Tenho pena de não estar a escrever praticamente nada sobre a estadia em Timor. Sei que há episódios e momentos que se vão perder, mas apetece-me bem mais vivê-los agora, do que perder tempo a descrevê-los.
A chegada cá não foi fácil. O impacto do primeiro contacto com Díli foi duro e abrupto. Mas a sensação de receio e incerteza desvaneceu-se no segundo dia, quando fui à praia e me senti no paraíso. Tenho-me sentido em casa, e agora que o tempo que falta passar cá já é menos do que aquele que já passou, começo a pensar que este intervalo de mês e meio na minha vida normal vai mesmo chegar ao fim. E, honestamente, não me apetecia nada que terminasse já. Sim, aqui falta muita coisa. Sim, eu que adoro cremes e vernizes e sapatos e malas e não vi nada disto desde que aqui cheguei. E não sinto falta nenhuma. Encontrar uma coisa tão simples como uma máscara para o cabelo pode ser uma verdadeira odisseia. Mas todos os dias tomo o pequeno-almoço com vista para o mar, e isso vale mais que mil pares de sapatos. Saio do centro de formação e almoço a um metro da praia, de hawaianas e mini-saia em pleno Inverno português. Ontem tomei café depois do jantar enquanto ouvia as ondas e me caíam em cima pingos quentes de chuva. Se eu não tinha uma ideia bem definida do que era o paraíso, agora já tenho. É a praia aqui ao lado, é o calor que chega a sufocar, é a humidade que se cola a nós, são as festas em casa de desconhecidos, é o darmos por nós sem mais nem menos no meio de uma festa num consulado, são os bares australianos, são as pessoas deslocadas como nós que se conhecem e nos surpreendem, são preconceitos que caem, são acontecimentos inesperados. Também é a serenidade, bondade e forma de ser genuína dos timorenses, os sorrisos deles e a simpatia.
E agora vou continuar a aproveitar cada minuto da estadia no paraíso. Até já.
E a descrição chegou para passar a ideia de Paraíso. Tenho muita curiosidade em conhecer Timor e com o que disseste, a vontade só aumentou!
ResponderEliminarAproveita!