Fui ver o concerto do João Gil e amigos. Bom, para dizer a verdade fui ver o Nuno Norte. Há nele qualquer coisa que faz acender estrelinhas no meu imaginário, não sei se é da voz rouca, se é do ar de rufia, mas que há ali qualquer coisa, há. Findo o concerto, já no bar lá do sítio, Rosa e companhia esperam pacientemente que o mocinho dê um ar de sua graça. Finalmente aparece e é monopolizado por uma criatura masculina, volumosa, e de casaso laranja tamanho XXL que não só se agarra a ele como se fosse uma lapa, como ainda corta totalmente o meu campo de visão. Senhor do casaco laranja, caso me leias, fica a saber que não gosto de ti nem um bocadinho.
Eu sei que não custava nada chegar ao pé do moço e pedir para tirar uma fotografia, mas isso não tinha piada nenhuma, que eu gosto é de tirar fotografias sem o consentimento alheio (e é certo que se ele dissesse nem que fosse um monossílabo com aquela voz rouca eu era capaz de corar, tossir e mirrar, e eu gosto de manter a minha pose de criatura inabalável). Sendo assim, apontava discretamente o telemóvel na direcção do menino e disparava. À distância a que ele estava, com o tipo do casado laranja colado a ele, e com a falta de luz lá do sítio, está-se mesmo a ver que nem uma fotografia de jeito tenho. Esperançada de que ele se aproximasse, mantinha-me no mesmo sítio de pedra e cal. Até que a amiga, já fartinha da espera e de pés frios, questiona:
- Olha, e se nos levantássemos?...
- Eu acho que é uma boa estratégia. Arrojada, mas boa! Mas desconfio que ele não vai gritar "Rosa e amiga, não vão já embora!"