21.1.11

o fim do silêncio

hk_52

(ilha de Lantau, Hong Kong)

Há palavras que vivem anos e anos nas entrelinhas. Sabemos que estão lá, mas ninguém se atreve a trazê-las para a luz da ribalta. Sobrevivem num tom de cinzento muito claro, quase transparente. Se não fixarmos muito os olhos conseguimos fazer de conta que não estão lá. Sabemos que estão, mas é mais fácil assim. E o mais fácil nem significa que seja mais feliz, mas muitas vezes preferimos não pensar e deixar o tempo correr e esquecer. Ou fazer de conta que esquecemos. Depois há um dia em que um pormenor sem importância faz alguém dizer o que já se sabia, mas que nunca tinha sido verbalizado, e tudo toma outra dimensão. Já não se pode (não há vontade de?) ignorar, já não se pode (não há vontade de?) desconversar.

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