Há viagens inconsequentes e viagens que desmancham o nosso puzzle e deixam as peças fora de sítio, enquanto outras simplesmente se perdem. Timor foi como um furacão que não deixou peça nenhuma sítio, me roubou algumas e em troca me deixou peças aparentemente sem encaixe. Depois veio a Bulgária, aparentemente mais suave, mas que deixou marcas profundas e me mostrou, mais uma vez, que embora muitas vezes me sinta a viver uma realidade paralela quanto estou longe do meu ninho, this is also real life, com todas as consequências que daí advêm. À primeira vista, a estadia na Suécia reunia todas as condições para que nada corresse bem. Pelo contrário, e de forma surpreendente, tudo foi perfeito. Sinto que as peças do meu puzzle estão fora de sítio mais uma vez, mas ainda não sei explicar porquê. Ainda estou a processar tudo o que (me) aconteceu, as pessoas, as caminhadas, as partilhas, a intimidade genuína que estranhamente só se consegue com quem quase não se conhece. O que deveria ter sido só mais um curso, foi muito mais que isso. Agora estou de volta às minhas pessoas, aquelas que estão cá sempre de pedra e cal, mas faltam-me algumas das que nos últimos dias estiveram presentes quase 24 sobre 24 horas. Não foi por acaso que as despedidas foram breves, sabíamos que não seria fácil virarmos costas depois de tudo. Ontem, exausta, adormeci no sofá. Acordei de madrugada, olhei em volta e o meu primeiro pensamento foi "Onde é que eles estão?". E depois de olhar e tornar a olhar reparei que o espaço e a mobília me eram familiares. "OK, estou em casa, mas onde é que eles estão?", e só aí se fez luz e me lembrei que agora não havia mais nós nem eles, e estava cada um por aí algures. Acordada e ainda um pouco desorientada abri o mail e o que li fez-me sorrir "I can't sleep, I miss you".
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