Passei o sábado no local de trabalho a trabalhar. Saí de casa cedo, como se de um outro dia qualquer se tratasse. Não tive que esperar pelo elevador e pude estacionar à porta do departamento. Cá dentro eu e só eu. Não pensei em mais nada, a não ser no capítulo que tinha para escrever. Não fui passear, não saí com amigos, não arrumei a casa. Tinha que ser naquele dia, que era o último do prazo. Ah, espírito português esse de deixar tudo para o último dia. Não, não houve mesmo tempo antes. Não foi porque não me apetecesse, não foi porque tivesse aproveitado mal o tempo. Foi simplesmente porque nas semanas anteriores não estive cá, porque há aulas para dar e trabalhos para corrigir, porque havia outros artigos para escrever. Organizei-me para que no prazo limite o capítulo estivesse escrito. Como me organizei para ter três dias, que terminam na próxima quarta, para acabar de escrever outro capítulo. Sinto-me a trabalhar numa linha de produção, tudo cronometrado ao minuto.
Hoje de manhã recebi um mail a informar que o prazo que terminou no sábado tinha sido prolongado por mais 2 meses. Pára tudo. Senti que gozavam comigo. Eu dormi pouco, comi mal, passei um sábado e feriado no local de trabalho, enviei o trabalho dentro do prazo e afinal tinha até final de Janeiro para entregar o raio do capítulo? Serei só eu a sentir que há aqui algo de errado? Estarei a competir com pessoas que terão mais dois meses para escrever, enquanto eu, porque cumpri o prazo, não os tenho? Tenho outro trabalho para escrever até quarta, que poderia ter começado no sábado. Não o fiz porque este prazo terminava no sábado. Ah, não, afinal termina a 31 de Janeiro! Quem me conhece sabe o quanto eu sou exigente com horários e prazos e cada vez mais acho que tenho muita razão. Gente que não cumpre nem uma coisa nem outra, ide para um sítio que eu cá sei e não digo, porque tenho o espírito natalício na ponta dos dedos, e isso me coíbe de dizer palavrões.