18.8.14

lá atrás

Há uns anos era próxima de uma pessoa de quem acabei por me afastar naturalmente. Os interesses divergem, as disponibilidades mudam e os caminhos seguem em separado. É um processo natural. Assim como é lógico que a partir do momento em que seguimos caminhos distintos as nossas vidas mudem e nós mudemos com elas.

Quase que deixámos de ter contacto há sete anos. Há dias reencontrámo-nos e falou-me em pessoas e situações dessa altura, como se eu tivesse ficado parada naquele ponto lá tão atrás. Fez-me confusão. Talvez o problema seja meu que às vezes me sinto muito mais velha do que o corpo indicia, de tantas vidas que já me parece que vivi. Há sete anos eu era outra pessoa. E, sim, vivi muito bem os meus anos até aqui. Fiz o que bem me apetecia, na maior parte das vezes sem pensar duas vezes e sem sentimentos de culpa. Não fui irresponsável, a questão é que não tinha de prestar contas a ninguém e não tinha que me preocupar com mais ninguém a não ser comigo. Viajei para onde bem quis, beijei quem me apeteceu, percorri meio mundo, apaixonei-me as vezes que calhou, corri muitos riscos pessoais e profissionais. Passei por situações que não lembram ao diabo e foram essas vivências que me transformaram na pessoa que sou hoje e de quem muito gosto. São todas as experiências que ficaram lá trás que me ajudam a lidar da melhor forma com as dificuldades e os obstáculos com que me deparo hoje.

Respeito as opções de vida de quem fez aquele comentário com um tom crítico, mas temos claramente formas de viver diferentes, e eu, naturalmente, aprecio muito a minha, agora e há 7 anos. 

(Timor-Leste, há 3 anos eu também era outra pessoa)

1 comentário:

  1. Por vezes são situações mesmo constrangedoras. Há uns tempos aconteceu-me algo do género e não correu nada bem. Mas, bolas, se na altura não nos dávamos muito bem, as coisas não iam melhorar instantaneamente!

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