A minha estratégia sempre foi a mesma: ignoro, faço de conta que não existe, não quero saber o que faz, não quero saber onde anda, não quero saber com quem anda. Deixo de trilhar os caminhos habituais para que não nos cruzemos. Fico no meu canto e tranco-o a sete chaves. Não entras e eu não te procuro. Transformo-me num ser silencioso e invisível. Sempre fiz isto nos fins, quer naqueles que me impuseram, quer naqueles que eu quis.
Não sou de meias medidas, nunca fui. Corto o mal pela raiz, sem deixar espaço para negociações nem aproximações. Se me queres longe de mim e eu te quero perto, não sei lidar com o ter-te ali ao lado e não te poder tocar. Se fui eu que me cansei e tu tudo fazes para te manteres no meu centro de movimento, fujo para longe também.
Até ao dia em que fugi e te queria ter por perto e tu me querias ter perto. Nem palavras escritas nem ditas, nem fotografias nem novidades. Depois do tudo o nada. Os olhos estranharam a tua ausência, os ouvidos quiseram tanto ouvir a tua voz (aquela voz). Resisti a tudo. Nem as fotografias revi. E uns tempos depois, do nada, meia dúzia de palavras que me levaram de novo até àqueles dias e noites, até às conversas intermináveis, até às confissões que não se podiam fazer. Tudo ali concentrado numa torrente de lágrimas que veio, aparentemente, do nada.
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