Voltei a deixar de ver o meu umbigo por dentro!
30.12.14
lugar comum
8 dias de Miguel e agora nada mais faria sentido se ele não estivesse aqui. Absorvo-o com todos os meus sentidos, muito mais do que com a máquina fotográfica. Estes 48 centímetros de gente tornaram-se o meu Sol e vieram dar tanto mais significado aos meus dias. Estou completamente enamorada pela pequena criatura que há uma semana e um dia se me escapou das entranhas.
29.12.14
adeus diabetes!
Voltei a poder comer papas de aveia ao pequeno-almoço. Já tinha saudades! Hoje: papas de aveia com uma casca de limão e canela, e um iogurte de cereja em cima. A tirar a barriguinha de misérias! A propósito, a barriga foi-se completamente! Agora falta a firmeza voltar, mas nunca imaginei uma semana depois estar sem nenhuma barriga.
28.12.14
relato de um parto induzido
Assim que soube que o parto ia ser induzido, aproximadamente uma semana antes, procurei relatos de outros partos também induzidos. Encontrei um ou outro relato que me deixou descansada e outros que quase pareciam verdadeiros cenários de terror prolongados por horas e horas. A dada altura deixei de procurar informação e pensei de mim para mim o que for se verá, havemos de sobreviver. Porque o meu parto pertence ao grupo dos felizes, e imagino que, como eu, outras mulheres procurem relatos de partos induzidos, aqui fica ele. Com esse objectivo e também porque para já ainda está fresco e eu quero mesmo guardá-lo na minha memória, sem me esquecer de nada.
Chegámos ao hospital às 7:30 como nos tinha sido pedido. Estava em jejum, e cheia de fome, porque me tinham dito que o que iriam usar para provocar o parto me poderia provocar náuseas e não deveria comer nada antes. Sentia-me um pouco apreensiva, mas calma. Sentimentos que duraram algum tempo, mas se dissiparam quando depois de ter sido colocada no quarto ligada ao CTG (nada de contracções), nada mais aconteceu. Quer isto dizer que depois do CTG fiquei horas no quarto sem que mais nada se passasse. Algum tempo depois vim a saber que ainda estavam a equacionar se me induziam o parto naquele dia ou não (não cheguei a perceber porquê, depois de tudo se ter resolvido não quis saber mais nada sobre aquelas primeiras horas do dia). Fiquei furiosa e senti-me injustiçada. Não se brinca com uma grávida no (suposto) dia do parto. O stress e a ansiedade do momento já são mais que suficientes só por si, não é necessário adicionar factores externos promotores de tudo o que não beneficia a grávida naquele momento. Senti-me frágil e dei comigo a pensar que se estivesse em Portugal provavelmente não passaria pelo mesmo. Cada vez tinha mais fome e pensava que caso a indução avançasse mesmo me faltaria energia. Dei também comigo a pensar que nunca tinha imaginado que o dia do parto seria assim, e que não merecia o que se estava a passar.
No mesmo quarto que eu estava outra grávida que ia fazer cesariana. Levaram-na cedinho e mesmo muito pouco tempo depois estava de volta com o bebé. Dei comigo a desejar que me acontecesse o mesmo, que me levassem e me devolvessem passado meia hora com o bebé já do lado de fora. A sensação de injustiça que tomava conta de mim era ainda maior porque eu, que passaria por um processo doloroso e provavelmente longo, estava ainda em terra de ninguém, sem saber o que me iria acontecer, quando alguém com um parto "passivo" já tinha o seu "assunto resolvido". Naquela altura tive vontade de pegar nas minhas coisas e sair do hospital.
O meu desapontamento foi mais do que visível para a equipa que me acompanhou e a indução avançou mesmo. Tiveram o bom senso de entretanto me dar o almoço, dizendo que era já demasiado tempo sem comer. O pior que me poderia acontecer era vomitar e isso era preferível a estar esfomeada e sem energia.
Pouco tempo depois fui observada e, inesperadamente, já tinha 3 centímetros de dilatação. Não tinha sentido dores, não tinha sentido contracções, nada de nada, mas os 3 centímetros estavam lá. A obstetra rebentou-me as águas, na tentativa de me provocar contracções e acelerar o processo. Fiquei feliz ao pensar que depois das águas rebentadas não havia volta, o Miguel ia mesmo nascer. Relembrei a obstetra que queria epidural. Ela recordou-me que só a partir dos 4 centímetros, e eu dei comigo a pensar que já só faltava um, que deveria aguentar as dores até lá e que depois chegaria ao paraíso do parto sem dor. De novo ligada ao CTG pude verificar que começava a ter algumas contracções, mas nada de significativo, nada que me provocasse dor e como se viu através de novo toque, nada de dilatação a aumentar. Foi então decidido que me iriam dar ocitocina. Até aqui estive no quarto, mas entretanto apareceu uma enfermeira a dizer-me que ela me iria acompanhar a partir de agora e que deveríamos subir. E pediu para levarmos a primeira roupa do bebé. Aqui dei comigo a pensar que tinha mesmo chegado a hora, estavam-me a pedir a roupa do bebé! E lá fui eu, a enfermeira e o pai do Miguel em peregrinação para o andar de cima. Eram 14.30 e no quarto estavam visitas da ex-grávida que já tinha o bebé com ela há umas boas horas. Desejaram-me boa sorte, e acho mesmo que tive muita.
No andar de cima ficava o bloco de partos. Entrámos numa sala que tinha a marquesa para o parto, um cadeirão e mais uma série de tralha. Só pensava então já estou no sítio onde tudo se vai dar? Não há aqui mais nenhuma fase intermédia? A enfermeira perguntou-me se preferia ir para a marquesa ou para o cadeirão. Preferi o cadeirão, sabia que estar sentada ou de pé poderia facilitar a dilatação. Ocitocina a ser aplicada através do cateter, eu ligada ao CTG a ver as contracções a aumentarem de intensidade e de frequência. Ainda falámos e rimos os dois durante algum tempo, até que tive que me concentrar na respiração porque as dores começavam a aparecer (penso que seriam umas 15 horas).
As minhas primeiras contracções não são passíveis de ser descritas de forma poética, senti as contracções como uma vontade enorme de fazer cocó. E a dada altura, com receio que a sensação passasse a ser algo mais, pedi para ir à casa de banho. Ainda me movimentava bem, apesar das dores já se fazerem sentir. Voltei, sentei-me no mesmo sítio e lembro-me de pensar mas será que ainda falta muito para os 4 centímetros?
Não tive aulas de preparação para o parto. Li e ouvi experiências alheias. A respiração que fiz (de acordo com os cânones ou não) ajudou-me muito a focar-me noutra coisa que não a dor. Inspirei e expirei sempre, não me descontrolei, fechei os olhos nos momentos de maior dor, tentei ter sempre os pés bem apoiados no chão e apoiei os braços nos braços da cadeira. Tentei não me encolher nos momentos de maior dor, o que só aumentaria a minha sensação de fragilidade e dor. A dada altura apercebi-me que abria e fechava as mãos de acordo com o momento da contracção. Tudo isto me ajudou a tentar afastar a atenção da dor. Um aspecto com que não contava foi o frio e o calor que senti. No pico das contracções tinha muito calor, sentia-me corada. Quando as contracções passavam tremia de frio. Era também nesta altura, entre contracções que pedia ao pai do Miguel para me passar a água, tinha os lábios sequíssimos e tinha imensa sede.
O relógio de parede estava bem à minha frente, por isso recordo-me que eram 15.50 quando as dores já apertavam a sério e eu perguntei se já podíamos ver como estava a dilatação. A enfermeira disse que veríamos às 16.30. A proximidade das contracções foi aumentando e a sua intensidade também. Entre as 16 e as 16.30 algumas contracções foram mais prolongadas e comecei a sentir uma vontade enorme de fazer força. Apesar das dores mais intensas, as 16.30 não demoraram assim tanto a chegar. Passei do cadeirão para a marquesa e a enfermeira informa-me que a dilatação estava completa, a partir daquele momento podia fazer força quando me apetecesse. Adeus epidural!
Tinha visto um vídeo de um parto (sereno, de uma mulher corajosa) em que lhe foi dito por uma enfermeira para fazer força de forma contínua, e não pontual, porque havia muitas "barreiras" a abrir até o bebé sair. Só fazendo força de forma contínua essas "barreiras" cederiam. Lembrei-me disso a cada contracção que se seguiu. A fase de expulsão por mim poderia chamar-se explosão, porque foi isso que senti. O corpo na iminência de rebentar a qualquer momento, enquanto uma pressão brutal empurrava o bebé para fora. As dores são imensas, mas a vontade de fazer força e de terminar o processo são ainda maiores. A enfermeira fez um pequeno corte para ajudar a cabeça do bebé a sair. Senti o corte, mas no meio de tudo o que se estava a passar, foi mais dor menos dor, nada de relevante. Senti a cabeça do Miguel a resvalar para fora e na contracção seguinte senti o resto do corpo a escorregar de dentro de mim. Eram 16.53 e todas as dores desapareceram. Olhei para o lado e o meu marido chorava que se fartava. Tive vontade de rir, ou sorrir. Eu passava pelas dores e ele é que chorava. Homens!
Sempre tive dúvidas sobre a capacidade do pai do Miguel estar ao meu lado até ao momento da expulsão. Aguentou-se firme e, contrariamente às expectativas, cortou o cordão umbilical e não desmaiou!
Imediatamente após o parto colocaram o Miguel em cima de mim, pele com pele. Depois do obstetra fazer uma espécie de ponto de cruz ou macramé (nunca mais se despachava e eu queria mesmo era poder concentrar-me na pequena criatura que tinha acabado de sair de dentro de mim) passei para o cadeirão onde tinha estado antes e dei de mamar pela primeira vez. A equipa médica deixou-nos sozinhos algum tempo. Depois disso, penso que passava pouco das 18, levantei o rabinho da cadeira e voltámos ao quarto já a três. As visitas que estavam no quarto quando saí ainda lá continuavam e olhavam incrédulas para mim, por ter voltado poucas horas depois, pelo meu próprio pé e com um bebé nos braços.
Parto rápido e sem epidural era algo que achava não existir, afinal existe. O meu foi assim.
Sempre tive dúvidas sobre a capacidade do pai do Miguel estar ao meu lado até ao momento da expulsão. Aguentou-se firme e, contrariamente às expectativas, cortou o cordão umbilical e não desmaiou!
Imediatamente após o parto colocaram o Miguel em cima de mim, pele com pele. Depois do obstetra fazer uma espécie de ponto de cruz ou macramé (nunca mais se despachava e eu queria mesmo era poder concentrar-me na pequena criatura que tinha acabado de sair de dentro de mim) passei para o cadeirão onde tinha estado antes e dei de mamar pela primeira vez. A equipa médica deixou-nos sozinhos algum tempo. Depois disso, penso que passava pouco das 18, levantei o rabinho da cadeira e voltámos ao quarto já a três. As visitas que estavam no quarto quando saí ainda lá continuavam e olhavam incrédulas para mim, por ter voltado poucas horas depois, pelo meu próprio pé e com um bebé nos braços.
Parto rápido e sem epidural era algo que achava não existir, afinal existe. O meu foi assim.
27.12.14
26.12.14
tanto para contar e tão pouco tempo :)
Estou, naturalmente, quase que absorvida a 100% pelo novo habitante cá de casa. Ainda não parece real agora sermos três. Um dia destes venho-vos cá contar como foi o parto ultra-rápido, tão rápido que não houve tempo para epidural! Penso que dificilmente poderia ter corrido melhor. Este percurso não foi nada fácil, esta gravidez também só me deixou sossegar no terceiro trimestre, mas terminou de forma perfeita: um parto perto do ideal e um bebé perfeito, lindo e sem consequências dos meus diabetes (que felizmente me abandonaram na sala de parto).
Coisas menos relevantes, mas que me fazem bem à alma: três dias depois do parto já tinha voltado ao meu peso pré-gravidez e a barriga diminui de dia para dia. A firmeza naturalmente que ainda não regressou, mas o volume quase que sumiu na totalidade e não há sinais de estrias.
Estamos incomensuravelmente felizes, pouco mais há a dizer.
22.12.14
Miguel
A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
O ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou
Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume, foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança
ordem de despejo!
Como até ao prazo definido o mini-inquilino não se decidiu a abandonar o alojamento, vamos dar-lhe ordem de despejo.
21.12.14
de 2014 ainda antes do meu acontecimento do ano
A 10 dias do final do ano sei bem que o balanço feito hoje ficará muito incompleto, mas se não houver balanço hoje o mais certo é não haver.
Gosto muito de mim, apesar da minha forma de ser e da minha forma de agir me trazerem muitas vezes situações menos boas. 2014 confirmou-o. Tive aborrecimentos de sobra a nível profissional, cortei relações com algumas pessoas, mas para mim o balanço é claramente positivo: fui fiel a mim própria e à minha forma de ser. Não posso estar em completo desacordo com uma situação e fazer de conta que concordo ou que não quero saber. Tenho sangue a correr dentro de mim e não água. Para muitos seria mais fácil não tomar posição, ignorar e ser politicamente correcto, eu não sei (nem quero saber) ser assim. Tenho perfeita noção que ter esta postura me torna um alvo a abater, é o preço a pagar por ter coluna vertebral.
Em 2013 fui vítima de assédio sexual, em 2014 o assédio transformou-se em assédio moral, fruto da não cedência às investidas no final do ano anterior. Nunca pensei ver-me envolvida em algo deste género e hoje teria tido uma postura diferente no primeiro momento em que me senti assediada. Ficou-me a lição para o futuro, se bem que espero que esta tenha sido uma experiência única em toda a minha vida.
Este ano afastou-me de algumas pessoas que eu achava estarem lá de pedra e cal, e confirmou que há outras com quem poderei contar para sempre. A primeira parte da frase anterior deixou-me triste, mas agora centro-me na segunda parte, que é efectivamente a mais importante. Quem se foi não merece tempo de antena, quem se mantém merece-me de todas as formas.
2014 trouxe-me mais um aborto. Houve um momento, a altura em que ambos fizemos dezenas e dezenas de análises para tentarmos encontrar a causa do não desenvolvimento dos embriões, em que tive um medo enorme que este fosse apenas o início de uma longa caminhada. Tive noção que a ser assim muita coisa mudaria em mim e em nós. Ninguém consegue fazer uma longa caminhada no mundo da infertilidade sem mudar as suas prioridades e sem se centrar no seu principal objectivo de vida. E eu não sabia se queria centrar a minha vida num objectivo que poderia nunca atingir. Mas 2014 trouxe-me uma terceira gravidez inesperada e hoje já ultrapassámos as 38 semanas do M.
Sei bem que há quem tenha passado por situações incomparavelmente mais difíceis, mas gosto da forma como consegui lidar com tudo o que aconteceu. Lembro-me de ter contado a algumas pessoas próximas que estava grávida pela terceira vez e vi no olhar delas uma descrença enorme, li naqueles olhos um vamos lá ver quantas semanas dura desta vez. E não quis saber, porque apesar de todos os receios acreditei que era possível. E foi. Gostei da forma como consegui encarar a situação com humor, mesmo nos momentos mais negros. Todas as decisões que tomei foram baseadas num misto de razão e intuição e não me arrependo de nada. Ficam-me imagens na memória de momentos sem grande significado aparente, mas que se ficaram vincados é porque representam algo especial:
- recordo-me perfeitamente do segundo aborto, quando estava sentada no terraço ao sol, num ambiente aparentemente idílico e de vez em quando corria para a casa de banho para, entre contracções, expulsar o que restava daquela gravidez; depois voltava ao terraço e ligava para a TAP a desmarcar os voos que seriam para aquele dia, se tudo tivesse corrido bem;
- lembro-me do teu olhar de desespero naquele corredor do hospital quando se confirmou que a segunda gravidez tinha chegado ao fim, lembro-me de chorarmos juntos; sei que até hoje aquele corredor te traz más memórias, embora depois do menos bom já lá termos passado momentos de alegria (e outros sustos, é verdade);
- lembro-me da foto que tirei ao cisne, enquanto caminhava para me libertar dos maus momentos que tinha acabado de viver - o fim da segunda gravidez - e de ter pensado que o cisne estava com ar de fénix, e que eu também iria renascer;
- e, obviamente, não me esqueço da sensação que tive antes do teste de gravidez, aquela estranha certeza de que estava grávida e que se veio a confirmar; a intuição andou certeira em 2014, sempre achei que seria um menino e é mesmo.
2014 levou-nos a muitos sítios, inicialmente a dois, e depois já a três. Está prometido que assim que o M. for crescido o suficiente o vamos levar ao sítio onde duas células deram origem a uma que não mais parou de se multiplicar, e vamos levá-lo também a Macau que, no meio duma suposta brincadeira, acaba por ter um significado especial para os três.
2014 juntou-nos para sempre, num casamento só a dois. O nosso casamento foi aquilo que para mim um casamento deve ser: um compromisso de união para sempre, sem aspectos acessórios sem interesse nenhum. O nosso casamento fomos nós, mais nada nem mais ninguém.
Faltam 10 dias para 2014 terminar e ainda há tanto para acontecer.
20.12.14
um ano depois
Casa limpa, roupa passada, tudo no sítio. E agora dou aqui comigo a pensar que esta é a última noite em que poderei dormir até quando me apetecer...
Exactamente há um ano estávamos em trânsito. Mais uma horas e voávamos para Portugal, onde passaríamos o Natal. Quando levantámos voo tinha uma amiga em trabalho de parto, quando cheguei a Aveiro o bebé já tinha nascido. Exactamente um ano depois o puto já caminha sozinho e a minha amiga casou-se hoje.
Num ano aconteceu tanta coisa.
Este ano devemos ser dos poucos estrangeiros que ficaram por cá. Não seria o nosso Natal de sonho não fosse a chegada do pequeno M. que mudará para sempre a nossa forma de sentir o Natal e imagino que a nossa forma de sentir seja o que for. É um pouco estranho ter a perfeita noção de que estamos a poucas horas de uma mudança tão grande nas nossas vidas.
licença de maternidade produtiva
A fase pré-parto está a ser particularmente produtiva. Eu bem tinha dito que o mais certo era um dos artigos ficar pelo caminho, mas depois dei comigo a pensar que não perdia nada em tentar. Não fui perfeccionista, sei bem que podia estar mais completo e pormenorizado, mas está terminado e submetido. Atirei o barro à parede, vamos ver se cola ou se os editores me mandam dar uma voltinha. Não é de certeza o meu melhor artigo, mas ter conseguido terminá-lo nesta fase é para mim uma vitória.
Tudo o que havia para fazer nesta fase está feito, submetido e aceite. Eu própria me admiro com o que consegui produzir desde o início de Novembro. Um capítulo está em banho-maria, mas está aceite (o mais relevante) e tenho tempo de o aprimorar até quase final de Fevereiro. Foram umas semanas um pouco loucas, entre as limpezas em casa, a preparação de tudo para a chegada do M. e esta febre de escrever (imagino que com receio que o que se segue me limite a escrita), mas ter estado muito ocupada foi o melhor remédio para não ficar simplesmente em casa à espera, que é coisa para a qual não tenho mesmo apetência.
a aproximação do dia M.
No meu grupo de grávidas já há seis bebés, todos na incubadora. Este cenário não me deixa totalmente descansada, mas nada a fazer, é esperar para ver. Supostamente o M. desenvolveu-se normalmente, os pulmões estão prontos para a vida fora do útero e tem um peso que não levanta preocupações. Vamos lá ver se os meus diabetes não fazem das suas no pequenote.
Ontem fomos às compras e está ali um panettone de chocolate a piscar-me o olho. Eu brinco e digo que me vou vingar e comer todos os doces a que tenho direito e mais alguns, mas na verdade não acredito que me apeteça fazê-lo. Tenho que admitir que olhar para tanta caixa de bombom me deixou ligeiramente agoniada, mas um bocadinho daquele panettone não me vai escapar. Isto é um pouco ridículo e soa a pouco selecto, mas o que me apetecia mesmo era poder fincar o dente num pão da avó da pastelaria do meu prédio em Aveiro. Como não pode ser para já lá vou ter que esperar até final de Janeiro.
Também fiz outro tipo de compras e não resisti a oferecer-me roupa nova para depois da gravidez. Mereço e vai saber-me tão bem vestir roupa de mulher normal (quando lá conseguir entrar, claro!). Comigo veio também um verniz natalício, que ando mesmo com saudades de ter as unhas coloridas. Há vários cá por casa, mas achei que merecia um novo para começar esta nova fase com um brilho dourado acabado de estrear nas unhas.
19.12.14
ao menos que não tenha olhos em bico!
Num grupo de futuras mães de Janeiro já há três bebés e mais três grávidas em trabalho de parto. Os putos aperceberam-se que o Natal estava perto e decidiram que queriam prendas já este ano. Mas dos três rebentos já cá fora, dois ficaram internados por terem baixo peso. Que o M. não fique internado seja lá por que motivo for! Os bebés filhos de mães com diabetes gestacionais têm maior tendência a ter icterícia. Eu gozava com o pai dizendo que o puto ia ser amarelo por ter sido fabricado em Hong Kong, e ainda vem mesmo amarelado, mas por outros motivos, oh vida!
38 semanas
Espero já não escrever o post das 39 semanas!
Novo CTG ontem: continuo quase sem contracções, de modo que o parto vai ser mesmo induzido. Estamos em contagem decrescente para conhecer o M. Espero que a médica possa cumprir o que prometeu e que já possamos vir passar o Natal a casa.
Esta semana passou quase sem darmos conta. O M. decidiu mudar a posição dos pés e agora faz pressão na minha barriga muito mais acima do que o habitual. Os diabetes estão mais difíceis de controlar, como seria de esperar nesta fase final. Eu continuo bem, sem me sentir demasiado pesada e sem me sentir limitada nos movimentos.
Está quase!
18.12.14
17.12.14
coisas estranhas da minha gravidez:
- tive azia duas ou três vezes, em dias seguidos, ainda numa fase muito precoce da gravidez. Não fazia ideia do que me estava a acontecer, nunca tinha sentido uma bola de fogo a trepar-me a garganta até àquele momento. Lembro-me que fui pesquisar na net e dei comigo a pensar que estava tramada. Se estava naquele estado naquela fase, quando chegasse aos últimos meses de gravidez estaria transformada num dragão a cuspir fogo. A azia veio do nada naquela altura e da mesmo forma se foi. Nada de azia depois disso.
- lembro-me que foi antes de ter apanhado o susto tremendo que me levou ao tapete, e a meter baixa, portanto foi ainda em Julho. No final dos dias tinha os tornozelos e os pés inchados. Mais uma vez achei que não seria um bom augúrio. Ainda faltava tanto tempo e eu já com pezinhos de Fiona. Previ o pior. Estranhamente nos últimos tempos os pés e as pernas não incham. Nunca pensei chegar a esta fase e conseguir usar as botas de cano alto que costumo usar no Inverno, mas a verdade é que as pernas e os pés entram sem qualquer esforço. E um pormenor irrelevante como este ajuda tanto a manter a auto-estima em bons níveis e a fazer sentir-nos bem!
- a obstetra avisou-me no início que não deveria aumentar mais do que um quilo por mês. Achei que não seria possível. Não andava propriamente esfomeada, mas o peso ia aumentando. Cheguei a ter mais 7 quilos do que tinha quando engravidei, agora tenho pouco mais de 4.
receber encomendas em Itália - continuação da saga, para pior
A máquina fotográfica de que vos falei ontem chegou hoje. Significa isto que ela chegou e alguém a recebeu, mas não eu. Se há coisa que me vira do avesso neste país são os correios e as transportadoras, bem mais que a forma animalesca de conduzir desta gente e a xenofobia encapotada que nos passa despercebida inicialmente, mas que depois percebemos que existe e se sente em coisas pequeninas. Consigo lidar e ignorar quase tudo, sou para lá de tolerante, mas não se metam com as minhas encomendas, que eu transformo-me num ser ruim, ainda que em estado de graça. Mas como, como é que um estafeta da DHL italiana (ou da empresa subcontratada pela DHL - o problema é capaz de ser esse) entrega a encomenda a alguém que não é o destinatário? Entro no site da DHL, sigo os passos da encomenda e descubro que foi entregue, quando eu não recebi nada, ninguém tocou à campainha e ninguém me telefonou. Vejo o nome da criatura que recebeu a encomenda e dou comigo a pensar mas quem é esta alma? Pois que continuo sem saber, a única coisa que sei é que uma tal de Teresa tem neste momento nas mãos uma máquina fotográfica novinha em folha que na verdade devia estar nas minhas mãos.
a primeira viagem do M. para fora do país (e do lado de fora)
O M. já se fartou de viajar, mas a primeira viagem dele fora do útero será para lhe tratarmos do documento de identificação, de modo a que pouco tempo depois possa viajar para Portugal. Curiosamente, e dado o sítio onde moramos, é mais rápido e mais fácil tratarmos do cartão de cidadão do pequenote na Suíça do que em Itália. De modo que assim que eu esteja operacional, e ele também, lá rumamos os três ao consulado na Suíça para que o rebento tenha o seu documento de identificação. Não será uma viagem longa, mas desconfio que será a viagem mais longa da sua existência, quando acontecer. Para nós será um mini-teste que esperamos passar com distinção.
o pai
Ainda estava em Hong Kong e já tinha a sensação que estava grávida. Era uma sensação apenas. Não a comentei com Ele, não o queria a pensar que eu estava louca ou obcecada. Mas a verdade é que alguns dias antes do (não) esperado período fiz o teste e vi as duas riscas cor-de-rosa. A segunda era muito clara, estava lá, via-se, mas era mesmo muito ténue. Fiz o teste de manhã muito cedo numa casa que já não é a nossa. Vi as duas riscas e sorri por poder confirmar a sensação que tivera ainda noutro continente. Ele ainda estava a dormir, mostrei-lhe o teste, comentei o resultado. A reacção foi quase nenhuma. Imagino que entre o sono, a falta de luz e a risca clara (que ele simplesmente não via) tenha achado que eu estava a alucinar. Uns minutos depois, mais desperto, olhou bem para o teste e ficou a olhar para mim com um ar que li como E agora? Tinha abortado poucas semanas antes e tenho a certeza que o que imaginou foi a repetição do mesmo cenário pela terceira vez.
Envolveu-se sempre, vibrou com cada vitória, com cada medida dentro dos padrões normais, com cada ecografia em que víamos o M. a crescer, chorou quando soubemos que não havia qualquer alteração cromossómica, e chorou quando soubemos que era um menino, mas noto que só muito recentemente tudo o que está a acontecer se tornou verdadeiramente real. Agora delicia-se com o ondular da minha barriga, está mais ansioso que eu por poder pegar no filho e garante que vai desmaiar quando cortar o cordão umbilical.
Não há volta a dar, o envolvimento dos pais e das mães é necessariamente diferente. As mulheres sentem a gravidez desde início no seu corpo, com o que isso tem de bom e menos bom. Os homens limitam-se a ouvir relatos das sensações e mesmo vendo o embrião nas ecografias ainda lhes custa a acreditar que é real e a envolverem-se a outro nível. As mulheres sentem desde início, os homens limitam-se a escutar e a observar. Mais lá para a frente sentem finalmente os movimentos e esse parece-me o primeiro momento em que têm um banho de realidade: há mesmo um ser a mover-se debaixo da pele por baixo da mão deles. Os sentimentos envolvidos são os mesmos nuns e noutros, mas os tempos são muito diferentes (o que nem sempre é fácil de digerir por quem vai lá mais à frente nesta caminhada).
há mais ou menos 9 meses
É algo que não consigo explicar e que nunca tentei colocar por palavras, mas foi uma sensação que tive logo no início da gravidez actual. Tinha confirmado há meia dúzia de dias que estava grávida e houve uma fracção de segundo em que tive um medo terrível de não saber, de não ser capaz de cuidar devidamente do bebé que estava a caminho. Foi menos tempo que um segundo. Aquela sensação de fragilidade e receio foi diferente de tudo o que alguma vez tinha sentido, e foi tão genuinamente verdadeira e maternal. Lembrava-me de amigas mães recentes que tinham comentado este receio, mas já numa fase bem adiantada da gravidez. Naquela altura o M. era um punhado de células e eu viajei por uma porção de segundo até à fase que vivo agora. Aquela sensação tão real e tão longínqua fez-me crer que desta terceira vez tudo podia ser diferente, e até agora tem sido.
do que ficou lá atrás
Só houve um momento neste percurso em que me virei completamente do avesso com Ele. Estava grávida pela segunda vez com a nítida sensação (e algumas evidências) de que algo não estava a correr bem, e que o mais certo era a gravidez ter o mesmo fim infeliz da primeira. Ele disse-me que se tentava concentrar noutras coisas para não estar constantemente a pensar no mesmo, e que eu devia fazer o mesmo. Foi a gota de água. Sei bem que foi dito com boa intenção, mas a verdade é que tudo se passava no meu corpo. Eu é que sentia as mudanças, eu é que desesperava de cada vez que ia à casa de banho e via uma gota de sangue. Para mim era impossível desligar do que se estava a passar porque eu não podia ignorar os sinais evidentes de que algo parecia não estar bem. Naquele dia tentei engolir a fúria, mas não consegui. Sempre tive noção de que a gravidez é, obviamente, vivida de forma muito diferente pelo pai e pela mãe. Mas naquele dia ser-me dito que era possível centrar-me noutro assunto e ignorar o que se passava teve, para mim, proporções avassaladoras.
recta final
Tenho andado mais introspectiva, mais fechada em mim, a digerir a mudança radical que nos espera. As primeiras semanas de licença de maternidade foram muito produtivas, virei a casa do avesso, desarrumei, tornei a arrumar. Nestes últimos dias sinto que os dias se sucedem sem que nada de muito produtivo daí resulte, apesar do tempo passar num abrir e fechar de olhos. Acho que preciso destes dias de maior inércia para dar a última grande golfada de ar antes de submergir totalmente na maternidade.
Há uma coisa em que continuo tão eficaz como quando vim para casa, ou mais ainda, a escrita relacionada com o trabalho. Nestas últimas semanas despachei dois artigos e três capítulos de livro, e ainda estou a alinhavar o quarto, para que depois o consiga terminar já só a uma mão, já que a outra estará ocupada com o M. Ainda tenho a possibilidade de escrever mais um artigo até final do ano, mas este desconfio que fica pelo caminho. Noutra situação não perderia a oportunidade, mas neste caso acho mesmo que não vale o esforço. Valores mais altos se levantam.
As malas foram revistas e agora estão mesmo prontas. Temos tudo o que é essencial nesta fase (mais uma série de pormenores sem relevância nenhuma), do resto trataremos ao ritmo das necessidades que forem surgindo. O quarto do bebé também está pronto para o receber. Algumas partes das paredes continuam vazias, embora eu saiba o que lhes quero lá pôr: fotos, fotos e mais fotos. Finalmente colámos o mapa-mundo de vinil e ficou perfeito.
Falta agora tratar de coisas práticas e corriqueiras, como ir às compras pensando já no Natal (estou a pensar em comida, nunca ligámos nada a presentes e este ano o nosso presente está embrulhado desde Abril) e tendo em consideração que eu poderei não estar em muito bom estado por alguns dias.
Daqui a uma semana, se tudo correr como o esperado, já haverá M. junto de nós.
16.12.14
máquina a caminho
A minha máquina fotográfica preferida morreu há uns meses. Tenho usado uma outra, mais recente, com mais funções e mais pesadona. Tentei convencer-me que esta era melhor, que me iria habituar a ela e que nos entenderíamos como eu me entendia com a minha preferida. Mas a minha predilecção pela máquina defunta mantém-se. Paixão é paixão, não há volta a dar. Esta pode ser melhor, mas o meu coração pende para outro lado. É fácil de transportar, não pesa nada e tira fotos com uma luz e umas cores que muito me agradam. É Natal, o rebento está a chegar e eu não me estou a ver a tirar-lhe mil e uma fotos com uma máquina que pesa quase tanto com ele. Não resisti, a irmã mais recente da máquina que sucumbiu vem a caminho. Só espero que chegue antes do dia M.!
mini-roupas natalícias
Tinha comprado meia dúzia de mini-roupas natalícias pensando que o M. podia nascer antes do Natal. As semanas foram passando e cada vez fui acreditando menos nisso, até que sou confrontada com um parto provocado antes do Natal. A mudar ligeiramente os conjuntos de roupa que já estavam definidos para o rebento e a dar-lhes um toque natalício aqui e ali. Afinal as fatiotas sempre vão ser usadas na altura certa!
Pergunta recorrente dos últimos dias das poucas pessoas a quem contei a novidade: mas tu estás contente por o parto ser daqui a uma semana?, dito com ar incrédulo e olhos esbugalhados. A questão é há como evitar o parto? Sendo assim, venha daí o parto e o M.
voltas e reviravoltas
Há 3 anos estava quase a voltar de Timor. Ainda lá estava, mas já começava a ter saudades do calor que mal me deixava respirar, do mar transparente, de fazer snorkeling, de Jako - a ilha sagrada com sabor a paraíso - e de tanto mais. Timor mudou-me, naquela altura eu ainda não tinha noção do quanto, mas já me sentia diferente. Há 2 anos tinha chegado há pouco da Suécia e da Sérvia. Duas realidades completamente diferentes, assim como as pessoas que conheci num lado e no outro. Há 2 anos estava quase de partida para a minha passagem de ano mais alternativa: a confusão das ruas de Siem Reap e o primeiro nascer do sol do ano em Angkor Wat, no Cambodja. Naquela altura andavam no ar duas possibilidades: mudar-me para Itália ou voltar a Timor. Ignorei uma vez na vida a paixão e optei pela razão. Mudei-me para onde ainda estou hoje. Há um ano, já a dois, estávamos prestes a voltar a Portugal, de onde seguimos para uma passagem de ano gelada em Amsterdão. Este ano estamos a menos de uma semana de ser três em Itália.
Agrada-me o inesperado, o não saber o que aí vem, o deixar o tempo e os acasos fluírem e aproveitar da melhor forma as oportunidades com que me vou deparando. A ver vamos o que poderei aqui acrescentar daqui a um ano.
15.12.14
a 3
Posso ter um ar frágil à primeira vista, mas é coisa que não sou mesmo. Sempre fui muito independente desde muito pequena e sempre me pareceu que uma característica estava aliada à outra. Ter viajado bastante sozinha também contribuiu para que aprendesse a desenrascar-me e estes já longos meses em Itália reforçaram tudo isto, especialmente os meses iniciais em que estive por minha conta.
Estamos aqui só os dois e eu não me sinto só. Não sinto falta de nada nem de ninguém. Foi uma escolha minha pegar em meia dúzia de tralhas, metê-las numa mala e sair do país. Tinha emprego e uma vida confortável em Portugal, mas faltava-me o desafio (e agora falta-me de novo, estou ansiosa por tornar a meter a vida numa mala, mas isso é outra conversa). Fui atrás desse desafio e deixei tudo para trás, incluindo a pessoa com quem agora divido o meu tempo e o meu espaço.
Cheguei a Itália e dois meses depois passava por um aborto sozinha. Estava só eu no momento em que se confirmou aquilo de que já suspeitava. Estava sozinha quando saí da clínica e fui para casa. Estava por minha conta quando fui trabalhar no dia seguinte à novidade nada feliz. Saí de casa sozinha quando, já com um embrião sem vida dentro de mim, fui passear porque a minha vida continuava, apesar da dele ter terminado tão cedo. Foi sozinha que entrei no hospital e na sala de operações para que o que restava daquela gravidez abandonasse o meu corpo. E foi num quarto vazio que acordei depois da anestesia.
Talvez por sempre me ter bastado agora não sinta falta de nada nem de ninguém, porque a verdade é que agora tenho o dobro do que tinha antes. Agora somos dois, como fomos dois da segunda vez que abortei. Não sei dizer se me custou mais o primeiro ou o segundo aborto. Apesar de sermos dois da segunda vez, e apesar de ter alguém sempre comigo, tive que ver a tristeza imensa que te percorria os olhos e não tinha armas para a diminuir. Talvez isso tenha tornado o segundo aborto mais doloroso, isso e o facto de ser o segundo. É mais fácil tentar ignorar uma dor quando se está só. Fechamo-nos em nós mesmos e mais ninguém sabe o que nos corrói as entranhas. Ter alguém ao nosso lado que sabe que o sorriso que colámos no rosto é uma máscara dificulta o teatro. Temos fotos lindas tiradas no meio da neve. Ninguém sabe que no dia em que foram tiradas eu tinha um embrião morto dentro de mim, e ninguém, nem tu, sabia que enquanto pisava e olhava para o branco da neve dava comigo a pensar no contraste que faria com o vermelho do sangue que perdia naquela altura.
Por tudo isto e muito mais continuo a acreditar que nos bastamos nesta fase mais sensível que aí vem. Não seremos apenas os três a partir de agora? Então que comecemos a ser apenas três desde já.
a dieta é para continuar
Pergunto ao endocrinologista o que fazer depois do parto. Basicamente o que eu queria era saber se parava imediatamente com a insulina após o parto ou se era necessário confirmar primeiro que o meu organismo tinha voltado a funcionar normalmente. Respondeu-me que devia continuar a dieta, não necessariamente nos moldes actuais, mas que deveria ter um cuidado especial com a alimentação. Reforçou o que eu já sabia: que grávidas com diabetes gestacionais têm maior tendência a ter diabetes no futuro e caso venha a engravidar de novo é quase certo que serei brindada outra vez com este bónus.
Os diabetes trouxeram-me dias de stress e algum desespero, mas fizeram-me mudar hábitos sobre os quais não reflectiria de outra forma. O meu paladar mudou nestes mais de 2 meses a dieta. O que para a maioria é pouco doce, para mim é agora uma explosão de açúcar na minha boca. Claro que me apetece comer uma fatia de bolo-rei, claro que me apetece voltar a comer uma fatia de bolo de maçã com mirtilos, mas tenho sérias dúvidas que consiga voltar a comer cereais cheios de açúcar de manhã. Eu, que inicialmente, não era grande fã do tomate ao pequeno-almoço, passei a gostar quando decidi que em vez de cru o podia "torrar" um pouco e lhe podia juntar meia dúzia de cogumelos e/ou um ovo. Há dois meses achava que as maçãs eram um fruto do demo, sem piada nenhuma, e agora estou viciada nas ditas cujas (não em todas, maçãs farinhentas é coisa de que nunca gostei e desconfio que nunca gostarei). Houve mesmo coisas que vieram para ficar. Pelo que tenho lido em fóruns de grávidas com diabetes, é comum os hábitos alimentares mudarem depois desta experiência inicialmente pouco amigável.
Ontem pesava mais 4 quilos do que antes de engravidar e nunca os resultados das minhas análises estiveram tão bons quanto nas últimas semanas. Sou obrigada a dar o braço a torcer e assumir que a dieta só me fez bem.
contagem decrescente
Preferia um parto não agendado por duas razões: não stressar com a aproximação da data e poder ficar em casa o máximo tempo possível antes de ir para o hospital. Parece que não vai ser assim. Já tinha lido sobre isso e a obstetra acabou por o confirmar: não é habitual deixar que as grávidas com diabetes gestacionais cheguem ao final do tempo, ainda que os diabetes estejam controlados. Temos o parto agendado. O M. tem uma semana para se juntar a nós por livre e espontânea vontade ou receberá ordem de despejo, que me parece o mais certo.
É estranha esta sensação de saber antecipadamente o dia em que vamos ter o nosso filho connosco, ao nível de saber o sexo por mail, como também me aconteceu. Um estranho sentimento de que os minutos correm mais rápido que o habitual e não há como alterar esta situação.
A obstetra aconselhou-me a relaxar e a aproveitar a última semana de sossego, mas acho que saber que falta uma semana me impede de relaxar. Há que fazer isto e aquilo agora, porque depois não vou conseguir e há que ir aqui e ali em tom de despedida e de aproveitar a liberdade que depois não terei. Estou mesmo em contagem decrescente.
Saber que a vida como a conhecemos até agora termina no dia X tem tanto de aterrador como de fabuloso.
14.12.14
os sentimentos do momento
Sim, claro que tenho algum receio. Mas dentro de mim mora muito mais felicidade do que medo, sem qualquer comparação. Não há volta a dar-lhe, terei que passar pelo parto, portanto agora que o bebé já não será prematuro quanto mais depressa melhor. Nascerá ainda em 2014, como eu tanto gostava, e antes do Natal, como também queríamos. A não ser que haja algum imprevisto passaremos o Natal a três em nossa casa. Não há receio que se consiga sobrepor a este quadro que a dada altura julgámos não ser possível. Vamos deixar de sentir o M. pelos contornos da minha barriga e poder tocar-lhe sem obstáculos pelo meio. Faltam dias, ainda não sabemos quantos, mas muito poucos. E os dias que têm andado cinzentos ganharam outra cor aos nossos olhos.
actualização:
Bebé M. nascerá antes do Natal! Yeah! E desconfio que nunca mais teremos um presente de Natal assim.
13.12.14
12.12.14
opções
A maioria continua a achar estranho que o bebé nasça em Itália, e eu continuo sem perceber a admiração. É uma decisão puramente prática e racional. Caso o bebé nascesse em Portugal eu teria que voar pelo menos um mês antes do parto para lá. O pai trabalha em Itália, o que significaria que ficaríamos um em cada lado. Depois, nada nos garante que o rebento nasça no dia X. Logo o pai corria o risco de não estar quando o miúdo decidisse nascer. Após o parto eu e o bebé não poderíamos regressar a Itália num abrir e fechar de olhos, o que significaria que mais uma vez o pai voltaria sozinho para Itália e nós ficaríamos em Portugal. Perante isto, não percebo o espanto. Faria algum sentido o bebé nascer em Portugal?
Depois desta questão esclarecida vem outra mas os vossos pais não vão para Itália quando o bebé nascer? Não, foram avisados que nós queríamos estar sozinhos. Então e quando é que conhecem o neto? Quando formos a Portugal pela primeira vez! Eu sei, sou uma ave rara, mas sou uma ave rara que gosta de pensar de forma prática no que é melhor para si e para quem me rodeia. E este é um momento em que devemos ser egoístas. Virmos três para casa já é novidade suficiente para nós. Há toda uma realidade nova a descobrir, há que saber como a gerir e como nos adaptarmos a ela. Parece-me que isso já é novidade mais que suficiente para os primeiros tempos. Se juntássemos a isso termos mais 2 ou 3 pessoas em casa, que não costumam estar por cá, para mim seria o caos, ainda que estivesse a falar dos meus pais. Sim, daria um jeitão ter alguém que pudesse vir cá a casa dar uma ajuda pontualmente. Mas estamos a viver noutro país, logo quem viesse não vinha por umas horas, vinha e ficava uns dias ou umas semanas. Acredito que algumas pessoas se dessem bem assim, mas eu conheço-me o suficiente para saber que para mim não é uma boa solução. Claro que os avós gostariam de conhecer o neto assim que ele nascesse, eu também gostaria que assim fosse. Mas, neste momento, esta não é a melhor opção, nada a fazer. Conhecem-no quando já tiver um mesito, não vejo que venha daí mal ao mundo.
vantagem de estar longe
Estar longe coloca-nos desafios, mas também tem as suas vantagens. Neste caso não teremos que aturar visitas, um sossego. Em situações semelhantes, mas em que estive do outro lado, perguntei sempre se a mãe recente gostava que a fosse visitar. Caso me dissesse que sim perguntava quando e onde. Não tenho paciência para visitas-surpresa nestas situações. A mãe está frágil a todos os níveis, o bebé quer é paz e sossego e ter visitas inesperadas quer no hospital quer em casa é coisa que sempre achei que caía muito mal. Há quem não veja as coisas da mesma forma, e é desta gente que fujo que me pelo.
Estando longe tenho esta questão resolvida. Não terei que mostrar o mau feitio (que não o é na realidade, mas que seria entendido por alguns como tal) a dizer que não quero visitas nos primeiros dias e a pedir respeito pela nossa privacidade e pelo nosso sossego. Seremos apenas três para o bem e para o mal.
o Natal este ano
Daqui a duas semanas o Natal já se foi e eu, que tanto gosto do Natal, este ano estou com o pensamento longe. Fiz a árvore, tenho luzes na janela, mas não passa muito disso. O que é mais um Natal quando este ano teremos a nossa própria criança a nascer mais dia menos dia?
11.12.14
37 semanas
Cá estamos, uma semana depois de ter feito as malas, a pensar então e agora? espera-se? Eu bem sabia que adiar as malas fazia sentido para mim. Continuo bem, sem desconfortos (a não ser o raio da comichão que ainda se mantém, mas com a qual vou lidando bem), mas esta espera é um bocadinho irritante. Tenho escrito e trabalhado para não pensar nisto.
Às 37 semanas tenho mais 4 quilos do que tinha antes de engravidar. A perder peso a este ritmo, e se o puto não se despacha, ainda chego ao peso inicial antes de ele nascer. Já estive mais preocupada com a questão da diminuição do peso, mas de qualquer forma estou mortinha para que a consulta da próxima semana chegue para confirmar que tudo continua muito bem com o M. Ter ido às urgências esta semana e termos visto que tudo estava normal já me sossegou, mas preciso de uma ecografia com todas as medidas e mais algumas para achar mais uma vez que a perda de peso é uma coisa boa. Os valores da glicémia têm sido perfeitos, eu e os diabetes temos finalmente uma relação pacífica.
O M. continua a mexer muito, mas o apartamento começa a ser muito pequeno. De vez em quando estica-se e os pés dele vão quase até às minhas costas, fico com uma espécie de bossa lateral. Continua a ter soluços pelos menos duas vezes por dia e de vez em quando lembra-se que brincar com a minha bexiga é uma experiência divertida.
37 semanas, yeah!
diferenças entre a mãe da mãe e a mãe do pai
A avó materna quer que o miúdo nasça o quanto antes. Já não será prematuro, de modo que a partir de agora quando mais depressa melhor. Lembra-se bem do que sofreu no único parto que viveu e deseja com todas as forças que a filha não tenha que passar pelo mesmo.
A avó paterna quer que o miúdo nasça com peso de leitão, quanto mais tarde melhor. Pensa unicamente no neto e, portanto, quanto mais a criança pesar, mais saudável será, segundo o seu ponto de vista.
A avó paterna quer que o miúdo nasça com peso de leitão, quanto mais tarde melhor. Pensa unicamente no neto e, portanto, quanto mais a criança pesar, mais saudável será, segundo o seu ponto de vista.
bicho do mato
A minha mãe chama-me bicho do mato desde que me lembro. Sempre fui e continuo a ser uma criatura muito pouco sociável. Prova disso é que ando a rezar a todos os santinhos para que esteja pouca gente no hospital quando o bebé decidir que é hora de nascer, para poder ficar sozinha num quarto. Se já normalmente não tenho grande paciência para fazer conversa de circunstância, muito menos terei nesta situação tão particular, e em italiano. Vá, criança, decide-te a nascer mesmo coladinho ao Natal que desconfio que nesses dias só estará lá internado quem não tem mesmo outra opção. Assim como assim vamos mesmo passar o Natal longe de toda a gente, de modo que pode ser mesmo no hospital já a três, ou em vias disso.
10.12.14
9.12.14
saudades de um corpo sem barriga
Sei que vou ter saudades dos movimentos suaves e dos movimentos abruptos dele dentro de mim, mas tenho que admitir que estes meses todos depois tenho saudades do meu corpo sem barriga e tenho saudades de nós. O nosso nós já mudou, vai continuar a mudar e ambos sabemos disso, mas vai fazer-nos muito bem podermos ser só os dois, ainda que por breves momentos e por entre choros e fraldas. Quanto ao meu corpo, não sei quanto tempo demorará a voltar ao ponto de partida, ou se algum dia voltará ao ponto de partida. Acredito que se reúnem as condições ideais para isso, mas tudo pode acontecer. Para já não há estrias à vista e acredito que os 5 quilos que tenho a mais (sim, continuo a emagrecer e o pequeno M. continua a engordar) sumirão com alguma rapidez, mas a firmeza da barriga e do peito é outra conversa. Seja lá como for, começo a ter saudades de não ter uma barriga de Pai Natal.
respirar fundo
Andava tudo muito normal e sereno quando há dois dias comecei a sentir comichão nos braços e nas pernas. Não valorizei, até que hoje de manhã acordei com umas borbulhitas nas pernas e a comichão estava ligeiramente mais acesa. Pesquisa na net e tanto encontrei informação a dizer que é normal ter comichão provocada pelo efeito da pele a esticar (nos braços e nas pernas?!) e do maior fluxo sanguíneo, como encontrei referência a um problema hepático que pode ser muito pouco simpático para o bebé. A colestase (o tal problema hepático) pode ter como sintomas comichão a sério, especialmente nas mãos e nos pés, o que não é o meu caso, mas resolvi não arriscar e enviei SMS à médica a contar o que se passava. Sugeriu que fosse ao hospital e lá fomos nós a achar que era coisa para ser observada em 5 ou 10 minutos e ficaria despachada.
Fiz o primeiro CTG da minha vida: batimentos cardíacos normais e nada de contracções. Fizeram-me análises ao sangue (nunca tive problemas para me tirarem sangue em Portugal; em Itália não se entendem com as minhas veias, tentam num braço, tentam no outro, lá acabam por conseguir tirar-me sangue depois de me deixarem os braços como se tivesse sido mordida por um vampiro) e à urina. Umas boas horas depois conclui-se que aparentemente não há motivo para a comichão que sinto nos membros, e a hipótese de ser colestase foi excluída. Por momentos cheguei a pensar querem lá ver que agora que estou de bem com a vida e com a gravidez vem aí alguma surpresa menos feliz? Parece que não, para nosso descanso e bem-estar da mini-pessoa que um destes dias terá de abandonar o seu alojamento temporário.
6.12.14
timing
Li isto
Quando aprendi a estar grávida, a Clara nasceu.
Quando aprendi a estar grávida, a Clara nasceu.
e foi impossível não me identificar. Só passei a gostar de estar grávida já estava no terceiro trimestre, mesmo na recta final. Será que vou chegar com atraso às fases que se seguem?
2ª parte da tarefa concluída
Já há malas para a maternidade para os dois. Para além disso, há meia dúzia de coisas, deixadas bem à vista, para que o marido/pai as possa levar, caso sejam necessárias. Pronto, a ideia está a criar raízes: estamos mesmo na recta final e daqui a um mês é quase certo que seremos três cá em casa. É normal que os miúdos nasçam 15 dias antes ou 15 dias depois da data prevista do parto, mas Criança, tu livra-te de nascer depois de 1 de Janeiro! Não quero ter uma gravidez de 42 semanas, nem quero dar à luz um leitãozinho! Até há pouco tempo não me imaginava a dizer isto, mas queria que o bebé nascesse de parto normal, e se ultrapassarmos as 40 semanas tenho sérias dúvidas que isso possa acontecer.
Desconfio que se apanhar um dia de sol e luz farta ainda torna tudo a sair da mala do bebé para ser fotografado. São mariquices de futura mãe, mas gostava de fotografar o que levo dentro da mala dele, especialmente as primeiras fatiotas que vai vestir (se nascer depois das 40 semanas desconfio que vou ter que mudar de planos, porque nada daquilo lhe servirá, Tu não me arranjes trabalhos ainda antes de nasceres, miúdo!). Eu bem vos disse que o espírito da maternidade se começava a apoderar de mim, eu a fotografar as futuras roupas do rebento, quem diria, hã? Bom, mas para isso preciso de luz natural com fartura, coisa que pelos meus lados não tem havido. Os dias têm-se seguido numa monotonia de cinzento e chuva, que não se compadece com a minha vontade de tirar fotos dentro de casa. Parece que na próxima semana as temperaturas negativas chegam em força, e com elas o sol. Há esperança!
viajar com bebés
Se não houver nenhuma surpresa menos boa, a primeira viagem com o bebé será no final de Janeiro ou início de Fevereiro. Mas esta praticamente não conta, porque será de nossa casa em Itália para nossa casa em Portugal. À partida, a nossa primeira viagem a sério a três será em Maio, quando formos de férias para fora dos "nossos países" e das nossas casas.
5.12.14
das consequências da distância (ou de outras coisas)
Quando saí do país imaginei que iria perder algumas pessoas pelo caminho. Parece-me natural. Laços que não são propriamente fortes não resistem à distância e o afastamento geográfico estende-se a outros níveis.
Fui surpreendida. A maior parte das pessoas que não me era próxima foi-se perdendo pelo caminho, mas para além disso, uma das pessoas que me era mais chegada praticamente sumiu de circulação. Não sei se foi efeito da distância, se foi efeito de todas as voltas e reviravoltas que a minha deu neste ano e meio, se foi efeito das mudanças na vida dela, ou se foi uma mistura de todos os factores, mas a verdade é que fui negativamente apanhada de surpresa.
Em ano e meio descobri que estava grávida mal tinha acabado de chegar a um país novo, quando ainda não conhecia praticamente ninguém, abortei, engravidei, abortei de novo, voltei a engravidar, casei-me. Aconteceu tanta coisa que eu gostaria de ter partilhado de forma próxima, mas ela não estava nem disponível nem interessada. Fui a Portugal vezes sem conta, combinei lanches e jantares, estive com outras pessoas que antes de partir me diziam menos, e ela nem noção tem das vezes em que não esteve presente, porque simplesmente não estava para aí virada.
Acredito que esta fase que vivo agora pouco ou nada lhe diga. Neste momento o meu cerne não é o trabalho, é um pequeno ser que ainda não viu a luz do dia. Do que conheço dela (ou do que acho conhecer) este é assunto para um ou dois minutos de conversa e depois é altura de mudar para outros temas, comummente relacionados com trabalho e afins. Sempre fomos muito diferentes, mas agora desconfio que estamos muito mais. Talvez este afastamento não seja tão inesperado assim. Desconfio que vai ver o bebé M. pela primeira vez quando o puto já andar na escola.
4.12.14
36 semanas!
Não consigo deixar de me espantar com os números que a cada semana vão aparecendo nos títulos destes posts: 36? Isto é mesmo a sério? Apesar das duas gravidezes com fim nada feliz, acreditava que era possível e por isso continuei a tentar, mas não deixo de me surpreender por ter chegado até aqui.
O primeiro trimestre custou. Foi lento, cada dia parecia demorar muito mais que 24 horas e, umas vezes conscientemente, outras de forma inconsciente, o medo de que a história se poderia repetir estava presente. O segundo trimestre trouxe as hemorragias sem motivo aparente e obrigou-me a ficar várias semanas em casa. Não foram momentos fáceis. Apesar de nessa altura termos ultrapassado já a barreira onde ficámos presos nas duas vezes anteriores, o receio de que outro obstáculo nos impedisse de prosseguir esteve bem presente. O terceiro trimestre trouxe-me os diabetes, mas tirando isso estou bem. Se tivesse aterrado de pára-quedas no terceiro trimestre da gravidez acharia que a gravidez é o paraíso. Às 36 semanas tenho mais seis quilos do que tinha inicialmente, continuo a mexer-me com facilidade, durmo bem e sem necessidade de almofadas em meu redor para me deixarem confortável. Que me lembre ainda não deixei de fazer nada do que habitualmente faria se não estivesse grávida (a não ser agora não poder viajar de avião). Sinto-me feliz e isso transparece: o cabelo está óptimo e a pele excelente. O bebé mexe-se muito, e nota-se que nesta fase o espaço disponível para as movimentações é já muito reduzido. De vez em quando faz muita pressão sobre determinadas partes da barriga, como se a qualquer momento fosse aparecer ali um pé ou mão!
Amanhã entro na 37ª semana e ainda me custa acreditar que até ao final do ano ou mesmo no início do próximo o M. se vai juntar a nós. Muitas grávidas que conheço sentiram os seus bebés a "encaixar" algum tempo antes do nascimento, outras foram sentindo contracções algumas semanas antes da hora H. Para já não me apercebi de absolutamente nada fora do comum, de modo que começo a achar que o rebento se sente bem na sua casa e é bem capaz de não nos fazer a vontade de nascer antes do Natal.
o que levar para a maternidade
Ontem lá me enchi de coragem e fui à obstetrícia do hospital cá do sítio pedir a lista do que levar quando o rebento decidir ver a luz do dia. Tendo em conta outras listas que encontrei de outros hospitais italianos podia ser muito pior.
Pedem o mínimo para o bebé: toalhitas, luva de algodão para lhe dar banho, sabonete líquido, toalha, manta e cinco mudas de roupa. Cada muda de roupa inclui t-shirt ou body de manga curta ou comprida (é à escolha do freguês) e babygrow com pés. Só isto, mais nada. Nem calças interiores (que eu insisto em chamar de ceroulas, pobre criança!) nem gorro, nem meias, nem nada. Tenho para mim que os italianos são mais descontraídos que os portugueses em relação à forma de vestir os bebés. Em Portugal parece que toda a gente tem medo que os miúdos gelem, por aqui não me parece que isso aconteça, muito pelo contrário. É certo que a zona em que vivo é muito fria no Inverno, o que obriga a que as casas tenham sistemas de aquecimento decentes, o que também ajuda a que os putos não tenham que estar envolvidos em mil e uma camadas de roupa. Mas não me parece só isso. Vejo bebés muito pequeninos na rua, bem agasalhados, claro!, mas a circularem na rua.
E o que levar para a maternidade para mim? O comum e... uma chávena, um copo, açúcar e água! Ria-me eu por alguns hospitais pedirem para as grávidas levarem talheres! Pois que eu tenho que levar uma chávena e um copo! O açúcar desconfio que a diabética não vai levar. E... água? No fundo da folha referem que dão meio litro de água por dia, a restante cada um tem que levar. A sério, em que país do mundo é que um hospital não fornece água? É certo que o meu conhecimento sobre hospitais é basicamente nulo, mas... água??
3.12.14
ver vídeos de partos
Até aqui não tinha intencionalmente visto vídeos de partos. Acho que há que esperar o momento certo para tudo e o momento ainda não tinha chegado. Ontem, com o tempo a avançar desenfreadamente, achei que era importante ver a realidade. Ver mesmo, não ler algo que alguém serenamente sentado a uma secretária escreveu, mas ver um parto real de alguém real.
Foi um acaso, mas acho que tive sorte no vídeo que escolhi. Não vi um filme de terror que me deixasse com pesadelos e me tirasse a vontade de dormir (e de ter este filho), mas vi um vídeo de um parto de uma mulher serena. Não gritou, não berrou, raramente se queixou. Ouviu o que quem a acompanhava lhe dizia, tentou corresponder e deu à luz uma criança que me pareceu gigante (não era pequena nem grande, mas garanto-vos que me pareceu enorme). Se calhar não corresponde à situação mais comum, mas uma vez que por mero acaso fui parar a este vídeo, não quero ver mais nenhum! Quero acreditar que um parto pode ser assim e ponto final. É este tipo de parto que quero ter presente nesta fase, acho que imaginar cenários de terror não é coisa que me ajude neste momento.
finalmente serenei relativamente aos diabetes
Não é fácil, especialmente para quem como eu gosta de controlar tudo, aceitar que o corpo tem vontade própria e que por muito que eu queira ou faça, há aspectos que não dependem das minhas acções ou do meu querer. Acho que o que mais me custou relativamente aos diabetes foi aceitar que era algo que eu não conseguia controlar sozinha.
De uma forma geral conseguia ter valores aceitáveis ao longo do dia, mas não em jejum e esse foi um problema que não consegui resolver. Li páginas e páginas sobre diabetes gestacionais, encontrei dicas em fóruns, pus essas sugestões em prática, mas nada funcionou comigo. O valor da glicose em jejum era sempre superior ao permitido, fizesse o que fizesse.
Desejei que o médico me mandasse tomar insulina para resolver este problema, o que, felizmente, acabou por acontecer. Tomo uma dose mínima diariamente, à noite, apenas para evitar que o valor da glicémia em jejum seja exagerado. Relativamente ao resto do dia continuo com a dieta e isso é suficiente para ter valores dentro dos padrões desejáveis.
Fujo completamente à dieta que me foi prescrita, porque essa comigo não funcionava, mas consegui encontrar alternativas que me deixam saciada e feliz. Fui experimentando alimentos, e combinações de alimentos, e consegui encontrar um leque de opções para ir variando, conseguindo manter os valores de glicose no sangue dentro do desejável. Não digo que depois do parto continuarei a fazer o que faço agora, mas tenho a certeza que alguns hábitos recentes são para manter. Como já tinha dito antes, o lado bom dos diabetes foi obrigarem-me a alterar a alimentação (que já não era desequilibrada), o que consequentemente me ajudou a controlar o aumento de peso. Continuo com apenas seis quilos a mais do que tinha quando engravidei e peso menos do que pesava há dois meses. O bebé tem peso e medidas normais. Portanto, estamos os dois muito bem.
Um aspecto curioso é que notei que se tornou muito mais fácil controlar os valores da glicémia assim que aceitei que estava a fazer o melhor que podia, independentemente do valor que me aparecesse no aparelho após a picadela no dedo. Estava a fazer o que me era possível, mais do que isso não podia fazer. Tinha lido que o stress não ajuda nada nestes casos e acabei por o confirmar: assim que serenei os valores melhoraram. Claro que o meu sossego também surgiu depois de confirmar que estava tudo bem com o bebé e que a alimentação que praticava não só não o prejudicava, como contribuía para que tudo estivesse bem com ele.
ainda sobre as malas
Pronto, rendi-me ao estado de gravidez quase estado maternal. Achava eu que ia pôr as primeiras roupas do rebento nuns saquitos que vieram com umas fraldas que comprei há uns tempos (dizia eu na altura que serviam muito bem, para quê estar a investir noutro tipo de sacos que depois não servem para nada), quando me cruzei com umas bolsinhas feitas à mão que são uma verdadeira delícia. Não resisti. Devem estar quase a bater-me à porta, se não tornar a ter outro contratempo com o raio dos correios italianos.
Ora, significa isto que ainda não é hoje que fico com as malas para a maternidade prontas. Eu sei que ando a abusar da sorte e que ainda me corre mal. Fica aqui prometido que até final da semana as malas ficarão recheadas, fechadas e prontinhas a sair porta fora a qualquer momento. É que apesar da aparente descontracção, eu não quero que seja Ele a ter que pegar em meia dúzia de coisas e levá-las de qualquer maneira para o hospital. Ele não faz a menor ideia do que é necessário e, apesar de viver na mesma casa que eu e ao mesmo tempo que eu, desconfio que não faz a menor ideia do sítio onde está seja o que for. Homens!
2.12.14
a saga da mala às bolinhas
Tenho andado a adiar fazer as malas para a maternidade porque me parece que é o assumir definitivamente que a nossa vida como a concebemos até agora tem mesmo os dias contados. Repito-me e reafirmo que queremos muito passar a ser três, mas o medo do "desconhecido" é tramado. De modo que ao longo das últimas semanas fui arranjando subterfúgios para ir escapando à tarefa de fazer a minha mala e a do bebé M.: ora faltava isto, ora faltava aquilo e depois resolvi que merecia um presente e encomendei uma mala de cabine nova para mim (que estava realmente a precisar) e decidi que não fazia a mala enquanto a mala das bolinhas não chegasse. E, já agora, encomendei um saco mais pequeno, com o mesmo padrão da mala para levar as coisas do rebento.
Por estes dias comecei a ver o caso feio. Itália e os correios/empresas de transporte não se dão bem, não há volta a dar. Num dia não me entregaram a encomenda porque eu não estava em casa. No dia seguinte não ma tornaram a entregar porque, segundo vi no site da transportadora, a morada não estava completa e precisavam de informação adicional. Começo a ficar pouco tolerante para as parvoíces italianas. Ora, num dia não entregam porque não estou em casa (logo, parece-me que encontraram a casa e fizeram uma tentativa de entrega) e no dia seguinte não entregam porque a morada está incompleta? Bom, virei-me do avesso. Escrevi mails pouco afáveis e um pouco irados e lá me prometeram que passado dois dias a encomenda chegava a minha casa.
O dia E (de entrega) era hoje. Já era de noite e nada. Até que me o motorista da carrinha de distribuição me telefona e diz calmamente que está na localidade aqui ao lado. Mas eu não moro aí, a casa fica em blá blá. Pois eu sei, mas não encontro a casa. A criatura não se deu ao trabalho de a procurar, só pode! Rosa inspira profundamente, Rosa expira profundamente e lá lhe propõe um local que toda a gente conhece para ele entregar o raio da encomenda ao marido da Rosa. Rosa telefona ao marido e pede-lhe que vá buscar as caixas. 30 segundos depois tem o cromo do motorista a dizer que já está no sítio combinado, mas que o marido não está. Pois não está, criatura, eu tive que lhe pedir para ir aí de propósito, mover-se de um local para o outro não se faz num abrir e fechar de olhos e, já agora, eu estou há não sei quantos dias à espera do raio da encomenda, sua excelência pode esperar dois minutos?
Resumindo e concluindo: já tenho malas bonitinhas para levar para a maternidade. Estão-se-me a acabar as desculpas para não preparar as malas para a maternidade e, na verdade, é capaz de estar mais do que na hora.
o círculo a apertar
É uma espécie de chamada à realidade:
- uma amiga grávida de mais uma semana que eu está neste momento em trabalho de parto;
- uma colega do grupo de grávidas, apenas com 33 semanas, está hospitalizada e a tomar medicação para a maturação dos pulmões do bebé que está decidido a ver a luz do dia muito em breve.
Bebé M., espera lá mais meia dúzia de dias e depois estás à tua vontade para te juntares a nós neste Natal. Nós já andamos os dois com aquele ar aparvalhado embevecido dos pais recentes, vai ser lindo depois do bebé nascer!
1.12.14
primeiro mês de licença de maternidade
Estou há um mês em casa, que é como quem diz que o primeiro mês da licença de maternidade já se foi. Pus ordem na casa, lavei e passei a roupa toda do miúdo, fiz uma série de encomendas, organizei o quarto do M. (dentro do possível para um quarto que sabemos temporário), furei paredes e decorei-as com acessórios de gosto duvidoso e comecei a separar o que muito em breve vai para a mala da maternidade.
Depois disto tudo não resisti a aproveitar os últimos momentos por minha conta e tirei partido de oportunidades para publicar. Hoje espero terminar mais um capítulo. Bem sei que podia aproveitar para relaxar mais e gozar o sossego do qual terei saudades daqui a pouco tempo, mas não só me dá prazer escrever e publicar, como é algo que pesa no CV e na futura procura de emprego. Portanto, vou sugar estes últimos dias até ao tutano que não sei quando é que voltarei a poder escrever em paz e sossego.
30.11.14
as chamadas caixas prioritárias para grávidas
Itália não é um país que respeite os cidadãos. Estou cá há um ano e meio, não é muito, mas é o suficiente para poder fazer esta afirmação sem ter medo de estar a fazer um juízo errado. Este é só um exemplo, já vivenciámos muitos outros.
Neste momento estou visivelmente muito grávida. Não há como não reparar na minha barriga roliça. Ontem, no hipermercado, fomos para a caixa prioritária para grávidas. É certo que esta caixa tinha uma fila ligeiramente mais pequena que as outras, mas não havia uma única grávida, para além de mim: vários velhotes e um casal de miúdos novos. Todos olharam para a minha barriga, que nós bem notámos, ninguém nos deixou passar à frente. Aguardámos a nossa vez como todos os outros. Mas para que é que esta gente tem caixas prioritárias seja para o que for? Ninguém liga absolutamente nada a isso. Há uma caixa prioritária chamada "over 70", mas os velhotes estavam todos na caixa das grávidas. Nunca estive grávida em Portugal, mas lembro-me de ver nos hipermercados pessoas que estão nas filas das caixas para grávidas a dar prioridade às grávidas. Nada contra ir para uma caixa prioritária quando não há lá ninguém com as características a quem estas se destinam (já o fiz também), mas se chega uma grávida, um deficiente ou uma pessoa idosa (conforme os casos) deixa-se passar à frente, não? Será assim tão complicado compreender o conceito? Itália às vezes cansa-me.
o que é que nos faz querer ter filhos?
Tenho pensado nos motivos que nos fazem querer ter filhos. Eu não queria, ou nem pensava nisso porque sabia que não podia. A partir do momento em que percebi que era possível, a vontade de ter filhos cresceu em mim e eu corri atrás dela, sem nunca a perder de vista. Porquê? No meu caso não é a concretização de um sonho de sempre. Não é uma forma de tentar ser feliz, porque feliz já eu era antes. Aliás, as tentativas para engravidar trouxeram-me momentos de muito pouca felicidade, que culminaram com momentos de felicidade maior, isso é certo, mas quando iniciei este caminho não sabia ao que ia. Também é verdade que ao longo destes meses daquilo que eu chamo de gravidez intermitente (grávida - não-grávida - grávida...), e especialmente nestes últimos meses, tenho vivido os momentos de felicidade mais genuína que já vivi até hoje, mas isso eu também não sabia quando decidi que queria ter um filho.
Vou ter um filho porque estava com a pessoa certa no momento certo, mas muito provavelmente se não tivesse havido uma gravidez casual inicial não estaríamos agora grávidos. A gravidez resulta dos sentimentos que nos unem, mas não são esses sentimentos a causa da nossa decisão de ter um filho.
O motivo parece-me egoísta, o que não soa bem, mas soa-me a realidade. Quis ter um filho porque senti que tinha o poder de criar um outro ser humano, embora este não seja um pensamento consciente. Venham-me cá falar de influência, força, dinheiro, que a mim só me ocorre que o poder maior é poder criar um outro ser. Bolas, pá, isto é uma capacidade incrível e ao alcance de quase todos (e lamento mesmo muito não poder eliminar o quase nesta frase). Não foi consciente, nem sei se a razão de querer ter um filho é mesmo esta, mas a partir do momento em que percebi que podia dar origem a um outro ser humano não descansei (está no singular, porque sou eu que escrevo, mas tenho a certeza que poderia estar no plural).
É uma vontade puramente egoísta. Eu não sou imortal, um dia destes desapareço, mas deixarei por cá um ser que saiu de dentro de mim e que tem muito de mim. Um filho traz-me a sensação de não finitude. Mais do que todos os artigos e capítulos que possa escrever, mais do que qualquer foto tirada por mim que circule pelo mundo inteiro, mais do que qualquer outro legado que eu possa deixar para assinalar que estive aqui, eu posso deixar um ser humano, criado por nós. É quase impossível resistir a esta possibilidade imensa que quase todos guardamos em nós. Eu não resisti.
28.11.14
as maçãs e a abóbora
Por aqui já se sabe, nada de doces. Achava eu que me ia aborrecer de morte a comer maçãs (única fruta permitida à diabética de serviço), mas a verdade é que é das poucas coisas doces que como e a cada dia que passa me sabem melhor. Nunca tinha reparado que as maçãs eram tão doces, até não comer mais nada que me adoçasse o paladar. As minhas preferidas até são aquelas que têm um travo ácido, mas ainda assim sabem-me a doce e sabem-me bem. Maçãs, vocês que eram o meu fruto menos querido, acabaram de entrar no meu top de alimentos que me deixa feliz. Afinal foram a única fruta que não me abandonou nesta fase, prometo continuar a ser-vos fiel.
Outra forma de me enganar e fazer de conta que estou a comer uma sobremesa doce é deliciar-me com abóbora com canela aquecida no forno. Salivo só de pensar em abóbora quentinha com canela. E os níveis de glicose não se queixam. Com jeitinho lá vou encontrando alternativas para adicionar à minha dieta limitada.
27.11.14
sobre o parto
Durante muito tempo não pensei no parto, até porque era uma etapa muito distante para quem viu a gravidez interrompida duas vezes às sete semanas. Mas desta vez, e de há poucas semanas para cá, dei comigo a pensar nisso. Tenho lido algumas coisas, não tenho encontrado muitas novidades, mas é sempre bom ir tendo uns banhos de realidade. Até determinada altura não fazia ideia se seria parto normal se seria cesariana. Quando os diabetes foram diagnosticados pensei que ia ter um bebé grande e que o mais certo seria a gravidez terminar com uma cesariana. Com os diabetes controlados, o peso do bebé M. é perfeitamente normal e, a não ser que haja algum imprevisto, terei um parto normal.
Tenho amigas que torcem para terem uma cesariana, outras que se batem fortemente por um parto normal. Encontro prós e contras nos dois. Enquanto não soube como seria o desfecho da minha gravidez não sabia muito bem o que pensar, e acho que não queria pensar mesmo (eu preciso de certezas para me sentir bem). Agora sei o tipo de parto que me espera e embora seja algo que me assuste não estou muito preocupada. O meu pensamento sempre foi por muito difícil que seja, se as outras passam pelo mesmo e sobrevivem eu também vou sobreviver. Sei que vou estar exposta a uma dor como nunca estive antes, tanto pela intensidade como pela duração, mais do que isso não consigo dizer. Tenho amigas que nunca imaginaram descontrolar-se como se descontrolaram durante o parto, tenho amigas que trataram mal toda a gente, outras que rezaram o Pai Nosso (que nem sabiam que sabiam rezar), outras que disseram palavrões em línguas estrangeiras, conhecidas que morderam os maridos e tenho outras amigas que guardam boas recordações do parto, que lhes trouxe apenas dores moderadas e com as quais lidaram bem. Não sou piegas, mas nunca passei por momentos de dor intensa, de modo que não consigo antecipar as minhas reacções. Sei apenas que, caso seja possível, quero ficar em casa o maior tempo possível e só depois ir para o hospital, e também sei que se não houver nada contra quero epidural (que eu não acredito que o sofrimento me leve ao céu, nem acredito que haja céu).
35 semanas!
Como é que já estamos nas 35 semanas?
O M. tem intercalado fases de movimento intenso com fases de sorna absoluta. Agora soluça invariavelmente duas vezes por dia e, olhando para a minha barriga, diria que continua a crescer. A médica diz que tenho uma barriga pequena, mas eu continuo a achar que tenho uma pança considerável. Continuo bem, muito melhor do que nos 1º e 2º trimestres, embora no início desta semana tenha tido umas cólicas muito ténues, mas que me assustaram um pouco. Como tenho estado a 100% aquela ligeira impressão deixou-me algo preocupada, mas foi coisa para vir e sumir no dia seguinte. Daqui a uma semana o puto já pode nascer, que já não é considerado prematuro, mas para já que se deixe ficar no ninho mais uma semana, idealmente duas. Há encomendas que ainda não chegaram a dava-me jeito que cá estivessem antes que o rebento se juntasse a nós! O quarto já está organizado, faltam meia dúzia de pormenores pouco relevantes que hão de vir nas tais encomendas.
As malas ainda não estão feitas, resultado de pura procrastinação. É como se admitisse que a partir do momento em que tenho as malas prontinhas isto vai mesmo acontecer e vamos passar a ser três. Claro que quero que sejamos três, mas ainda assim não deixa de assustar esta mudança radical. De modo que ando para aqui a arrastar o fazer as malas. Já há coisas separadas, não vá ele decidir nascer mais cedo, mas ainda não há nada dentro das malas, até porque... eu achei que merecia uma prenda e estava mesmo a precisar de uma mala de cabine nova e aproveitei a ocasião. Pode ser que ainda chegue amanhã. Esta semana, depois de arrumar todas as mini-roupas, também me pareceu que o M. não tinha assim tanta roupa de recém-nascido como eu achava (roupa para três meses tem para dar e vender) e acabei por encomendar mais uns fatitos, que chegaram hoje. E, claro, alguns irão para a maternidade, de modo que ainda não podia ter as malas prontas (desculpas, desculpas!).
Na próxima semana terei a lista do que levar para o hospital, mas de uma pesquisa que fiz online de listas de vários hospitais italianos (claro, aquele para onde vou não consta), encontrei uma diversidade considerável. Uns especificam até à exaustão, outros não exigem grande coisa, outros limitam-se mesmo ao bom senso, e outros chegam a pedir copo e talheres (?!). Por favor, que no hospital para onde vou haja bom senso (talheres??).
5 semanas! Final countdown!
26.11.14
banheira ou floreira!
Já tinha uma banheira normal com um adaptador para recém-nascido, mas depois de muito ler e ouvir lá me decidi a comprar a shantala. Umas amigas deram-se bem e os miúdos adoraram, outras experimentaram uma vez singular e nunca mais lhe tocaram. Nunca tinha visto nenhuma ao vivo e fiquei surpreendida com o tamanho (aquilo é grande!). Se não lhe der uso, e tendo em conta as dimensões da dita cuja, vai servir de floreira!
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