meu pequeno-almoço silencioso e vagaroso.

Hoje fiz panquecas de banana e aveia (impensável quando estou sozinha):

  • Banana madura 1
  • Fermento 1/2 Colher de chá
  • Sal Uma pitada
  • Óleo 1 Colher de sopa
  • Ovo 1
  • Leite 3 Colheres de sopa
  • Flocos de aveia 1/2 Chávena
  • Farinha integral 1/2 Chávena
Desfazer a puré a banana (com auxilio de um garfo). Polvilhar com o fermento e uma pitada de sal.

Misturar uma colher de sopa de óleo (ou manteiga), um ovo e o leite. Juntar meia chávena de flocos de aveia e meia chávena de farinha integral.
Se a massa ficar muito pesada, misturar mais um pouco de leite (a consistência não deve ser nem muito líquida nem muito grossa).
Untar uma frigideira com um pouco de manteiga e ir deitando colheradas de massa até preencher o fundo. Deixar cozinhar, virando as panquecas para que cozam dos dois lados.

A receita é daqui. A original também tinha mel, mas eu não pus. Comi-as com iogurte grego e canela. 


10.1.15

continuar a acreditar que é possível

Mais uma amiga que viu a gravidez interrompida. Estava tão a leste deste mundo de sonhos desfeitos até me bater à porta. Sabia que acontecia, mas não fazia ideia que acontecia com esta frequência. Tudo estava bem e poucos dias depois das 12 semanas completas o mundo dela desabou. Aborto provocado e um parto ao qual se seguiu um vazio sem tamanho. Gostava de ter as palavras certas para lhe dizer, para lhe atenuar a dor. A verdade é que nestes casos acredito que o lugar comum do tempo atenuar a dor é a pura realidade. Ofereço-me para ouvir e partilhar a minha experiência nestes caminhos de desolação. Ajudou-me ter com quem falar sobre os meus dois sonhos terminados antes do tempo, talvez a ajude também. E dou-lhe o meu exemplo. Pode não ser fácil, mas não é impossível.

um ritmo de loucos

Não paro o dia todo, mas se me perguntarem no final do dia o que fiz a resposta não vai muito além de: dei de mamar, dei biberão, tirei leite com a bomba, mudei fraldas, pus roupa a lavar, passei roupa, comi a correr quando o pequenote me permitiu, tomei banho à pressa (se quero um banho mais demorado e com paz e sossego tenho que esperar que o pai chegue do trabalho), li as notícias no telemóvel enquanto ele mamava. Há dias em que também dá para lhe tirar fotos mais elaboradas, outros em que tiro duas ou três a correr. E, estranhamente, não trocava isto por nada neste momento.

Para além disto tudo babei-me a olhar para cada pedacito de corpo da pequena criatura, sorri ao ouvir os seus barulhitos de bebé, beijei-o vezes sem conta, fiz-lhe festinhas quando berrou desalmadamente com cólicas e quase dei pulinhos de felicidade quando vi o peso a aumentar de novo.

9.1.15

não há como resistir


(Enquanto lhe tirava as fotos só pensava quanto tempo demorará até fazer xixi e cocó em cima da colcha? Desta vez não fez, mas desconfio que a sorte não dura sempre)

8.1.15

oh yeah!

Duas noites seguidas sem choro: acorda, mama, bebe do biberão e adormece. É melhor não fazer grandes festas, mas estas duas noites souberam muito bem. Acordar de 3 em 3 horas sem choro quase que se assemelha ao paraíso!

6.1.15

I will survive

A partir de amanhã estarei por minha conta cá em casa com o pequeno Miguel. Começo a achar que daria um jeitão ser um polvo e ter oito tentáculos.

olhós meus tornozelos!

Finalmente voltei a ter os meus pés, ou dito de outra forma, voltei a ver os meus tornozelos. Depois do parto as perninhas abaixo dos joelhos e os pés incharam. Duas semanas depois do parto reparei que conseguia vislumbrar os meus tornozelos, o que me deixou bem mais feliz. Estas pequenas coisas fazem-me bem à auto-estima quando me sinto uma espécie de bovino amamentador (agora que também tiro leite com a bomba - e tenho leite para alimentar uma família completa de ciganos - sinto-me a ir à ordenha diariamente). O balanço é muito animador: peso menos um quilo do que pesava quando engravidei e voltei a ter tornozelos. Pena mesmo é a pele de bebé que me acompanhou durante 9 meses já me ter começado a dizer adeus. Parece que não se pode mesmo ter tudo, humpf.

das coisas que eu não entendo

Qual é o interesse de abrir uma conta bancária para um bebé de 15 dias?

respirar fundo

O pequeno Miguel está a crescer. No dia em que completou 2 semanas ultrapassou o peso com que tinha nascido. Respirámos fundo e confirmámos que dar-lhe suplemento foi a opção correcta.

o 12º dia foi um dia mau

Eu com o Miguel ao colo, em pé, e de um momento para o outro sinto algo quente a escorrer-me pelas pernas: ou estou a perder sangue como se não houvesse amanhã ou estou incontinente. Não estava incontinente. Meti-me na banheira e vi uma espécie de mar Vermelho a aparecer junto aos meus pés. Se isto tivesse acontecido logo a seguir a ter voltado do hospital não ficaria admirada, era o tempo certo para algo do género acontecer, mas quase duas semanas depois não pude deixar de ficar preocupada. Afinal estava a perder sangue como no dia do parto. Terminámos a noite no hospital, onde queriam que passasse a noite em observação, mas lá os consegui convencer a deixar-me vir para casa. Ficou combinado que voltaria de imediato se algo do género voltasse a acontecer e que, independentemente do que sucedesse, voltaria dois dias depois para novas análises e observações. Estou bem. Não se repetiu. Não encontraram razão para o sucedido. A única razão lógica será ter tido um coágulo a bloquear a passagem do sangue. Quando o coágulo saiu saiu também um rio de sangue.

Cheguei a casa já bastante mais descansada, mas a achar que tinha apanhado um susto dos diabos. Entretanto recebo uma mensagem do meu grupo de grávidas - agora muitas já mães - e afinal descobri que o meu dia tinha sido perfeito. O que nunca imaginámos que pudesse acontecer aconteceu mesmo. O primeiro bebé do grupo morreu com 3 semanas. É daquelas notícias que não se quer ler nunca, e muito menos quando se tem um filho com meia dúzia de dias. Não soube o que dizer aquela mãe que me (nos) acompanhou durante quase 9 meses e que era uma das mais bem dispostas do grupo. O que é que se diz a uma mãe que acabou de perder um filho? Disse-lhe apenas que não sabia o que lhe havia de dizer. Não conheço nenhuma das minhas colegas grávidas pessoalmente, mas criaram-se laços à distância, frutos de uma caminhada comum com os mesmos passos e as mesmas dúvidas. E agora todas sentimos a morte do primeiro bebé do grupo, aquele que nos fez ver que tudo era real, que mais dia menos dia também teríamos os nossos bebés junto a nós. O bebé nasceu prematuro e estava internado. Tinha uma imunodeficiência ainda não identificada, mas nunca nenhuma de nós imaginou que o desfecho pudesse ser este. Houve gravidezes interrompidas logo numa fase muito inicial - e nessa altura tive um medo terrível de poder vir a fazer parte deste grupo, mas depois tudo correu da melhor forma. Houve vários sustos no nosso grupo, mas todos ultrapassados da melhor forma. O primeiro bebé do nosso grupo não resistiu e o funeral é hoje.

3.1.15

do que ficou

Já não tenho diabetes, mas hoje o pequeno-almoço foi tomate cru, queijo ricota, uma fatia de pão e chá. E soube-me tão bem! 

e ao 11º dia chorei baba e ranho

O pequenote diminuiu de peso após o nascimento, o que é habitual. Voltámos ao hospital poucos dias depois para uma consulta de rotina e o peso era exactamente o mesmo. Ameaça imediata de suplemento por parte do pediatra. Se uma semana depois do nascimento não tivesse recuperado o peso inicial tínhamos que começar a dar suplemento. Já tinha lido bastante sobre isto, mas fui reler e falei com uma pediatra amiga. Não tínhamos 7 dias para que o peso do nascimento fosse recuperado, mas entre 10 e 15 dias. Pareceu-me mais razoável. Nova consulta no hospital 2 dias depois. Tinha aumentado ligeiramente de peso. Era um aumento, o que me fazia acreditar que era possível, mas era um aumento pequeno. Já saímos do hospital com a indicação do leite que deveríamos comprar caso o peso não aumentasse mais. Aguardámos mais 2 dias e pesámos o Miguel em casa. Aumento maior. Ficámos mais descansados, tudo parecia estar a entrar nos eixos. Ontem nova pesagem: não aumentou absolutamente nada. Ainda não atingimos os 15 dias, mas a continuar assim não chegamos ao peso do nascimento. Eu tenho leite, ele mama, o que está aqui a falhar?

Chorei baba e ranho. Não sou fundamentalista. Sempre achei que se o leite materno não é suficiente ou se não é de todo possível dar leite materno, que venha daí o suplemento, mas custou-me muito. Muito mais do que alguma vez poderia ter imaginado. Não sei se é a sensação de estar a falhar - embora tenha plena consciência de que estou a fazer tudo o que é possível para evitar o suplemento, não sei se foi a quebra parcial deste vínculo especial que nos une, mas sei que chorei como se não houvesse amanhã. Já passou, mas doeu que se fartou, muito mais do que o parto onde nem uma lágrima verti. Continuo a dar de mamar e de seguida lá vem o suplemento. Descansa-me ver que ele fica mais sereno, imagino que mais saciado, e acredito que quando o tornarmos a pesar o aumento de peso será bem visível. Não era o que queria, mas é efectivamente o mais correcto.

Mas como sou teimosa e ainda não desisti, daqui a pouco vou comprar uma bomba para tirar o meu leite e dar-lho no biberão. Se a falha estiver na forma como lhe dou a mama/como ele mama, esta solução resolverá o problema. Não desisto facilmente. A ver vamos.

1.1.15

opção certeira

Passados alguns dias após o nascimento posso afirmar que termos decidido ficar aqui apenas os três foi mesmo a melhor opção. Talvez tenha tido especial sorte com o parto, mas a verdade é que se tivesse tido essa possibilidade, assim que o Miguel nasceu, tinha pegado nele e nas minhas tralhas e tinha voltado para casa. Tive dores no parto. Apenas isso. Nada me doeu a seguir. Voltei para casa e regressei às minhas tarefas habituais. É certo que um pouco mais atordoada que o habitual, já que o puto mantém o ritmo que tinha quando ainda habitava dentro de mim, e tem como pico de actividade a noite. Mas a verdade é que nunca precisei de dormir muito para conseguir funcionar normalmente e isso mantém-se. A meio da tarde sinto um pouco de quebra, mas nada de grave (a ver vamos se me mantenho assim, ou se o acumular de noites mal dormidas dará sinal de si mais para a frente). 

Perguntam-me frequentemente pelos baby blues. Não me sinto tomada pelas hormonas (também não senti durante a gravidez) e ainda não me deu para chorar. Para já sinto-me eu, com as minhas formas de agir e de pensar habituais. Só me lembro de um momento em que dei comigo a olhar para a minha barriga e a achá-la estranha, por estar vazia. Ainda estava na marquesa, o Miguel tinha acabado de nascer e vi uma barriga flácida e oca. Foi a única altura em que pensei de mim para mim pronto, deixaste de ser o ninho do pequeno ser que tens agora nos braços. Mas o que tens agora nos braços desviou-me completamente a atenção da barriga vazia.

A data prevista do nascimento era hoje, mas fico muito feliz por o Miguel se ter juntado a nós uns dias antes e por poder escrever este post enquanto olho para ele, serenamente a dormir à minha frente.

o que faltava do balanço

2014 trouxe-me um presente de Natal, e um presente para a vida, que já estava embrulhado desde a Primavera e que nos deixou expectantes todos estes meses. Mesmo que o ano tivesse sido miserável  (não foi o caso) tudo deixaria de importar a partir do momento em que o pequeno Miguel se juntou a nós. 2014 será sempre recordado como o ano em que nasceu o nosso filho. Este Natal será sempre lembrado como aquele em que entrámos a três em casa no dia 24 às 8 da noite e a partir daí todo o nosso mundo mudou. Claro que o momento em que vemos o nosso filho pela primeira vez tem um impacto incomensurável, mas naqueles primeiros dias no hospital não estamos no nosso habitat. É quando se entra em casa, com mais um elemento na família, que se sente que é verdade: tudo mudou. Tinha mudado eu desde que saí de casa na madrugada de Segunda e a própria casa começou a mudar mal entrámos. Tudo muda de sítio, tudo em casa gira em torno do pequeno ser que se juntou a nós para sempre. Tudo em nós muda de sítio, tudo em nós gira em torno do pequeno ser que se juntou a nós para sempre.

2015, se não puderes ser melhor basta não baixares o nível do ano que findou.

2014 em imagens