Agora mesmo, na hora de adormecer o computador e continuar a escrita em casa, olhei para o calendário e cheirou-me ao ar quente e húmido de Timor, à chuva que se apanha com gosto nas noites que não refrescam, às caminhadas ao pôr-do-sol que se faz de tons diferentes todos os dias, aos farrapos que atravessam o céu naqueles breves minutos e que nos fazem acreditar que o mundo pode mudar de cor. Soube-me a sumo de abacate regado com chocolate e a arroz com gengibre, soube-me à manga mais doce que provei até hoje. Senti a temperatura da água azul e transparente que por cá não há e o sol que nos muda de cor em três tempos. E lembrei-me que há um ano não sentia borboletas no estômago porque toda eu era uma borboleta e ainda (quase) ninguém sabia. Há um ano trocávamos mensagens a uma velocidade que me parece impossível e contávamos os minutos para que a noite chegasse. Tanto que se passou entretanto e que me fez tão diferente do que era antes de partir.
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