28.10.12

karma

Rosa faz todo o seu percurso de Portugal até ao lugar onde era esperada na Suécia sem se enganar, e depois do avião andou de metro, autocarro e comboio (alguns deles em dose dupla). Na hora combinada estava na paragem do autocarro à espera que a fossem buscar  e a levassem para o hotel junto ao lago. Foram buscá-la e enganaram-se no caminho para o hotel!

da Suécia em jeito telegráfico

Às 5 e meia da manhã estava no aeroporto. Às 6 da tarde tinha chegado ao destino. Às 7 já tinha jantado. Parece que a primeira reunião de trabalho é daqui a uma hora, mas estamos todos mais mortos que vivos. Vamos lá ver se nos aguentamos acordados até lá (e durante, vá, é capaz de dar jeito). Parece que a varanda tem vista para o lado, amanhã hei-de comprovar. Hoje quando cheguei era noite cerrada (o que eu gosto de sítios que anoitecem de manhã). Lá fora está um frio dos diabos (e o que eu aprecio o Inverno, hã?), mas tanto me assustaram com o frio que acho que estava à espera de pior! A cereja no topo do bolo é a cela, perdão, o quarto, onde vamos ficar. Sim, plural, tudo ao monte e fé em deus. A net é assim um bocadinho lenta. Enfatize-se que "bocadinho" é eufemismo. Perante isto, e depois de estar há poucas horas por estes lados ocorre-me dizer que tenho saudades do meu quarto de Timor (aquele que tanto maldisse quando lá cheguei). Lá tinha um quarto só para mim com o triplo do tamanho do que tenho agora repartido por vários.

E a primeira impressão da Suécia é esta, humpf!

Ah, esqueci-me de dizer que até agora os suecos foram todos muito simpáticos e que não me perdi em lado nenhum, o que para alguém que tem o sentido de orientação de uma anémona, é indicação de que tudo está muito bem sinalizado.

27.10.12

On the road

A viagem começa quando saio porta fora de mala na mão, independentemente de ir directamente para o destino ou não. Esta já começou.

Não sei se estou mais cansada por tudo o que teve que ser feito nas últimas semanas, se mais feliz por durante uns dias fazer um intervalo na vida comum. Tenho ainda umas horas pela frente antes de um longo dia de viagem. Conseguir chegar ao destino é o primeiro desafio desta viagem diferente.
No ano passado por esta altura fazia a mala para ir para o Verão, este ano é ligeiramente diferente.

26.10.12

quase de partida


- todas as teses e mais algumas lidas e corrigidas (estou assim, como dizer?, qual a melhor palavra? Não, cansada é pouco. Exausta. É isso mesmo!)
- capítulo revisto
- projecto lido e revisto, relatório idem idem aspas aspas
- candidatura 1 submetida
- candidatura 2 por submeter

Se não me engano, depois da candidatura 2 tratada, posso desligar o computador, pegar na tralha e ir fazer a mala. Há que procurar cachecóis, gorros e casacos que aqui não uso porque morro de calor. Não sou dada a climas frios e não sei se esta viagem me vai agradar. Corre entre os amigos que viagens a países civilizados é coisa que não me entusiasma. Não é totalmente verdade, mas também não é totalmente falso. Mudaram-se-me as preferências de há uns tempos para cá. Timor mudou-me para melhor e deixou cá dentro um bichinho que não me parece que tão cedo desapareça.

oh yeah


Há dias em que parece que tudo se alinha para sermos mais felizes. Não gosto de celebrar por antecipação, mas se as boas notícias de hoje se vierem mesmo a concretizar só vos digo que ficarei com um sorriso de orelha a orelha para tão cedo não desaparecer.

23.10.12

o lado bom

Almoço a correr no gabinete entre páginas de uma tese que se quer lida até ao início da tarde. Manhã passada em reuniões e correrias. Ainda é terça, mas sexta parece mais próxima que o habitual. Vejamos o lado bom dos dias que correm em ritmo acelerado: tenho uma janela só minha virada para o verde e o azul. Vejo o pôr-do-sol como poucos. De manhã muito cedo, naquela hora em que o andar de cima ainda é todo meu, tenho bandos de gaivotas a pousar e a levantar voo mesmo aqui ao lado. Continuo de manga curta e hoje trago corações a envolverem-me o pescoço. Tenho pessoas espalhadas por aí a recordarem-me de sítios e aventuras que agora me custa a acreditar que vivi. Tenho várias viagens na agenda até final do ano, todas a sítios onde nunca fui. Afinal o dia não está assim tão mal.

22.10.12

A minha estratégia sempre foi a mesma: ignoro, faço de conta que não existe, não quero saber o que faz, não quero saber onde anda, não quero saber com quem anda. Deixo de trilhar os caminhos habituais para que não nos cruzemos. Fico no meu canto e tranco-o a sete chaves. Não entras e eu não te procuro. Transformo-me num ser silencioso e invisível. Sempre fiz isto nos fins, quer naqueles que me impuseram, quer naqueles que eu quis. 

Não sou de meias medidas, nunca fui. Corto o mal pela raiz, sem deixar espaço para negociações nem aproximações. Se me queres longe de mim e eu te quero perto, não sei lidar com o ter-te ali ao lado e não te poder tocar. Se fui eu que me cansei e tu tudo fazes para te manteres no meu centro de movimento, fujo para longe também.

Até ao dia em que fugi e te queria ter por perto e tu me querias ter perto. Nem palavras escritas nem ditas, nem fotografias nem novidades. Depois do tudo o nada. Os olhos estranharam a tua ausência, os ouvidos quiseram tanto ouvir a tua voz (aquela voz). Resisti a tudo. Nem as fotografias revi. E uns tempos depois, do nada, meia dúzia de palavras que me levaram de novo até àqueles dias e noites, até às conversas intermináveis, até às confissões que não se podiam fazer. Tudo ali concentrado numa torrente de lágrimas que veio, aparentemente, do nada. 

...

grito mudo

É capaz de ser uma contradição, mas tive vontade de voltar a escrever numa altura em que até tempo para respirar me falta. Tenho ali um prazo a rebentar tipo bomba-relógio, tenho mil e uma pequenas coisas que me batem à porta a toda a hora, outras que me entram sem apelo nem agravo pela caixa de correio e tenho um telefone que insiste em tocar. Já o disse há muito tempo e continua a fazer sentido: escrever é um grito mudo. E penso que por isso, nestes momentos críticos em que se esperaria que não perdesse tempo com palavras no éter, escrever, nem que sejam frases sem grande importância, me ajuda a manter a sanidade mental e o equilíbrio. Em vez de abrir a janela e gritar alto e bom som, venho aqui, escrevo meia dúzia de linhas, e sinto-me muito mais leve e a acreditar que vou cumprir os prazos todos. Inspira, expira e continuemos a riscar tarefas da lista.

ou 8 ou 80

Há um ano fazia as malas para ir para o verão, este ano faço as malas para ir para um inverno a sério. Não, o nosso por agora não é a sério, pelo menos para mim. Bem que ouço outros a queixarem-se do frio, enrolados em malhas e golas altas. Continuo de manga curta e de casaco leve, e mesmo assim tenho calor. Os mais próximos recordam-me que sou conhecida por ter o termostato avariado e eu sou obrigada a concordar quando vou na rua e sou a única pessoa de manga curta. O ano passado punha o biquíni na mala, este ano ponho as botas de pêlo. Bom, o biquíni também vai. Parece que há um lago por aqueles lados onde é suposto tomar banho, enquanto a temperatura ronda os zero graus. Eu, que ponho o dedo grande do pé na água do mar da praia da Barra e fujo a sete pés, a tomar banho num lago rodeado de temperatura nenhuma. A ver vamos.

olhó passarinho

colorful street
Às vezes vou por aí sozinha, de máquina guardada na carteira, sem destino definido nem intenção. Pode ser só uma caminhada pelos arredores que só o são na geografia, já que conto pelos dedos de uma mão as vezes que por lá passo por acaso. Ou podem ser umas horas a fazer de conta que sou turista em terra própria. Nos dias em que me transformo numa forasteira caseira (re)descubro caminhos e paisagens, fotografo pormenores sem querer saber de quem passa e ignorando os seus olhares questionadores.
Estes são passeios solitários e só assim fazem sentido. O meu egoísmo trava-me certas vontades e movimentos. Não sei fotografar rodeada de gente, seja esta gente conhecida ou desconhecida. Tirar fotografias tem o seu quê de íntimo. É encontrar aquele ângulo que para mim faz mais sentido, é registar aquele conjunto de cores que me fazem sorrir, é estabelecer uma ponte invisível com os outros. Na verdade, penso que para mim tirar fotografias é ser apenas eu, sem subterfúgios, sem preocupações, sem receios. E eu não sei ser assim transparente rodeada de gente.

21.10.12

mais eu

Abandonei este blog há pouco menos de um ano, por motivos de força maior, provocados por uma pessoa menor. Tanto aconteceu entretanto, tantas pessoas novas, tantos sítios desconhecidos e outros a que regressei à espera do mesmo, tendo sido surpreendida por muito mais. Os sentimentos trocaram-me as voltas e as sensações trocaram-me as vontades. Pouco menos de um ano depois volto eu, mas com o eu é diferente. Não totalmente diferente, que o cerne continua cá, mas o eu mudou. Penso que é mais genuíno agora, como se as camadas da cebola se tivessem soltado e o núcleo estivesse agora mais exposto, mais à vista, sem necessidade de se esconder. Acho que sou mais eu agora, é só isso.

olha eu, olha eu!

Tentei reabrir outra casa. Primeiro foi o raio da password, não me lembrava dela. Depois de a muito custo se fazer luz e conseguir entrar no blog abandonado há uns meses vi que estava tudo fora de sítio, uma espécie de casa com a mobília toda desarrumada e outra tanta a faltar. Apetece-me ter um sítio para escrever, mas falta-me o tempo para tratar das arrumações. Vai daí, voltei à casa anterior, que me traz tão boas recordações. 

Tinha saudades disto! Rosa e os blogs desde o longínquo ano de 2003.