23.12.12

B.


As coisas pouco importantes vão-se apagando da nossa memória e ainda que fiquem rastos desses acontecimentos, os pormenores desaparecem em pouco tempo. De ti e de como nos conhecemos lembro-me de tudo: da sala de reuniões onde nos encontrámos pela primeira vez, da roupa que tinha vestida e da tua também, de como nos tornámos a encontrar de seguida e das primeiras palavras que trocámos, de como ficámos sentados lado a lado, de como esse foi o primeiro momento de muitos; dos jantares, das caminhadas nocturnas, dos gelados no parque, das longas conversas, das confidências partilhadas, do teu sotaque, dos copos de vinho a dois, dos sorrisos e das gargalhadas, da lua; do trabalho feito de madrugada porque todo o tempo era pouco para estarmos juntos, de estares quando sabias que seria importante para mim, daquele jantar, do pequeno-almoço que se seguiu, da tua sinceridade, do abraço e dos beijos do primeiro adeus; do reencontro, de baixarmos a guarda quando era impossível fazer outra coisa, de reapareceres quando eu achava que o fim já tinha chegado, de sermos adolescentes outra vez, de aproveitarmos todos os momentos, de ignorarmos a realidade enquanto pudemos.

Ensinei-te, mais tarde, a palavra saudade, que nos continua a acompanhar. Transformaste dias que seriam banais em dias que, desconfio, não conseguirei esquecer. Tão poucos dias em que aconteceu tanto, dias em que fui surpreendida pelo que senti e pela forma como reagi a essas emoções fora de tempo e de contexto. Faz-me a falta a tua assertividade serena, fazem-me falta as tuas histórias do outro lado do mundo e os teus pontos de vista reflectidos. Ambos sabemos o tremor de terra que provocámos um no outro, mas não sabes que és o candidato número um a pessoa mais importante do meu ano. Não to podia dizer.

Saudades tuas, muitas. E, sim, aqueles dias foram reais. Sempre soube disso, mas dava-me jeito ignorar. Muito gostaria que fizesses parte do meu 2013, embora saiba que não é possível. Que 2013 te traga toda a felicidade que mereces. Sou feliz por ti, mesmo quando a tua felicidade nos afasta.

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