5.5.11

(e tudo isto está agora tão distante)

A minha forma de lidar com o que não me agrada é virar-lhe as costas. Bem sei que há quem diga que não deve ser assim, que não é saudável, que blá blá blá, mas de mim sei eu. Já fui menina para gritar, dizer as verdades todas na cara de quem as merecia ouvir, estrebuchar, fazer birra, fazer a vida negra ao alguém que me fez mal, dar em dobro o mal que me deram. Parece que entretanto cresci e percebi que tentar dar cabo da paciência do outro é alimentar o meu sofrimento. Deixei-me disso. Agora sou mulher para virar costas, chorar sozinha, se for o caso, e seguir caminho, sem grandes dramas.

Não faço questão de avisar que vou virar costas, viro simplesmente. Se isso não é possível, peço distância e silêncio do outro lado e espero que me respeitem. Não digo que um dia vamos voltar a ser amigos, ou vamos pelo menos voltar a agir como meros conhecidos. Não digo nada disso, porque sei que depois do tempo de silêncio e distância, já não vou ter razões para dizer nada ao outro. Nem sequer me vai apetecer. Quando já não houver fúria dentro de mim, não vai haver mais nada em relação ao outro, e não me vai apetecer fingir que me apetece dizer-lhe olá. Sei que não vai apetecer. Os erros no percurso têm um custo. Por vezes esse custo é perder pessoas. Tenho consciência disso, e já lido bem com as consequências dos erros.

Outras pessoas lidarão com as mesmas situações de forma diferente, que eu não entenderei. Isto para dizer que não entendo as tuas intermitências, simplesmente porque elas só significam que, pelo menos, de vez em quando te lembras de mim. E se eu ainda fosse aquela menina que gostava de fazer mal a quem lhe fez mal, desconfio que este era o pior mal que te poderia acontecer.

4 comentários:

  1. E pronto. Tiraste-me as palavras da boca :)
    Beijinho

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  2. Poderia postar isto no meu blog... Como se tivesse sido eu a escrever, tal e qual.

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  3. Ignorar... Ignorar é o melhor remedio e é o que "doi" mais aos outros; não lhes dar importância.

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  4. Revejo-me tanto tanto em cada uma das tuas palavras...

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