Comecei a tirar fotografias por acaso e descobri que era algo de que gostava. Não tenho quaisquer ambições. Ando de máquina(s) na mão e na carteira porque me dá gozo congelar momentos e pessoas. Também porque a memória tem quase sempre prazo e de vez em quando gosto de olhar para a sombra dos meus caminhos, e as imagens facilitam-me essas caminhadas na penumbra.
Descobri, mais tarde, que tirar fotografias é o melhor quebra-gelo de que tenho memória e que é também uma arma de defesa perfeita. É uma espécie de camuflado que me protege e isola de situações que não me agradam e nas quais não me quero envolver. Ou melhor, envolvo-me, mas de forma diferente, enquanto observadora, com uma máquina em frente aos olhos.
Perguntam-me frequentemente se não quero rentabilizar a paixão. Mas eu acho que as paixões não se vendem. Encontram-se e tratam-se bem. Já tive um hobbie que passou a algo mais. Não vou dizer que foi uma má experiência, porque na realidade não o foi, mas as paixões deixam de ser avassaladoras quando passam a ser obrigações. Não tiro fotografias todos os dias, não tiro fotografias a quem não gosto, nem a sítios que não me despertem sentimentos, seja lá de que tipo forem. Descobri recentemente que gosto de fotografar pessoas (acho que também descobri que afinal até gosto bastante de pessoas e que não sou tão associal como imaginava), mas gosto de fotografar as minhas pessoas, aquelas que me provocam sorrisos, gargalhadas e lágrimas à mistura.
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