Quando soube da novidade fiquei radiante. Tinha conseguido o que queria. Aliás, tinha à minha frente tudo o que queria em termos profissionais. Depois da novidade lembrei-me de ti, e garanto-te que durante estes anos me lembrei de ti poucas vezes. Eras um assunto encerrado e nesses eu raramente toco, nem das gavetas da memória tenho o hábito de os tirar. Mas naquele dia lembrei-me de ti. Ia embora, e não queria ir embora zangada contigo. O que nos afastou já tinha acontecido há demasiado tempo para nos continuar a manter em silêncio.
Do meu lado um sorriso, apenas isso. Sabia que não precisava de dar mais explicações. Entendeste-o muito bem e poucos minutos depois estávamos a falar como antes. Voltaram as palavras e voltou o resto, maior, com mais vontade, mais amplificado. E agora? Que faço comigo, contigo e com o que tenho cá dentro se os meus dias por aqui têm as semanas contadas? Pela primeira vez tenho tudo o que poderia querer, mas em países diferentes. Consegui esquecer-me disto por algumas semanas, mas agora que o tempo começa a ser tão curto tenho uma bola de neve feita de ansiedade dentro de mim. Tive esperança que a minha ida fosse adiada, que tivesse que ficar por cá mais algum tempo. Não vai acontecer. O dia que eu sabia que marcaria um reviravolta na minha vida mantém a data, mas a reviravolta vai ser bem maior do que tinha imaginado.
Os que não sabem de ti dizem-me que devo estar feliz, que tudo aconteceu na altura certa. Eu sorrio da melhor forma que sei e posso e confirmo. Engulo a tristeza, as lágrimas, a ansiedade, a incerteza e faço de conta que vivo um momento perfeito. Mas cá dentro mora um vulcão prestes a explodir. O que farei com as minhas mãos quando as tuas não estiverem por perto? O que farei quando precisar do teu abraço? O que farei quando todos os meus receios só dispersarem com os teus beijos?
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