9.11.12

ainda me lembro

Não te escrevi durante meses. Não porque não tivesse vontade, não porque não me apetecesse, não porque me faltasse inspiração ou não soubesse simplesmente o que te dizer. Ou talvez a razão seja exactamente a oposta: sabia tão bem o que te dizer. Não te escrevi porque tive de me defender. Obriguei-me a viver dentro de uma redoma que me afastasse de ti durante uns tempos, até que os ânimos serenassem e tudo fosse mais fácil, ou até que tudo fizesse parte do esquecimento e deixasse de ter vontade de te dizer fosse o que fosse, até que não me apetecesse contar-te dos céus estrelados e das paisagens planas a deixar de vista, até que não me apetecesse partilhar contigo o pôr-do-sol de todos os dias e o arco-íris que amanheceu comigo esta semana. Esse dia já devia ter chegado, mas não veio ainda. 

Há dias pus a redoma de lado por uns minutos e contei-te onde estava, o que estava a fazer, para onde ia e não precisei de te explicar porque te estava a escrever. Ambos conhecemos os porquês. Os mais próximos continuam a dizer que depois de ti houve atitudes que mudaram e que não voltei a ser a mesma. Eu sei que têm razão, mas limito-me a sorrir sem mais explicações. Não me apetece partilhar mais nada do que foram aqueles dias que contra duas vontades não vão ter repetição.

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